Astrônomos fazem descoberta com as primeiras observações do observatório Vera Rubin

Uma ponte de estrelas foi encontrada pelas primeiras observações do Vera Rubin que ainda nem está completamente ativo.

Galáxia Messier 61 foi observada pelo telescópio Vera Rubin e artigo descrevendo sobre nova descoberta nessa região foi publicado por astrônomos. Crédito: Hubble
Galáxia Messier 61 foi observada pelo telescópio Vera Rubin e artigo descrevendo sobre nova descoberta nessa região foi publicado por astrônomos. Crédito: Hubble

O Observatório Vera Rubin é um telescópio localizado no Chile que foi projetado para observar o céu continuamente. Ele tem um espelho de 8,4 metros de diâmetro e uma câmera gigante de 3,2 gigapixels. Com isso, ele possui o recorde de maior câmera já construída e é capaz de capturar imagens extremamente detalhadas do céu. Com isso, é possível observar áreas do céu repetidamente, melhorando as observações sobre objetos fracos e eventos rápidos.

Os principais objetivos do Observatório Vera Rubin incluem mapear a estrutura do universo, estudar a matéria escura e analisar objetos transientes, como supernovas e gamma ray bursts. O observatório permitirá acompanhar mudanças no céu de forma contínua, produzindo um banco de dados que servirá tanto para pesquisas cosmológicas quanto para a detecção de fenômenos astrofísicos raros. Com isso será possível ter um banco de dados para estudar a dinâmica do Universo e o papel da matéria escura e energia escura.

Mesmo antes de estar totalmente operacional, o observatório já contribuiu para descobertas científicas. Um artigo recente relatou a detecção de uma ponte massiva de estrelas, formada entre duas galáxias. Isso forneceu evidências inéditas sobre interações galácticas e distribuição de massa no universo. Esses primeiros resultados já estão mostrando o potencial do observatório mesmo antes de começar a operação de fato.

Observatório Vera Rubin

O Observatório Vera C. Rubin é um telescópio de levantamento astronômico, ou seja, de observação contínua e detalhada. Ele está localizado no Chile e foi projetado para realizar observações de ampla cobertura do céu. A configuração com espelho de 8,4 metros permite capturar imagens profundas de campo e de alta resolução. Esses dados possibilitam monitorar objetos transientes e variáveis.

Com o Vera Rubin será possível detectar fontes fracas, movimentos rápidos e mudanças no brilho de estrelas e galáxias.

Esse observatório será especializado em levantamento de tempo variável, isso significa que irá possibilitar o monitoramento contínuo de asteroides próximos à Terra também. Ele terá um banco de dados de imagens e medições fotométricas que será útil para estudos cosmológicos, mapeamento da matéria escura e análise da evolução de galáxias. Isso ajudará a estudar a dinâmica de objetos transientes e estruturas de larga escala no Universo.

Calibração dos instrumentos

Embora o Observatório Vera C. Rubin ainda não esteja totalmente operacional, esse ano ele iniciou as observações iniciais. Essas observações iniciais são chamadas de commissioning, com o objetivo de calibrar seus instrumentos e verificar o desempenho do telescópio. Essas observações preliminares permitem ajustar parâmetros ópticos, testar e avaliar a qualidade das imagens. Essa parte é importante para garantir que o sistema funcione dentro das especificações antes de entrar em operação total.

Durante essa fase de calibração, o observatório já conseguiu capturar imagens de regiões selecionadas do céu. Isso já forneceu dados úteis para otimizar algoritmos de redução de imagem e calibração fotométrica. Esse processo ajuda a garantir que os dados coletados são precisos e confiáveis para análise de eventos e publicação de artigos científicos.

Uma descoberta

Apesar de ainda estar na fase de calibração, o observatório já retornou alguns resultados interessantes. Recentemente, um grupo de astrônomos publicou resultados em um artigo onde fizeram uma descoberta usando dados preliminares do observatório. Eles anunciaram que detectaram um enorme fluxo estelar originado de uma das galáxias do aglomerado de Virgem, chamada de Messier 61.

Imagens obtidas pelo observatório Vera Rubin mostram região de estrelas em torno de galáxia que ajuda a entender a dinâmica desses objetos. Crédito: Romanowsky et al. 2025
Imagens obtidas pelo observatório Vera Rubin mostram região de estrelas em torno de galáxia que ajuda a entender a dinâmica desses objetos. Crédito: Romanowsky et al. 2025

O fluxo estelar tem uma extensão de 163 mil anos-luz que é muito maior que os fluxos conhecidos na Via Láctea. Esses fluxos podem ser restos de galáxias anãs ou aglomerados globulares destruídos pelas forças de maré da galáxia maior. Esses fluxos podem ser evidências da formação hierárquica de galáxias que diz que elas crescem ao se fundir com outras. No caso de M61, acredita-se que o fluxo possa estar ligado à mesma interação que provocou um surto de formação estelar em seu núcleo há cerca de 10 milhões de anos.

Formando uma galáxia

Com estudo do fluxo que o observatório Vera Rubin registrou, os astrônomos acreditam que a galáxia que deu origem ao fluxo estelar pode ser responsável pela estrutura e evolução da M61. Considerando uma massa estimada do halo baseada em sua massa estelar, esse fenômeno pode ter causado a formação da barra central, o surto de formação estelar e o núcleo galáctico ativo em M61.

O fluxo estelar também apresenta dimensões de aproximadamente 30.000 a 13.000 anos-luz. A comparação com o fluxo da galáxia anã Sagitário que é uma galáxia que orbita a Via Láctea ajuda a entender como esses fluxos podem gerar formação estelar. A Sagitário orbita a Via Láctea e já atravessou seu plano diversas vezes.

Referência da notícia

Romanowsky et al. 2025 A stellar stream around the spiral galaxy Messier 61 in Rubin First Look imaging arXiv