Terra tem nesta terça-feira, 22, o segundo dia mais curto da história; entenda

Planeta girará 1,34 milissegundo mais rápido que o normal; cientistas estudam causas internas e não descartam impacto nos relógios atômicos.

Vista do espaço, a Terra acelera discretamente: nesta terça-feira, 22 de julho, o planeta terá o segundo dia mais curto já registrado, girando 1,34 milissegundo mais rápido que o normal.
Vista do espaço, a Terra acelera discretamente: nesta terça-feira, 22 de julho, o planeta terá o segundo dia mais curto já registrado, girando 1,34 milissegundo mais rápido que o normal. Crédito: James Cawley

Nesta terça-feira, 22 de julho, a Terra completará sua rotação em 1,34 milissegundo a menos do que o habitual, tornando-se o segundo dia mais curto já registrado desde o início das medições com relógios atômicos. O fenômeno, embora imperceptível para a população, tem despertado preocupação entre especialistas que monitoram a rotação do planeta.

A medição padrão de um dia corresponde a 24 horas ou 86.400 segundos. No entanto, nesta terça, a rotação da Terra será levemente mais rápida, encurtando o dia em pouco mais de um milissegundo. O recorde anterior foi registrado em 5 de julho de 2024, com um encurtamento de 1,66 milissegundo, segundo dados do site especializado Timeanddate.com.

Desde 2020, diversos recordes semelhantes vêm sendo observados, indicando uma tendência de aceleração rotacional. Caso esse padrão se mantenha, será necessário, pela primeira vez na história moderna da cronometria, considerar um "segundo negativo" — subtraindo um segundo inteiro dos relógios atômicos para ajustar a medida oficial do tempo.

Fenômeno contraria tendência histórica de desaceleração

A rotação da Terra, historicamente, tende a desacelerar devido à fricção das marés provocadas pela Lua, o que aumenta gradualmente a duração dos dias. Registros geológicos apontam que, há centenas de milhões de anos, um dia terrestre durava cerca de 19 horas.

Enquanto a Terra gira 1,34 milissegundo mais rápido nesta terça-feira, cientistas investigam o que há por trás dessa aceleração sutil — um mistério escondido nas profundezas do planeta
Enquanto a Terra gira 1,34 milissegundo mais rápido nesta terça-feira, cientistas investigam o que há por trás dessa aceleração sutil — um mistério escondido nas profundezas do planeta. Crédito: Divulgação Exame

Desde o início das medições com precisão atômica, em 1973, o menor encurtamento de dia registrado até 2020 foi de 1,05 milissegundo. A recente aceleração foge aos padrões conhecidos e não é explicada por modelos climáticos ou oceânicos atualmente utilizados.

Os cientistas ainda buscam entender os mecanismos por trás desse comportamento. A ausência de causas claras levanta hipóteses que envolvem processos internos profundos do planeta, como o comportamento do núcleo terrestre ou alterações geodinâmicas na crosta e no manto.

Núcleo terrestre pode estar acelerando a rotação

Uma das principais teorias levanta a possibilidade de o núcleo líquido da Terra estar resfriando ou desacelerando, o que redistribuiria o momento angular e aumentaria a rotação superficial. Esse fenômeno interno, embora difícil de observar diretamente, pode ter implicações globais.

Outros fatores sugeridos incluem o derretimento das calotas polares e a elevação do nível do mar, que afetam a distribuição de massa e, por consequência, o eixo de rotação do planeta. No entanto, esses elementos são considerados moderadores, não as causas principais.

Segundo Leonid Zotov, pesquisador da Universidade Estatal de Moscou, as evidências atuais apontam para uma origem interna, mas ele acredita que essa aceleração pode ser apenas uma anomalia temporária. Ainda assim, o próximo dia com possível encurtamento significativo já está marcado: 5 de agosto, com previsão de 1,25 milissegundo a menos.

Referências da notícia

Exame. Terra terá segundo dia mais curto da história nesta semana; saiba quando. 2025