Tempestades severas e impactos no Sul

No dia 30 de maio, um surto de mau tempo atingiu os Estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Foram reportados danos em diversas cidades por ventos fortes e granizo, além de dois tornados em terras paranaenses.

Tempestade supercélula em desenvolvimento.

O tempo severo é uma característica das estações de transição como o outono e a primavera. Na época em que estamos, uma batalha nos céus às vezes é travada entre os vestígios do ar úmido do norte com o ar mais frio e seco do sul. Esta disputa nada amigável é responsável anualmente por tempestades severas que impactam cidades do Centro-Sul do Brasil. Não bastasse os prejuízos econômicos, alguns casos extremos infelizmente terminam até em mortes.

Um surto de tempos severo eclodiu na madrugada da última quinta-feira entre Santa Catarina e o Paraná, mas pela manhã também já abrangia áreas do sul paulista. No entanto, o mau tempo persistiu no decorrer do período nestas localidades. Violentas tempestades produziram granizo em 18 cidades do Paraná, incluindo a capital Curitiba. Em Santa Catarina, São Miguel do Oeste foi surpreendida por uma microexplosão. Pelo menos 2 tornados foram reportados no Paraná, onde um deles atingiu os municípios de Santa Maria do Oeste, Pitanga e Boa Ventura. Já o outro, afetou a cidade de Espião Alto do Iguaçu.

A microexplosão em São Miguel do Oeste deixou cerca de 10 mil residências sem energia elétrica. Casas foram destelhadas e houve também muitas quedas de árvores no município. O mesmo cenário se repetiu em várias cidades, sobretudo no Paraná em que 8 mil pessoas foram afetadas e duas mortes foram registradas. Na região metropolitana de Curitiba, os moradores ficaram surpresos com a grande quantia de granizo acumulada nas casas e ruas. Ainda no Paraná, um dos tornados reportados atingiu zonas rurais de Santa Maria do Oeste, destruindo máquinas agrícolas, barracões e casas, mas felizmente não teve feridos.

O padrão de tempo culpado por todos os inconvenientes mencionados anteriormente resultou de uma ação em conjunto de vários fatores. Um fluxo zonal do jato subtropical manteve um sistema frontal estacionário no continente. Ao mesmo tempo, um forte escoamento quente e úmido de noroeste foi ao encontro da frente estacionária em um ambiente altamente baroclínico como os meteorologistas chamam (região de diferenças de temperatura e onde o vento muda de velocidade/direção com a altura). Estes ingredientes deram potência para as tempestades.

Perspectivas para o começo da semana nas regiões atingidas

Neste domingo, uma frente estacionária ainda persiste sobre o continente e as chuvas mais fortes associadas podem ser presenciadas novamente em partes do Paraná, principalmente no leste e centro-norte do Estado. Em São Paulo, este mesmo panorama é válido para o centro-leste e sul paulista. Não se descarta o risco de novas tempestades. No leste de Santa Catarina, o predomínio será de muitas nuvens e chuvas mais fracas. Contudo, as demais partes do interior terão sol, variação de nuvens e possibilidade de chuvas. No oeste catarinense o tempo abre.

A partir de amanhã, a corrente de jato sobe para o norte sobre a Região Sul do Brasil, e dará suporte para o desenvolvimento de áreas de baixas pressões que reforçarão a precipitação no norte do Paraná, oeste e centro-leste paulista. Há possibilidade de chuvas fortes. Entretanto, a medida que a baixa é conduzida para o oceano ao longo da segunda, às instabilidades vão deixando aos poucos o continente.

Na terça-feira, os ventos de sul dominarão parte do Centro-Sul do país e uma frente fria estará formada no Atlântico, na altura da Região Sudeste. A temperatura cairá nos estados que foram castigados pelo tempo severo e o sol predominará, com exceção da parte leste que vai do litoral norte de Santa Catarina até o litoral norte de São Paulo, onde se espera por céu nublado e chuvas intermitentes devido aos ventos frios e úmidos que sopram do oceano para o continente. Estas previsões estão sujeitas a atualizações.