Raro landfall de ciclone tropical deixa mortos em Omã

O ciclone Shaheen atingiu a costa norte de Omã com força equivalente a um furacão de categoria 1. Além de ventos fortes e ondas gigantes, Shaheen despejou em dois dias acumulados de chuva superiores ao esperado para um ano inteiro!

Ciclone Shaheen
O ciclone tropical Shaheen avançou pelo Golfo de Omã entre domingo (3) e segunda-feira (4), causando muitos prejuízos e mortes no país. Imagem: Sentinel-3

Pela primeira vez em décadas um ciclone tropical atingiu a costa nordeste de Omã! O ciclone tropical Shaheen fez landfall (tocou o continente) perto de Al Khaburah, cerca de 120 quilômetros a oeste/noroeste da capital de Omã, Mascate, na noite de domingo (03), despejando chuvas torrenciais, que causaram inundações e deslizamentos de terra, além de ventos fortes e ondas que chegaram a 10 metros na costa do país.

Shaheen é o primeiro ciclone tropical nos registros modernos a avançar pelo Golfo de Omã e atingir o norte do país!

De acordo com os registros, Shaheen é o primeiro ciclone tropical a entrar no Golfo de Omã e atingir a costa norte do país em mais de 130 anos! A última vez que uma tempestade ciclônica atingiu o nordeste de Omã foi em 5 de junho de 1890, quando mais de 750 pessoas morreram devido as inundações e ventos. Geralmente o país é atingido por ciclones tropicais na costa sul, quando os sistemas avançam pelo Mar Arábico.

Pouco antes do landfall, Shaheen chegou a ter a força de um furacão de categoria 1, com ventos entre 120 e 150 km/h. No momento do landfall o ciclone perdeu um pouco de força, passando para a categoria de tempestade tropical severa, com ventos sustentados de cerca de 100 km/h.

Logo após tocar o continente, Shaheen começou a perder a intensidade e foi perdendo força rapidamente durante a segunda-feira, se rebaixando para a categoria de depressão tropical. O sistema perdeu força rapidamente a medida que seguia para oeste sobre o continente e encontravam o ar seco que domina grande parte da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos.

Em Omã foram 11 mortes atribuídas ao ciclone, outras 2 mortes de pescadores foram registradas no Irã, outros pescadores permanecem desaparecidos. Algumas das mortes registradas em Omã foram de pessoas vítimas de deslizamentos de terra que destruíram casas. Outras pessoas morreram antes mesmo do ciclone tocar a terra, devido as chuvas fortes e enchentes provocadas pelo sistema.

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É importante destacar que essa é uma área de clima desértico que não está acostumada a receber eventos extremos desse tipo, e que possui acumulados de chuva muito baixos para essa época do ano. Cerca de 369 mm caíram sobre al-Khaboura ao longo de dois dias, isso é mais de três vezes a precipitação média anual de Omã! Sobre a capital Mascate, mais de 100 mm foram registrados, sendo que a precipitação média da capital para outubro é de apenas 0,8 mm e a precipitação média anual é de 89,7 mm!

Diversos registros feitos por moradores mostram carros submersos na capital Mascate e outras cidades próximas. Muitas pessoas ficaram presas nas enchentes e tiveram que ser resgatadas. Milhares de pessoas foram evacuadas das áreas costeiras. O governo chegou a declarar feriado no domingo e segunda-feira para garantir que a população ficasse em suas casas e evitassem o pior.

Shaheen se originou dos remanescentes do ciclone tropical Gulab que havia se formado sobre a Baía de Bengala no dia 24 de setembro e atravessou a Índia, onde provocou muitas chuvas e a morte de 20 pessoas. Após atravessar a Índia, Gulab perdeu força até se tornar uma baixa pressão remanescente no dia 28. No dia seguinte essa baixa remanescente chegou ao Mar da Arábia, onde começou a ganhar força novamente até se regenerar para uma tempestade ciclônica no dia 1º de outubro e receber seu novo nome, Shaheen. Por esse motivo, algumas agências nomearam o sistema como ciclone Shaheen-Gulab.