Porta-aviões com materiais tóxicos afundado pela Marinha é risco ecológico

Após ser rejeitado em vários portos, o navio com substâncias tóxicas foi afundado em águas brasileiras no Oceano Atlântico. Mas será que essa decisão é segura para o ecossistema?

Navio afundado
O robusto porta-aviões denominado de São Paulo, foi afundado próximo a costa brasileira e ativistas condenam esta decisão devido ao amianto presente no navio. Fonte: Marinha do Brasil.

Em março de 2021, a Marinha do Brasil vendeu o porta-aviões como sucata para um estaleiro na Turquia. Mas o navio foi rejeitado pelas autoridades turcas por conter amianto, um material tóxico frequentemente encontrado em navios do século 20.

O navio nunca chegou ao seu destino porque as autoridades ambientais turcas proibiram a sua entrada, obrigando-o a dar meia-volta pouco antes de chegar ao Estreito de Gibraltar.

O Brasil trouxe a trouxe o navio a embarcação de volta, mas não permitiu que ela entrasse no porto, citando o “alto risco” para o ecossistema.

Depois que o porta-aviões foi desativado, a empresa turca de reciclagem marítima Sök Denizcilik Tic Sti comprou o casco por US$ 10,5 milhões, mas teve que rebocá-lo de volta através do Atlântico quando a Turquia barrou a entrada em seu estaleiro.

A Marinha do Brasil disse que pediu à empresa para consertar o porta-aviões em um estaleiro brasileiro, mas depois que uma inspeção mostrou que ele estava entrando na água e corria o risco de afundar, a Marinha proibiu o navio de entrar em portos brasileiros. Resolveu então afundar o São Paulo em alto mar.

O navio tóxico afundado no Oceano Atlântico

O porta-aviões foi afundado em um "naufrágio planejado e controlado” na noite do dia 3 de fevereiro, que de acordo com a Marinha, evitaria perdas logísticas, operacionais, ambientais e econômicas para o Estado Brasileiro.

O casco do navio, chamado de São Paulo, foi afundado em águas jurisdicionais brasileiras a cerca de 350 quilômetros (217 milhas) da costa do Brasil, onde tem 5000 mil metros de profundidade. Embora as autoridades tenham dito que afundariam a embarcação na “área mais segura”, os ambientalistas atacaram as decisões.

Ativistas disseram que o porta-aviões continha material perigoso que poderia penetrar na água e poluir a cadeia alimentar marinha.

O Ministério Público Federal e o Greenpeace pediram ao governo brasileiro que interrompesse o naufrágio, dizendo que era tóxico devido a materiais perigosos, incluindo 9 toneladas de amianto usados nos painéis do navio. No transporte marinho, o amianto também continua sendo um perigo a longo prazo.

O naufrágio do porta-aviões São Paulo joga toneladas de amianto, mercúrio, chumbo e outras substâncias altamente tóxicas no fundo do mar, disse o Greenpeace em comunicado.

Tal decisão de afundar o navio tóxico em na costa brasileira causou indignação por parte dos ativistas, em que afirmam que a Marinha do Brasil escolheu prejudicar o meio ambiente e perder milhões de dólares em vez de permitir a inspeção do navio. O Greenpeace ainda chamou o naufrágio de “a maior violação de acordos de produtos químicos e resíduos já cometidos por um país".

O São Paulo era o maior navio de guerra da Marinha do Brasil

O antigo navio de guerra foi construído na França no final dos anos 1950 e serviu à marinha francesa sob o nome de “Foch”, eles supostamente navegou por 37 anos. O porta-aviões tinha 266 metros de comprimento com capacidade para 1300 tripulantes e 30 caças-bombardeiros.

O porta-aviões da classe Clemenceau serviu a Marinha Francesa por quatro décadas como o Foch, capaz de transportar 40 aviões de guerra.

O São Paulo foi o último navio sobrevivente dos porta-aviões da classe Clemenceau, que foram os primeiros porta-aviões construídos pela França após a Segunda Guerra Mundial. Sob a Marinha Francesa, o navio de guerra era uma parte ativa da frota do país. O porta-aviões participou dos testes nucleares da França na década de 1960 - o primeiro teste da potência europeia no Pacífico.

De 1970 a 1990, engajou-se em implantações na África e Oriente Médio. O Brasil comprou o navio por US$ 12 milhões em 2000, mas o desativou em 2017 por passar mais tempo no porto do que no mar. Após isso, o navio foi se deteriorando com o tempo, principalmente depois do incêndio ocorrido a bordo no ano de 2005.