Pela primeira vez, onças-pintadas trigêmeas são registradas no Parque Nacional Grande Sertão Veredas
Registro inédito de trigêmeos no Parque Nacional Grande Sertão Veredas destaca avanço científico, importância da preservação do Cerrado e eficácia das parcerias entre organizações ambientais e instituições públicas.

Pela primeira vez, uma ninhada de onças-pintadas trigêmeas foi registrada no Parque Nacional Grande Sertão Veredas (PNGSV), localizado entre os estados de Minas Gerais e Bahia. O flagrante inédito foi feito pela ONG Onçafari, que atua em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pela gestão do Parque.
As imagens históricas representam um marco importante para a ciência e para a conservação da fauna do Cerrado. A mãe dos trigêmeos é monitorada desde 2019, quando ainda era filhote na área da Pousada Trijunção, uma região que abrange as divisas de Minas Gerais, Bahia e Goiás. Desde então, ela passou a ser acompanhada por meio de armadilhas fotográficas, tecnologia que permite observar a fauna de forma não invasiva.
A partir de 2022, o monitoramento da onça e de outros indivíduos foi intensificado no lado mineiro do Parque. Em 2024, o projeto ganhou novo fôlego com a instalação de 64 novas câmeras, como parte da iniciativa “Onças – Guardiãs do Grande Sertão Veredas”, apoiada pela Plataforma Semente, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), em parceria com o CeMAIS.
Monitoramento ajuda a revelar segredos das onças
Segundo o biólogo Edu Fragoso, do Onçafari, a descoberta é um avanço científico importante. “É a primeira ninhada de trigêmeos que registramos nesta área. Nossa esperança é monitorá-los no futuro e conseguir material genético para compreender questões de paternidade e dispersão”, afirma.
Esse acompanhamento detalhado também permite identificar e preservar “corredores ecológicos” — áreas estratégicas que conectam diferentes Unidades de Conservação (UCs) e facilitam o deslocamento das espécies. Tais medidas são fundamentais para a sobrevivência da fauna em biomas fragmentados como o Cerrado.
Parque homenageia Guimarães Rosa e protege o Cerrado
O Parque Nacional Grande Sertão Veredas foi criado em 1989 e ampliado em 2004. Com uma área de 230.671 hectares, protege ecossistemas essenciais do Cerrado e abrange os municípios de Chapada Gaúcha, Formoso e Arinos (MG), além de Côcos (BA).

O nome do Parque presta homenagem ao romance “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, obra-prima da literatura brasileira que retrata a vida e a paisagem do sertão mineiro-baiano. A unidade de conservação é vital para a proteção da biodiversidade, dos recursos hídricos e para o fomento ao turismo sustentável e à educação ambiental.
Além de sua importância ecológica, o Parque também cumpre papel relevante na produção científica. O registro dos trigêmeos reforça seu potencial como laboratório natural e símbolo da convivência possível entre homem e natureza.
Onçafari: ciência, conservação e comunidade
Fundada em 2011, a ONG Onçafari atua em quatro dos principais biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Sua missão é conservar a biodiversidade brasileira por meio da proteção de áreas naturais e do desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais.
Com oito frentes de atuação — Ecoturismo, Ciência, Educação, Reintrodução, Social, Florestas, Anti-incêndio e Advocacy —, a organização tem conquistado reconhecimento nacional e internacional. Em 2024, o Onçafari foi eleito uma das 100 melhores ONGs do Brasil.
O trabalho da ONG, aliado a instituições como o ICMBio e o MPMG, mostra como parcerias bem estruturadas podem trazer resultados concretos para a conservação da fauna e flora brasileiras — e garantir um futuro mais promissor para espécies emblemáticas como a onça-pintada.
Referências da notícia
Agência Brasil. Pela primeira vez, onças-pintadas trigêmeas são registradas no Parque Nacional Grande Sertão Veredas. 2025