Os Estados Unidos publicam sua primeira estrutura estratégica para a diplomacia espacial

Os Estados Unidos dão um grande passo na corrida espacial ao publicar sua primeira estrutura estratégica para a diplomacia espacial. Este documento busca construir parcerias internacionais e proteger o país de ameaças no espaço.

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“Trabalharemos com nossos parceiros interinstitucionais para garantir a liderança dos EUA nesta nova era espacial colaborativa”, disse o Departamento de Estado.

Os Estados Unidos deram um passo importante na corrida espacial ao publicar sua primeira estrutura estratégica para a diplomacia espacial. Este documento de 37 páginas, emitido pelo Departamento de Estado dos EUA, descreve a intenção do país de construir parcerias internacionais e estabelecer uma "ordem internacional baseada em regras" para o espaço sideral.

Em um mundo cada vez mais dependente da tecnologia espacial, o governo dos Estados Unidos reconhece a importância de proteger o país das ameaças que possam surgir neste âmbito. O marco estratégico destaca a necessidade de salvaguardar a segurança nacional e civil no espaço, bem como promover a colaboração e cooperação internacional.

Uma das principais motivações por trás dessa abordagem estratégica é o rápido desenvolvimento e avanço da indústria espacial privada nos Estados Unidos. O setor privado americano está revolucionando o uso do espaço sideral com novas tecnologias e modelos de negócios inovadores. Esse fenômeno levou a um aumento significativo no número de nações que participam de atividades espaciais e gerou uma economia espacial global avaliada em 469 bilhões de dólares em 2021.

O Departamento atualmente lidera a criação de parcerias internacionais para as atuais empresas espaciais dos EUA, incluindo o Telescópio Espacial James Webb, as missões Artemis da NASA e o Sistema de Coordenação de Tráfego Espacial do Departamento de Comércio.

Regras para todos

AÀ medida que o espaço próximo à Terra se torna mais lotado, o Marco ajudará a manter a ordem internacional baseada em regras e a promover a cooperação para a sustentabilidade, comercialização, exploração e utilização do espaço a longo prazo.

Neste contexto, o marco estratégico exige uma administração responsável do espaço sideral e procura maximizar os benefícios da crescente economia espacial para as gerações atuais e futuras. “Trabalharemos com nossos parceiros interinstitucionais para garantir a liderança dos EUA nesta nova era espacial colaborativa”, diz o documento.

O maior destaque

Para conseguir isso, o documento propõe três pilares fundamentais:

  • O primeiro pilar concentra-se no avanço das políticas e programas espaciais dos EUA a nível internacional. Com isso, o objetivo é reduzir o potencial de conflito e promover a cooperação entre as nações. Os Estados Unidos buscam ser um líder no âmbito espacial e usar suas atividades espaciais como uma ferramenta diplomática para enfrentar os desafios globais, como a mudança climática.
  • O segundo pilar concentra-se na construção de alianças multilaterais sólidas. Os Acordos de Artemis, um exemplo proeminente disso, é um acordo entre a NASA e suas contrapartes em países parceiros, estabelecendo os princípios para a exploração lunar. Essas alianças são essenciais para promover a colaboração na exploração e uso do espaço.
  • O terceiro pilar destaca a importância de capacitar os funcionários do Departamento de Estado em habilidades relacionadas à política espacial. Isso permitirá que os diplomatas busquem os objetivos da política espacial de forma eficaz e fortaleçam a liderança dos Estados Unidos nessa área.

O relatório foi bem recebido pela comunidade espacial e pelos especialistas da indústria. Tom Stroup, presidente da Associação da Indústria de Satélites, elogiou o foco do relatório na diplomacia tradicional e no envolvimento com as partes interessadas no espaço comercial global. É um reconhecimento do papel crucial que a diplomacia desempenha no âmbito espacial e da importância da colaboração internacional.

Os Acordos Artemis são um tratado internacional, por sua vez baseado no Tratado do Espaço Sideral de 1967, com o objetivo de estabelecer os princípios de cooperação para futuras missões civis de exploração para fins pacíficos na Lua, em Marte e em qualquer cometa ou asteroide do sistema solar.

Enquanto isso, a NASA continua avançando em seus planos de exploração lunar. Recentemente, ela concedeu à Blue Origin, a empresa espacial fundada por Jeff Bezos, um contrato de 3,4 bilhões de dólares para o terceiro pouso humano na Lua. A NASA agendou o lançamento, apelidado de Artemis V, para depois de setembro de 2029. A SpaceX de Elon Musk tem o contrato para os dois primeiros pousos na Lua desta série.