Ondas de calor: consequências no setor de energia e na saúde humana

O aumento da emissão de gases de efeito estufa será acompanhado do aumento do uso de ar condicionado - e outras opções de resfriamento - para que as pessoas não sejam submetidas a temperaturas extremas. Mas, quais as consequências disso para o setor de energia e para saúde humana?

Aumento do uso de ar condicionado em cenários de onda de calor
O ar condicionado já é um dos recursos essenciais no enfrentamento às ondas de calor extremas

A Europa vivenciou uma onda de calor extrema, com recordes de temperatura em vários dos países. Esses fenômenos estão cada vez mais frequentes e com mais consequências para a população e nosso estilo de vida. Não é de surpreender que os cidadãos busquem maneiras para amenizar os efeitos dessa onda de calor extrema. Uma delas consiste na compra de aparelhos elétricos para resfriar os cômodos. Com isso, a demanda por ventiladores e ar condicionado disparou por serem os melhores aliados no combate ao calor sufocante.

Com o contínuo aumento das taxas de emissões, a previsão é que até 2050 pelo menos 70% da população em diversos países precisará de ar condicionado, de acordo com uma pesquisa da Harvard China Project. Mesmo que os países cumpram com os limites de emissões estabelecidos nos acordos climáticos, uma média de 45% da população dos países mais quentes ainda precisará de ar condicionado.

Considerando um futuro mais pessimista (com emissões significativamente altas de gases de efeito estufa), a pesquisa estimou que 99%, 96% e 92% da população da Índia, Estados Unidos e Alemanha, respectivamente, precisarão de ar condicionado. Adicionalmente, países de alta renda, como os Estados Unidos, estão mais preparados para um cenário pessimista com relação a esse tema. Por exemplo, cerca de 90% da população tem acesso a ar condicionado, já a Índia apenas 5%.

Quais as consequências dessa demanda no setor de energia?

Os episódios de onda de calor já estão sobrecarregando as redes elétricas ao redor do mundo; e, o aumento na demanda por ar condicionado pode levar os sistemas atuais ao limite. Em alguns estados dos Estados Unidos, o uso do ar condicionado já corresponde a mais de 70% do pico da demanda residencial de eletricidade em dias de calor extremo, impactando na rede elétrica.

O calor extremo não é um problema apenas para as gerações futuras e suas consequências servem de alerta em diversos setores.

Segundo dados do Operador do Mercado Ibérico de Energia (OMIE), o preço da eletricidade subiu 3% neste mês de julho em decorrência do evento de onda de calor europeu. De acordo com o que foi regulamentado pelo governo, a hora mais cara do dia será das 21h às 22h, enquanto a mais barata será entre as 14h e 15h. Por exemplo, para colocar o ar condicionado em funcionamento: na faixa mais cara significa um custo de 56 centavos por hora por kWh; enquanto a hora mais barata é de 41 centavos. Esse preço praticamente dobrou em relação ao ano passado.

E para a saúde humana?

O uso contínuo do ar condicionado e com temperaturas mais baixas também pode trazer riscos para nossa saúde, tais como infecções respiratórias. Segundo especialistas, a temperatura ideal para casas deve ser de 24°C. De acordo com a Organização de Consumidores e Usuários (OCU), o ar condicionado deve estar regulado em 8 graus abaixo da temperatura externa.

Uma das consequências mais comuns de ficar exposto no ar condicionado por muito tempo é a garganta dolorida ou seca. O ambiente frio e seco pode contribuir para o aumento dos danos a esses mecanismos de defesa, levando a doenças como a faringite. Além disso, a exposição direta ao ar do aparelho pode levar a problemas musculares, pois os músculos esfriam rapidamente.