La Niña pode ser mais fraco do que o esperado em 2024, com impactos apenas para o final do ano!

Com o fim do El Niño cada vez mais próximo e a La Niña dando seus primeiros sinais, as previsões dos modelos se ajustaram e passaram a indicar que provavelmente essa La Niña não será tão intensa.

La Niña 2024
Campo de anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do dia 05 de maio de 2024 mostra o surgimento de anomalias negativas de TSM no Pacífico Tropical. Fonte: NOAA Coral Reef.

O Oceano Pacífico Tropical continua seu lento processo de transição de fases do padrão climático El Niño - Oscilação Sul (ENOS), com a fase positiva, o El Niño, quase terminando e a fase negativa, a La Niña, já dando indícios de sua formação!

O El Niño, após várias semanas em processo de enfraquecimento, finalmente está dando seus últimos suspiros, com a última anomalia semanal de Temperatura da Superfćie do Mar (TSM) na região do Niño 3.4, região oficial de monitoramento do ENOS, registrando +0.5°C, valor considerado o limiar do El Niño, abaixo disso (e acima de -0.5°C) consideramos o ENOS em fase neutra. Portanto, nas próximas semanas o El Niño terminará de vez!

Evolução temporal das anomalias de TSM sobre o Pacífico Tropical. Fonte: CPC/NOAA.

Enquanto isso, na porção mais a leste do Pacífico Tropical já são registradas anomalias negativas de TSM, mais próximas à costa da América do Sul e em uma área mais restrita, mas que, de qualquer forma, já começa a indicar o surgimento e desenvolvimento da La Niña. As regiões do Niño 1.2 e Niño 3, que ficam mais próximos a América do Sul, registraram valores negativos de TSM nos últimos dias.

Entretanto, assim como o El Niño tem demorado meses nessa fase final de seu ciclo de vida, a La Niña demorará meses até se desenvolver e se consolidar oficialmente, conforme mencionamos em artigo anterior, tomando forma somente no segundo semestre de 2024.

Quão forte será a próxima La Niña?

Desde as primeiras previsões de retorno da La Niña, muitas incertezas existiam em relação ao evento, principalmente em relação a sua intensidade. Porém, ao nos aproximarmos de seu começo, os modelos passam a se ajustar e a convergir para uma previsão mais acurada.

Antes, muitos modelos colocavam a futura La Niña com intensidade forte já no segundo semestre de 2024, porém, a cada atualização das rodadas, temos observado que os modelos têm diminuído a intensidade do evento. Esse é o caso do modelo norte-americano climático CFSv2.

Há três semanas, o modelo CFSv2 indicava que a região do Nino3.4 já ficaria com temperaturas abaixo da média na região do Niño 3.4 no mês de Maio e a partir de então começaria um resfriamento abrupto das TSMs, com possibilidade de atingir entre -1.7 e -2ºC em Outubro e Novembro seria o mês de maior intensidade da La Niña, atingindo os -2ºC, o que classificaria o evento como La Niña forte.

A futura La Niña, que surgirá no segundo semestre de 2024, provavelmente terá intensidade fraca a moderada. Além disso, seus impactos mais significativos no clima deverão ser sentidos apenas no final de 2024 e início de 2025!

Entretanto, a previsão mais recente do CFSv2, do dia 06 de maio, mostra uma previsão menos impactante em relação às temperaturas da região do Niño3.4. Para o mês de Maio, a previsão é que as temperaturas fiquem em torno da média e o pico de intensidade da La Niña ocorreria mais cedo e com menor intensidade, próximo do mês de outubro e com anomalia em torno dos -1.5ºC. O que indica que a La Niña será no máximo de intensidade moderada e seus impactos mais significativos no clima ocorrerão somente nos últimos meses de 2024.

Pluma de previsões de diferentes modelos climáticos para as anomalias de TSM na região do Niño 3.4. Fonte: IRI.

A última pluma de modelos do IRI (International Research Institute for Climate and Society), mostra também diversos outros modelos prevendo uma La Niña com máximo de intensidade acima de -1.5ºC, com as médias dos modelos estatísticos, dinâmicos e de consenso do CPC bem acima desse limiar durante o pico de intensidade máxima do evento nos últimos três meses de 2024. Resultados que também sugerem que a La Niña será de intensidade fraca a moderada.