Há uma década MG não se registrava números tão brutais de queimadas

Há exatos 10 anos, Minas Gerais registrava números assustadores de queimadas. Para esta mesma época do ano foram contabilizados, assim como em 2021, mais de 5 mil focos de incêndio. O cenário fica pior quando olhamos o ranking nacional.

Bombeiros
Registro de mais um dia da luta dos bombeiros contra o fogo em áreas do Sudeste. Foto: Davi Moura.

O número de focos de queimadas se tornou destaque e grande preocupação nacional em 2021. Com meses de seca, uma chuva muito irregular, um período úmido falhando e a temperatura só aumentando, incêndios têm sido recorrentes por toda a parte.

No Sudeste, os focos de queimadas assustam e são brutais. Queimam vegetações à beira de estradas, florestas protegidas, lavouras e até mesmo casas, além de machucar e muitas vezes matar animais.

Vale ressaltar que desde a primavera de 2020, o tempo seco tem predominado sobre grande parte do Brasil, e no Sudeste não foi diferente, ou seja, o período úmido falhou, agravando um cenário que já era esperado sobre as queimadas no outono e inverno.

Queimadas no Sudeste

Em 2010, o estado de Minas Gerais registrou, de janeiro ao início de setembro, exatos 7456 focos de queimadas segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Guapé
Grande área de mata fechada em Guapé/MG pega fogo. Bombeiros estão no combate às chamas há dias. Foto: Guto Nepomuceno.

Em 2011, foram 5139 focos, quase o mesmo número alcançado até o momento em 2021. Desde o início do ano até o momento, foram contabilizados 5174 focos apenas no território mineiro, um número que não era registrado há uma década.

A briga entre o fogo e o corpo de bombeiros tem sido diária, com a falta de chuva e a vegetação seca, o fogo se alastra rapidamente - bombeiro militar Guto Nepomuceno.

Em termos de comparação com o ano anterior, o aumento foi de 77% no números de queimadas, uma batalha sem fim para os bombeiros e muitos moradores que temem ter suas lavouras e casas afetadas.

O estado de São Paulo vem em segundo lugar no Sudeste com números de queimadas registradas, já são mais de 4 mil focos, um aumento de 32% comparado ao mesmo período de 2020. Desde o início dos registros pelo INPE, apenas em 2003, 2006 e 2010 que o estado paulista viveu um número deste.

Ranking nacional

O número de focos de queimadas registrado em Minas Gerais é o maior em uma década e assusta. Agora, quando é relatado que o estado encontra-se apenas em sétimo lugar no ranking de queimadas do Brasil, o cenário fica ainda mais assustador.

Em Mato Grosso, número 1 no ranking, já foram somados mais de 14500 focos de incêndio apenas neste ano. No Pará, que vem em segundo lugar, foram mais de 10700 queimadas. Apesar dos números destacantes nos dois estados que dominam as queimadas, é importante salientar que ambos tiveram uma queda aproximada de 37% com relação ao ano passado.

Tempo nos próximos dias

A expectativa ainda é de tempo seco em grande parte do Brasil Central nesses próximos dias. Uma massa de ar seco e quente atua especialmente sobre o Sudeste e Centro-Oeste, ou seja, o cenário ainda continua preocupante quanto às queimadas devido à falta de chuva.

Uma frente fria avança pelo Sul do Brasil, provoca chuva forte e com acumulados significativos, no entanto, o sistema frontal quando chega à altura do Sudeste perde intensidade e as pancadas de chuva se tornam isoladas e sem grandes acumulados, ou seja, ainda insuficiente para reverter o cenário na região.

Os episódios de chuva, aliás, se tornaram mais frequentes no Sul do país, aumentando a água disponível no solo, mas sobre a maior parte do centro-sul, ainda não se tem um cenário positivo de precipitação.