Escassez pode fazer com que o preço da água aumente em 60% no mundo até 2050

Vários países no mundo enfrentam estresse hídrico extremamente alto a cada ano, o que põe em risco a vida das pessoas. Nesses lugares, a disponibilidade de água deve se tornar crítica, podendo fazer seu preço subir em 60% até 2050.

Escassez de água
Escassez de água pode fazer o preço aumentar em 60% até 2050.

A água é um recurso fundamental para vários setores da sociedade, como por exemplo, a agricultura, a criação de animais, geração de energia, manutenção da saúde humana e cumprimento das metas climáticas mundiais.

A água é essencial para a manutenção da saúde e do bem-estar de todo ser humano. Sua procura continua aumentando desenfreadamente em todo o mundo, e já duplicou desde a década de 1960.

Os novos dados do World Resources Institute (WRI) indicam que 25 países estão expostos a um estresse hídrico extremamente alto, usando pelo menos 80% dos seus suprimentos disponíveis. Isso pode fazer com que o preço da água suba em 60% até 2050. Também, cerca de 4 bilhões de pessoas (metade da população mundial) vivem sob condições de alto estresse hídrico (usando 40% de seu suprimento de água) por pelo menos 1 mês do ano.

O que está causando o estresse hídrico

Acontece que a demanda por água está excedendo a oferta, ou seja, precisa-se mais do que se tem disponível. Mundialmente, a demanda mais que dobrou desde 1960. O aumento da demanda se deve principalmente pelo crescimento desenfreado da população e das indústrias.

Enquanto isso, o abastecimento de água pode ser afetado por fatores como: a falta de investimento em infraestrutura hídrica, políticas insustentáveis de uso dela e o aumento da variabilidade devido às mudanças climáticas.

nível de estresse hídrico anual dos países
Mapa global do nível de estresse hídrico anual de cada país. Fonte: Aqueduct/WRI.

É importante destacar então que, sem uma melhor gestão da água e investimentos em infraestrutura, o estresse hídrico continuará piorando, principalmente onde se tem população e economia crescendo rapidamente.

Quais os países mais afetados?

Os seis países que enfrentam a maior escassez de água são: Bahrein, Chipre, Kuwait, Líbano, Omã e Catar, e isso se deve, principalmente, pela baixa oferta, combinada com a demanda do uso doméstico, agrícola e industrial. O Brasil ocupa a posição 103, com risco de escassez médio-baixo (entre 10% a 20%). Já as regiões com maior estresse hídrico são o Oriente Médio e o norte da África, com 83% da população exposta a um estresse hídrico extremamente alto, e o sul da Ásia, com 74%.

E a situação pode piorar. De acordo com os dados, até 2050, espera-se que um adicional de 1 bilhão de pessoas vivam com estresse hídrico extremamente alto. Prevê-se ainda que até 2050, a demanda global de água aumente de 20% a 25%. No caso do Oriente Médio e do norte da África, isso significa que 100% da sua população viverá sob um estresse hídrico extremamente alto até 2050.

A maior mudança na demanda de água ocorrerá na África Subsaariana, mesmo que a maioria dos países nesta área não sofra com falta de água atualmente; e isso por que a demanda está crescendo mais rápido do que em qualquer outra região do mundo. Espera-se que a demanda aumente 163% até 2050 (principalmente para irrigação e uso doméstico). Por outro lado, a demanda estagnou nos países mais ricos da América do Norte e da Europa nos últimos anos, devido a investimentos na eficiência do uso da água.

Outros problemas da escassez de água

Os dados projetam que 31% do produto interno bruto (PIB) global (cerca de 70 trilhões de dólares) estará exposto ao alto estresse hídrico até 2050. A escassez de água também pode causar interrupções industriais, quedas de energia e perdas na produção agrícola. A segurança alimentar global também está comprometida: 60% da agricultura irrigada do mundo enfrenta um estresse hídrico extremamente alto, principalmente nas lavouras de cana-de-açúcar, trigo, arroz e milho.

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Menina carregando galões de água na região de Abobo, em Abidjan, na Costa do Marfim. Os países da África estão entre os que mais sofrem com a escassez de água. Crédito: Issouf Sanogo/AFP.

Contudo, o estresse hídrico não leva necessariamente à uma crise hídrica. Cingapura e Las Vegas, por exemplo, mostraram que podem prosperar mesmo sob condições de escassez, utilizando técnicas como remoção de grama sedenta de água, dessalinização e tratamento e reutilização de águas residuais.

Portanto, é necessário uma melhor gestão da água. O relatório destaca que ambos os governos, comunidades e empresas devem se esforçar para construir um futuro com segurança hídrica para todos, evitando que o estresse hídrico se transforme em crise hídrica.