Como as criptomoedas mudarão completamente o futuro da meteorologia

A tecnologia descentralizada criada pelas criptomoedas, chamada de blockchain, está começando a ser utilizada na meteorologia e pode mudar completamente o mercado ainda nesta década

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A tecnologia descentralizada das criptomoedas, chamada de blockchain, trará mudanças profundas ao mercado da meteorologia ainda nesta década (imagem: Miloslav Hamřík)

Até poucos anos atrás, as criptomoedas ainda eram uma grande incógnita no mundo da tecnologia, por vezes até sendo motivo de chacota. Como poderia uma moeda digital, sem forma física, servir para alguma coisa? No entanto, com o Bitcoin valendo mais de 250 mil reais, o mercado financeiro tem levado a história cada vez mais a sério.

Hoje, muitas lojas e empresas já aceitam pagamento com o dinheiro digital, desde gigantes como a Microsoft até pequenos comércios locais. Recentemente, uma granja baiana anunciou estar aceitando pagamento em criptomoedas pelas suas galinhas. A tendência é que a utilização deste tipo de moeda se torne cada vez mais comum nos próximos anos.

Blockchain: A tecnologia das criptomoedas

E o fator que torna estas moedas tão relevantes é a tecnologia por trás do seu funcionamento, o blockchain. Ele é formado por uma rede criptográfica de milhares de computadores, composta por usuários de criptomoedas, que, de uma maneira bem simplista, confirmam transações anonimamente e mantém a rede de pé sendo pagos com a própria moeda para a qual trabalham.

Isso faz com que o método de pagamento não precise de nenhum centro de controle - Ou seja, as criptomoedas não são regulamentadas por nenhum governo, banco ou empresa, se tornando descentralizadas. Além disso, a rede torna as moedas extremamente seguras - Acredita-se, hoje, ser impossível fraudar a rede do Bitcoin, por exemplo.

E o fato das criptomoedas estarem dando tão certo e crescendo tanto está atraindo atenção para o blockchain, que começa a ser aproveitado em diversas áreas diferentes da ciência e da tecnologia - inclusive na meteorologia.

Acontece que, hoje, a meteorologia é centralizada. Assim como o real brasileiro, que é regulamentado pelo Banco Central, as previsões e dados meteorológicos estão centralizados num pequeno número de órgãos e empresas, que possuem os poucos supercomputadores capazes de rodar modelos complexos de previsão do tempo e do clima.

Essa centralização tem seus pontos positivos, mas também negativos: Caso a rede de uma organização não funcione, suas previsões e dados meteorológicos param de ser fornecidos para o mundo. Além disso, a organização que detém o controle dos dados meteorológicos está livre para manipular a disponibilidade dos produtos e o seu preço, de maneira a beneficiar a si própria em detrimento dos demais.

Meteorologistas, muitas vezes, sofrem com a dificuldade de conseguir dados meteorológicos para suas pesquisas, especialmente em decorrência da centralização do seu fornecimento.

Portanto, o blockchain traz um novo mundo de possibilidades para a meteorologia: Por que não criar uma rede meteorológica completa utilizando a mesma tecnologia, de maneira descentralizada, aberta e livre da influência das grandes empresas e governos globais?

A possibilidade já está sendo explorada e tem se tornado cada vez mais real. Empresas estão começando a criar soluções descentralizadas para rodar e fornecer previsões e dados meteorológicos, baseando-se nos conceitos do blockchain. Isso vai mudar completamente a cara da meteorologia nos próximos anos.

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Supercomputador da IBM, hoje uma das poucas empresas que detém poder computacional suficiente para dominar o mercado meteorológico (imagem: IBM / Divulgação)

Esta futura rede meteorológica representará um passo gigantesco para o progresso. O Brasil e outros países em desenvolvimento não precisarão mais se preocupar com os supercomputadores necessários para armazenar, processar e disponibilizar o gigantesco volume de informações meteorológicas geradas diariamente.

Pessoas comuns poderão contribuir executando tarefas especializadas, como limpar os dados ou executar modelos climáticos complexos participando de uma rede gigantesca de computadores.

E o mais importante: O acesso aos dados será simples e aberto a todos, democratizando a meteorologia. E com a imutabilidade do blockchain, as gerações futuras terão a segurança de estar acessando dados meteorológicos que não foram modificados para se adequar à agenda política de nenhum governo, ou mesmo perdidos devido ao ataque de um vírus ou hacker.

Inventado em 2008, o Bitcoin causou, em pouco mais de dez anos, uma grande revolução tecnológica, e os efeitos do blockchain na sociedade estão só começando. Os próximos dez anos trarão soluções sem precedentes para a meteorologia e para a humanidade, e o melhor é que estamos prestes a vê-las acontecer, bem diante dos nossos olhos.