Brasil, o país do futebol e líder em desmatamento, qual seria a relação disso?

No ano de 2022, a cada cinco segundos o planeta perdia uma área do tamanho de um campo de futebol com florestas tropicais virgens sendo desmatadas. Cerca de 43% dessa destruição aconteceu no Brasil.

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Vista aérea de drones da fronteira do território do Parque Indígena do Xingu e grandes fazendas de soja na floresta amazônica, Brasil. Conceito de desmatamento, agricultura, aquecimento global e meio ambiente.

O mundo todo registra desmatamento em ritmos desenfreados, os quais trazem inúmeras preocupações. O Brasil é conhecido mundialmente por sua cultura, por sua biodiversidade que é enorme, e também, claro, pelo futebol. Mas afinal, qual seria a relação do país do futebol com a liderança em desmatamento?

Você já parou para pensar no que é capaz de fazer em apenas 5 segundos? Parece pouco tempo para fazer algo relevante, não é mesmo? Agora, imagina perder uma área do tamanho de um campo de futebol a cada 5 segundos? Isso parece muito, e é o que aconteceu com planeta no ano de 2022, em que a cada intervalo deste, o desmatamento em florestas tropicais virgens aumentava mais e mais. Apenas o Brasil realizava 43% dessa destruição, ficando como líder em desmatamento.

Junto ao Brasil, têm as matas da Bolívia que também registraram um forte desmatamento no último ano. Os dois países juntos representam mais da metade do total destruído em florestas no ano de 2022, e segundo um estudo publicado recentemente, o que tem chamado a atenção é a situação da Bacia Amazônica.

Estudo mostra área desmatada em 2022

A organização de pesquisa intitulada como World Resources Institute realizou um estudo sobre o desmatamento gerado no ano de 2022 e chegou ao número de 41 mil quilômetros quadrados de área florestal destruída, uma área que cobriria países inteiros como a Suíça. Desse total, mais da metade foi responsabilidade do Brasil e da Bolívia.

O aumento registrado mundialmente foi de 9,7% entre 2021 e 2022, mas no Brasil esse número é ainda pior e chegou a 15%. O ano passado foi o quarto pior no ranking de desmatamento dos últimos 20 anos.

O número preocupa, principalmente porque o levantamento foi o primeiro realizado desde que 145 países firmaram o novo acordo durante a COP26 em novembro do ano de 2021. Em teoria, as nações envolvidas se comprometeram a zerar o desmate até o ano de 2030, ou seja, uma realidade muito diferente frente ao que cenário atual.

Segundo a diretora da Global Forest Watch, Mikaela Weisse “desde a virada do século, nós observamos uma hemorragia em alguns dos ecossistemas florestais mais importantes do mundo, apesar dos esforços para reverter a tendência”. A diretora ainda complementa que “estamos perdendo uma de nossas ferramentas mais eficazes para combater a mudança climática, proteger a biodiversidade e proteger a saúde e os meios de subsistência de milhões de pessoas”.

O relatório que foi feito em parceria com a Universidade de Maryland, também mostrou que com a área desmatada no ano passado, foram geradas cerca de 2,7 gigatoneladas de dióxido de carbono que foram despejadas diretamente na atmosfera, o que equivale ao total de emissões anuais dos combustíveis fósseis queimados pela Índia, a nação mais populosa do planeta.

O cenário da Amazônia

A Amazônia teve um péssimo ano de 2022 quanto ao desmate que chegou a quase 20 mil quilômetros quadrados de extensão, um aumento de 21% em comparação com o ano de 2021.

Estudos apontam que a área mais atingida foi ao redor de rodovias na Amazônia brasileira, principalmente na Transamazônica e as Br 364, 319 e 163, isso no Amazonas, no Pará, em Rondônia e no Acre, assim como também em áreas conhecidas como fronteira da soja da mata boliviana e perto de áreas protegidas na floresta colombiana.

O desmatamento da Amazônia pode gerar conseqüências perturbadoras para o planeta, uma vez que ela retém quase 90 mil toneladas de CO2, ou seja, sozinha tem o dobro das emissões anuais do planeta.

Para tentar mais uma vez controlar e contornar a situação atual que não é nada favorável para o futuro da humanidade, um novo debate será realizado em agosto de 2023 na Cúpula da Amazônia que será realizada em Belém. Será a primeira vez que os líderes de países detentores da floresta da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica irão se reunir. O evento também servirá de teste para a COP30 que será sediada na capital paraense.

No Brasil, a Amazônia perdeu 17,7 mil quilômetros quadrados de extensão em 2022 e quando o desmate não tem relação alguma com os incêndios florestais, o incremento vai para 20% comparado ao ano anterior. No maior estado brasileiro, a perda por desmatamento quase dobrou em um intervalo de apenas 3 anos.

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Foto aérea mostrando o desastre ecológico provocado pelos incêndios na Amazônia sul-americana.

A Bolívia ocupa o segundo lugar no ranking de desmate e a perda de área de floresta tropical foi de quase 4 mil quilômetros quadrados em 2022, um aumento de 32% com relação ao ano anterior. Depois disso, tem a República Democrática do Congo que é responsável por 13% do desmatamento registrado. Na lista contendo um Top10 de países com maior desmate entram também Indonésia (5%), Peru (3,9%), Colômbia (3,1%), Laos (2,3%), Camarões (1,3%), Papua Nova Guiné (1,8%) e Malásia (1,7%).