Acordo de Paris completa 10 anos com alerta por metas insuficientes

Tratado climático faz uma década sob pressão da ONU, que aponta avanços desde 2015, mas alerta que compromissos atuais e financiamento insuficientes ameaçam limite seguro de aquecimento global do planeta.

ONU cobra ação para manter limite de 1,5 ºC e acelerar transição energética
ONU cobra ação para manter limite de 1,5 ºC e acelerar transição energética. Crédito: Ralf Vertelle/Pixabay

O Acordo de Paris, principal tratado internacional para enfrentar a crise climática, completou dez anos na última sexta-feira (12). Adotado em 2015, durante a COP21, o pacto reuniu praticamente todos os países do mundo em torno do compromisso de conter o aquecimento global.

Apesar de ser considerado um marco histórico da diplomacia ambiental, a Organização das Nações Unidas (ONU) avalia que o mundo segue distante de cumprir a meta mais ambiciosa do acordo: limitar o aumento da temperatura média global a 1,5 ºC.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), para manter esse objetivo ao alcance, as emissões globais de gases de efeito estufa precisam cair 43% até 2030. A cobrança internacional recai sobre o fortalecimento das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

Alerta da ONU e cenário atual

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a próxima década será decisiva para transformar promessas em resultados concretos. Para ele, 2026 deve marcar o início de um novo ciclo de implementação efetiva do acordo.

Guterres reconheceu avanços desde 2015, mas alertou para a velocidade insuficiente da ação climática. Segundo ele, os últimos dez anos foram os mais quentes já registrados, com impactos humanos, ecológicos e econômicos cada vez mais visíveis.

Ainda assim, o secretário-geral destacou que o Acordo de Paris evitou um cenário ainda mais grave. Antes de sua adoção, o mundo caminhava para um aquecimento superior a 4 ºC; hoje, a trajetória estimada está em torno de 2,5 ºC.

COP30 demarcou balanço do Acordo de Paris

Durante a COP30, realizada em Belém, os países reafirmaram a importância de limitar o aquecimento global. Guterres disse que essa convergência política gera esperança, mas precisa ser acompanhada de um plano concreto de aceleração.

O secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, disse que "graças ao Acordo de Paris, o planeta não está mais "no caminho para um aquecimento superior a 4°C . Foto: ONU/Divulgação - ONU/Divulgação
O secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, disse que "graças ao Acordo de Paris, o planeta não está mais "no caminho para um aquecimento superior a 4°C . Crédito: ONU/Divulgação

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que o acordo foi fundamental para destravar negociações climáticas que estavam paralisadas há mais de uma década.

Segundo ele, embora os avanços sejam inegáveis, ainda é urgente evitar o estouro do limite de 1,5 ºC, o que exige maior ambição e cooperação internacional.

Visões críticas e funcionamento do acordo

Christiana Figueres, secretária executiva da UNFCCC em 2015, avalia que as metas originais já não são suficientes para evitar todos os impactos da mudança do clima, mas ressalta que ainda é possível reduzir danos mais extremos.

Ela defende acelerar a redução de emissões e a regeneração de ecossistemas, alinhando desenvolvimento econômico e proteção ambiental para as próximas gerações.

Em vigor desde 2016, o Acordo de Paris reúne 195 países e funciona em ciclos de cinco anos, com revisão periódica das metas nacionais. O tratado também prevê mecanismos de transparência e cooperação, especialmente para apoiar países em desenvolvimento no financiamento e na adaptação climática.

Referências da notícia

Agência Brasil. Acordo de Paris completa 10 anos com alerta por metas insuficientes. 2025