A distância Terra-Sol está afetando a sazonalidade do Pacífico Equatorial

A distância Terra-Sol pode alterar intensamente as estações no Pacífico Equatorial em um ciclo de 22 mil anos, um efeito mais importante no clima do que havia sido reconhecido anteriormente. Quais os impactos no clima do planeta?

Distância Terra-Sol e suas variações
A variação da distância Terra-Sol é responsável pela alteração do ciclo anual da ENSO no Pacífico Equatorial.

Os modelos do tempo e do clima entendem muito bem como os ventos sazonais e as correntes oceânicas afetam os padrões do El Niño no leste equatorial do Oceano Pacifico, impactando no clima em todo o planeta.

Entretanto, novas simulações de computador mostram que um fator de ciclos climáticos anuais naquela região não foi reconhecido: a mudança na distância entre a Terra e o Sol.

A distância Terra-Sol varia lentamente ao longo do ano, pois a órbita da Terra é ligeiramente elíptica. Atualmente, em sua aproximação mais próxima (periélio), a Terra está cerca de 3 milhões de milhas mais perto do sol do que em seu ponto mais distante (afélio). Como resultado, a luz solar é cerca de 7% mais intensa no periélio do que no afélio.

A pesquisa liderada pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, demonstra que a ligeira mudança anual na distância do sol pode ter um grande efeito anual dos bolsões de água fria do Pacífico. Isso é distinto do efeito da inclinação axial da Terra sobre as estações, que atualmente é entendido como causador do ciclo anual da ENSO (Oscilação Sul do El Niño).

Ciclo anual da distância Terra-Sol

O período do ciclo anual decorrente dos efeitos de inclinação e a distância são ligeiramente diferentes, e seus efeitos combinados variam ao longo do tempo. Os cientistas afirmam que o ciclo anual do efeito da distância é um pouco mais longo do que o da inclinação, então em um período de 11 mil anos, dois dois ciclos passam do status em fase para fora de fase, e a sazonalidade líquida sofre uma mudança notável.

afélio periélio
Em astronomia, o periélio, que vem de peri (perto) e hélio (Sol), é quando o planeta Terra está mais próximo do Sol. Portanto, no Afélio, a distância Terra-Sol é maior.

O efeito da distância – e sua variação de 22.000 anos – também pode afetar outros sistemas climáticos da Terra. A ENSO, que também se origina no Pacífico equatorial, provavelmente é afetado porque seu funcionamento está intimamente ligado ao ciclo sazonal da temperatura da superfície do Oceano Pacífico.

O efeito da distância já está incorporado nos modelos climáticos, e suas descobertas não alterarão as previsões meteorológicas ou projeções climáticas. Porém, o ciclo de fases de 22.000 anos pode ter tido efeitos históricos de longo prazo.


A teoria afirma que o ciclo sazonal da TSM do Pacífico desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e término dos eventos ENSO. Por causa disso, muitas das principais características da ENSO são sincronizadas com o ciclo sazonal

Embora o efeito da distância Terra-Sol também tenha sido reconhecido, o estudo indica que esse "efeito de distância" pode ser um efeito mais importante no clima do que havia sido reconhecido anteriormente.

Os hemisférios “marinho” e “continental” da Terra

A principal distinção é que as mudanças na distância Terra-Sol não afetam os hemisférios Norte e Sul de forma diferente, que é o que dá origem ao efeito sazonal associado à inclinação da Terra. Por outro lado, eles aquecem a porção do planeta dominado pelos continentes da América, da África e da Eurásia - denominados de “hemisfério continental" - mais do que aquece a região dominada pelo Oceano Pacifico, chamada de “hemisfério marinho”.

A maneira tradicional de pensar sobre as monções é que o Hemisfério Norte se aquece em relação ao Hemisfério Sul, gerando ventos na terra que trazem chuvas de monção. Mas na verdade, a pesquisa está tratando de diferenças de temperatura leste-oeste, não norte-sul, que causam os ventos.

Os ventos gerados por este aquecimento diferencial dos hemisférios marinho e continental alteram a variação anual dos alísios de leste no Pacífico equatorial ocidental e, portanto, fase fria da ENSO.


Quando a Terra está mais próxima do sol, esses ventos são fortes e quando o sol está mais distante, esses ventos ficam fracos. Essas mudanças de vento são então propagadas para o Pacífico Oriental através da termoclina.

Embora a ENSO continue sendo um desafio para os modelos climático , podemos olhar além das simulações de modelos climáticos para o registro paleoclimático para investigar a conexão entre as mudanças no ciclo anual das águas frias e a ENSO no passado.

Por fim, o estudo publicado na revista Nature, concluiu que até o momento, os registros paleoclimáticos do Pacífico tropical foram amplamente interpretados em termos de mudanças passadas, mas a pesquisa ressalta a necessidade de separar as mudanças no ciclo anual dos bolsões de água fria das mudanças na ENSO.