Qual a confiabilidade e os perigos na utilização de tecnologias para remoção do CO2?

O mundo está evoluindo, as pesquisas avançam cada vez mais com o uso de tecnologias. No entanto, para alguns quesitos, toda essa tecnologia pode ser arriscada e até perigosa. Entenda o porquê.

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A batalha rumo a diminuição da emissão de gases de efeito estufa.

Não é de hoje que muitos pesquisadores se reúnem para discutir as mudanças do clima e como podemos frear o aquecimento global. O aumento das temperaturas tem provocado eventos extremos com cada vez mais recorrência e intensidade. Já existem muitas discussões com algumas tomadas de decisão a serem colocadas em prática, principalmente pelos países mais desenvolvidos, os mesmo que geralmente mais poluem o planeta.

O uso de tecnologias é considerado algo vitorioso, vantajoso e cada vez mais evoluído no sentido de bons resultados, mas será que isso se aplica a todas as áreas de pesquisa? Segundo John Kerry, enviado presidencial especial dos Estados Unidos, o fato de confiar em novas tecnologias pode ser perigoso quando o assunto é remover o dióxido de carbono.

Ainda segundo Kerry, em sua fala para o jornal The Guardian, existem tecnologias avançadas recentemente para o armazenamento de carbono, mas elas não podem impedir que o planeta enfrente ainda alguns pontos de inflexão que poderiam acarretar em um desastre climático, ou seja, confiar nessas novas tecnologias de armazenamento e controle, pode ser perigoso.

Entenda a preocupação de John Kerry

O enviado americano faz alguns relatos importantes sobre o aumento das temperaturas provocado pelo CO2. “Alguns cientistas sugerem que é possível que haja uma superação das temperaturas globais além do limite de 1,5°C, e você poderia recuperar, por assim dizer, você tem tecnologias e outras coisas que permitem que você volte”.

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John Kerry fala sobre a redução da emissão de gases de efeito estufa- Foto: ACT For America

E ele completa que “o perigo disso, que mais me preocupa e me motiva, é que, de acordo com a ciência e os melhores cientistas do mundo, podemos estar em ou além de vários pontos críticos sobre os quais eles têm nos alertado há algum tempo. Esse é o perigo, a irreversibilidade”.

Mas se confiar nas novas tecnologias de armazenamento é algo arriscado, o que poderia ser feito no combate desse aquecimento global desenfreado? O político em sua tentativa, pediu então que os governos façam implementações de soluções como o uso de energia renovável, além de veículos elétricos em velocidade acelerada.

Parte do desafio que enfrentamos agora é que os países que têm tecnologias disponíveis não estão necessariamente implantando-as no ritmo que deveriam – John Kerry

Como exemplo de sua fala em destaque sobre os países mais desenvolvidos não estarem fazendo seu papel nessa luta contra o tempo, chamou a atenção sobre Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia, que deixou claro sobre alcançar a meta estipulada nas reuniões de clima em reduzir 45% das emissões de gases de efeito estufa em escala global até 2023, mas que isso não está acontecendo.

Estados Unidos e a Lei da Redução da Inflação

Você já ouviu falar sobre a Lei da Redução da Inflação que foi um esforço realizado durante o governo de Joe Biden? Ela se baseia no montante de U$ 369 bilhões (cerca de R$ 1,8 trilhão) como forma de investimento em energia renovável, além de tecnologias de baixo carbono.

Essa proposta, no entanto, não foi vista como muito agradável pelas autoridades da União Europeia, visto que alguns pontos dentro dessa legislação como os próprios incentivos fiscais para empresas verdes se estabelecerem em solo americano. Os europeus vêem isso como protecionista e até mesmo uma ameaça competitiva em potencial.

Em resposta, o político americano garantiu que se o ritmo dessa descoberta fosse acelerado, o mundo inteiro poderia se beneficiar, não seria uma coisa centrada nos Estados Unidos. Segundo Kerry, “se pudermos avançar essas tecnologias muito rapidamente, juramos compartilhá-las e ajudar as pessoas a se desenvolverem de maneira semelhante. É assim que, coletivamente, tentamos enfrentar o desafio”.

Apesar da sua luta firme em defender os ideais dos Estados Unidos e a boa vontade dos americanos na luta contra o aquecimento global, o político precisou admitir que a expansão dos combustíveis fósseis nos EUA era um tanto quanto difícil de explicar para outros países, mas segundo ele, existe o perigo de alguém distorcer e dizer que fizeram algo e que a partir daí, todo mundo poderia fazer.

Para finalizar o debate, Kerry justificou suas crenças e pediu mais financiamento por parte do setor privado para ajudar os países mais pobres a reduzir também suas emissões de gases de efeito estufa, além de ajudar a lidar com os impactos deixados pelos eventos extremos. Em sua fala final, o político deixou claro “o financiamento climático não é apenas um desafio, é o maior desafio individual no momento. Finanças, e quero dizer grandes finanças na casa dos trilhões de dólares. Isso requer mobilização de capital, usando incentivos e trabalhando com o setor privado para trazê-los para a mesa, parar criar projetos bancáveis que estimularão a implantação de capital”.