Semana ainda de frio e com possível formação de ciclone subtropical

Mesmo com o afastamento da massa de ar polar, o ar frio ainda se mantém sobre boa parte do país. Maior destaque dessa semana para a formação de um ciclone que pode adquirir características subtropicais.

ciclone subtropical
Atuação de um ciclone subtropical contribui para o transporte de ar frio para o Centro-Leste e de umidade em boa parte da costa leste do país.

Nesta semana o padrão mais chuvoso e frio, observado nas duas últimas semanas, tende a perder força dando espaço para uma condição mais seca e quente, que deve ganhar mais força a partir da próxima semana.

Para esta semana as chuvas já ficam mais restritas ao extremos norte, sul e leste do país, porém, ainda há transporte de ar frio para boa parte do Brasil, principalmente, para a porção Centro-Leste.

No entanto, o destaque está para a formação de um sistema não muito típico para esta época: a de um ciclone subtropical. Este sistema deve influenciar o leste das regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Mas será que há motivos para pânico? Respondemos a seguir.

Trajetória, evolução e estrutura do possível ciclone subtropical

Na manhã desta segunda-feira (24), o ciclone já está bem nítido quanto à sua representatividade por uma baixa pressão mais afastada no Atlântico na altura do Sudeste e sua trajetória em aproximação do Rio de Janeiro, Espírito Santo e leste da Bahia, ocorrendo ao longo da terça-feira (25) e manhã da quarta-feira (26).

No decorrer do seu trajeto, a baixa pressão ganha intensidade até a madrugada de terça atingindo o valor mínimo de 1004 hPa, segundo o modelo ECMWF, e de 1008 hPa, segundo o modelo GFS. Não se trata de um sistema muito intenso. Além disso, os ventos, até o momento, estão atingindo no máximo 70 km/h, não se sustentando por muito tempo.

Em relação a sua estrutura, os diagramas de fase nos dão uma visão muito mais detalhada. Na primeira imagem abaixo (esquerda) podemos verificar que o ciclone, durante o seu primeiro dia de vida, possui características subtropicais (Asymmetric Warm-Core) e, por um momento, aparentemente, passa a ter uma estrutura de tropical (Symmetric Warm-Core), evoluindo para um sistema extratropical (Asymmetric Cold-Core).

No entanto, ao olharmos para o segundo diagrama (direita), verificamos que o núcleo do ciclone não chega a possuir como um todo características tropicais, uma vez que se mantém raso, não se aprofundando muito, o que pôde ser verificado pelo campo de pressão. Por se tratar de uma estrutura quente e rasa, o sistema pode ser classificado como ciclone subtropical já nesta segunda-feira (24). A partir da terça-feira (25), o ciclone já caminha para uma caracterização extratropical, perdendo também intensidade.

Em resumo, este sistema não trará condições extremas e não deve avançar pelo continente. O seus efeitos mais intensos se limitam ao aumento da agitação marítima, com ondas de 3 a 5 metros e ressaca desde o norte do Rio de Janeiro até Salvador e ventos na costa entre 60 e 75 km/h. Caso os ventos se mantenham sustentados acima de 60 km/h, o sistema passa a ser classificado como tempestade e, pela lista da Marinha, receberia o nome de Mani.

Além dos ventos e da agitação marítima, a presença deste ciclone contribui para a manutenção do transporte de ar frio, que avança até à porção central do país, e de umidade, que deixa o tempo nublado e com ocorrência de chuvas fraca e isolada desde o leste de Santa Catarina até Aracaju. No entanto, devido a aproximação em direção ao continente, os ventos passam a atuar de quadrante sul contribuindo para um tempo ensolarado no leste da Bahia.

Como os ciclones subtropicais são sistemas híbridos, com característica extratropicais e tropicais, a previsibilidade se torna bastante volátil, podendo sofrer muitas mudanças entre modelos e rodadas dos mesmos.