O que esperar da temporada de furacões de 2023? Uma análise da previsão

A temporada de tempestades tropicais no Atlântico está chegando e os especialistas já iniciaram a campanha de preparação com as primeiras previsões de furacões. Mas este ano as coisas não serão fáceis... O El Niño vai complicar a situação?

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Os especialistas esperam uma temporada "abaixo do normal".

A temporada de furacões no Atlântico vai de 1º de junho a 30 de novembro, e estar preparado e atento pode ser a diferença entre a vida e a morte. Por isso, diferentes centros de pesquisa trabalham para informar com a maior antecedência possível sobre as características que se podem esperar da temporada que se inicia.

A atividade da temporada de furacões de 2023 será de cerca de 80% da média da temporada de 1991 a 2020.

Uma das primeiras instituições a emitir uma previsão foi a Universidade Estatal do Colorado (CSU). Seu relatório prevê que a temporada de furacões será normal ou ligeiramente abaixo da média, com 13 tempestades nomeadas. Além disso, a equipe estima que haverá 6 furacões, dois dos quais estão previstos para serem de categoria 3 ou superior.

A atividade da temporada de furacões de 2023 será de aproximadamente 80% da média da temporada de 1991 a 2020”, disseram os pesquisadores da Universidade. Isto é um pouco mais alto do que a temporada de furacões do ano passado, que registrou cerca de 75% da média desse período.

A equipe estima que haverá 6 furacões, dois dos quais estão previstos para serem de categoria 3 ou superior.

A CSU faz sua previsão com base em quatro modelos meteorológicos, que utilizam dados históricos de furacões e avaliam condições como as temperaturas da superfície do mar Atlântico, a ocorrência de El Niño, a pressão ao nível do mar, os níveis de cisalhamento vertical do vento (mudança na velocidade e direção dos ventos com altura na atmosfera), entre outros parâmetros. A CSU emitirá novas atualizações de previsão de furacões em 1º de junho, 6 de julho e 3 de agosto.

Por outro lado, a The Weather Company, uma empresa da IBM e Atmospheric G2, prevê uma temporada um pouco mais ativa, com 15 tempestades nomeadas, sete das quais se tornariam furacões e três devem atingir a categoria 3, 4 ou 5. A expectativa também está definida na National Oceanic Atmospheric Association (NOAA), um dos centros com maior confiança em suas previsões, mas seus relatórios são divulgados no final de maio.

El Niño vs temperatura do Atlântico

As perspectivas para a temporada de furacões de 2023 são mais desafiadoras do que o normal, pois há vários sinais conflitantes na análise, e entender a incerteza nas previsões deste ano será fundamental para ajustar as perspectivas.

Alguns centros fazem suas previsões dando grande peso ao fenômeno El Niño, que, como se sabe, sempre condiciona a atividade da temporada. Em temporadas de furacões com El Niño, é mais normal que ventos de cisalhamento mais fortes sejam registrados sobre o Mar do Caribe e algumas partes adjacentes da bacia do Atlântico. Isso tende a limitar o número e a intensidade de tempestades e furacões, especialmente se o El Niño for forte.

Mas o oceano Atlântico dá indicações do contrário. Grande parte da bacia está agora mais quente do que o normal, especialmente no Golfo do México, frente à costa sudeste dos Estados Unidos e no Atlântico oriental, situação que favorece a formação de tempestades. Portanto, apesar das previsões de uma temporada tranquila, o aquecimento precoce e persistente da água nesta região levanta dúvidas entre os especialistas sobre a confiança que existe na capacidade do El Niño de neutralizar o efeito desse aquecimento.