NOAA atualiza boletim sobre chances de La Niña para os próximos meses; acompanhe

NOAA atualiza boletim de previsão da ENSO para os próximos meses. Organização diz que fenômeno será favorecido entre a primavera e início do verão.

    Anomalia global de temperatura da superfície do mar no dia 14 de agosto de 2025, não mostra sinal de La Niña no Pacífico Equatorial. Crédito da imagem: https://climatereanalyzer.org, Climate Change Institute - University of Maine
    Anomalia global de temperatura da superfície do mar no dia 14 de agosto de 2025, não mostra sinal de La Niña no Pacífico Equatorial. Crédito da imagem: https://climatereanalyzer.org, Climate Change Institute - University of Maine

    No dia 14 de agosto, a agência americana National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) atualizou sua projeção mensal sobre a probabilidade de ocorrência de El Niño, La Niña ou neutralidade.

    O boletim aponta que a condição de neutralidade deve se manter até o fim do inverno e parte da primavera no Hemisfério Sul. Entre agosto e outubro, a anomalia da temperatura da superfície do mar (TSM) no Pacífico Equatorial, na região Niño 3.4, deverá permanecer entre -0,4°C e 0,4°C, faixa que caracteriza o estado neutro do fenômeno El Niño–Oscilação Sul (ENSO).

    A projeção de La Niña ainda exige cuidados, já que os modelos continuam apresentando divergências na previsão da TSM na região Niño 3.4 para os próximos meses.

    O boletim diz ainda que após este período, uma rápida condição de La Niña é favorecida, o que pode trazê-la de volta entre a primavera e o início do verão de 2026, e depois retornar para neutralidade.

    O que os modelos indicam ?

    Conforme já destacado pela equipe da Meteored | Tempo.com, o modelo CFSv2 havia projetado uma queda da TSM na região Niño 3.4 a partir de julho, o que de fato se confirmou. No entanto, as temperaturas ainda não alcançaram o limiar de La Niña de -0,5°C, cuja ocorrência é prevista para os próximos meses.

    Previsão do modelo CFSv2, da NOAA, indica resfriamento do Niño 3.4. Créditos: CPC/NOAA.
    Previsão do modelo CFSv2, da NOAA, indica resfriamento do Niño 3.4. Créditos: CPC/NOAA.

    É importante destacar que os efeitos da redução da TSM não ocorrem de forma imediata. Para que haja impacto climático, é necessário que as anomalias negativas de pelo menos -0,5°C persistam por, pelo menos, de 2 a 3 meses , período que antecede os efeitos da La Niña sobre o Brasil.

    Para que o fenômeno La Niña seja caracterizado, a anomalia da TSM deve se manter abaixo de -0,5°C durante, pelo menos, cinco trimestres móveis consecutivos ou sete meses.

    As últimas rodadas do modelo CFSv2 apontam que esse limiar deve ser alcançado entre o fim de agosto e meados de setembro, mantendo-se até janeiro/fevereiro. Assim, as alterações no clima tendem a se manifestar a partir do verão de 2025/2026.

    A média das previsões dos modelos climáticos para o fenômeno ENSO indicam a permanência da neutralidade até meados de 2026. Créditos: CPC/NOAA.
    A média das previsões dos modelos climáticos para o fenômeno ENSO indicam a permanência da neutralidade até meados de 2026. Créditos: CPC/NOAA.

    Além de apresentar grande complexidade para previsão, o fenômeno tem sido marcado por erros recentes e pela divergência entre os modelos. Embora indiquem redução da TSM, tanto os modelos estatísticos quanto os dinâmicos não apontam que o limiar de La Niña será alcançado até o fim de 2025.

    O que a NOAA diz ?

    A previsão probabilística da NOAA indica que, entre setembro de 2025 e janeiro de 2026, há condições favoráveis para a ocorrência de La Niña. Em seguida, a probabilidade de retorno da fase neutra do ENSO é elevada, devendo se manter até maio de 2026.

    Previsão probabilística indica período favorável a La Niña entre setembro de 2025 e janeiro de 2026. Créditos: CPC/NOAA.
    Previsão probabilística indica período favorável a La Niña entre setembro de 2025 e janeiro de 2026. Créditos: CPC/NOAA.

    Veja algumas características e padrões climáticos esperados no Brasil quando há ocorrência do fenômeno La Niña:

    • Região Sul: chuvas abaixo da média, há riscos de secas e estiagens;
    • Região Nordeste: chuvas acima da média na área leste e umidade mais elevada nos estados ao norte;
    • Região Norte: aumento na quantidade de chuvas e chances de antecipação do período chuvoso;
    • Região Sudeste e Centro-Oeste: impacto incerto, podendo haver chuvas dentro ou abaixo da média.

    Se o La Niña de fato se confirmar, os indícios apontam para um fenômeno de fraca intensidade, já que o evento previsto tende a ter curta duração e pode até mesmo não se consolidar como um episódio típico de La Niña.