Modelo europeu prevê elevado risco de tempo severo no Sul do Brasil; veja as áreas em alerta

O Sul do Brasil enfrenta risco elevado de tempestades severas e chuvas extremas nesta sexta-feira (7). Há elevado potencial de granizo, raios, rajadas de vento de 100 km/h, e chuva torrencial que podem causar alagamentos, inundações e enchentes.

Estão previstas tempestades intensas com muitos raios, granizo, rajadas de vento de 100 km/h e quase 200 mm de chuva em 24 horas. Foto: Enchente em Santa Rosa/RS - Reprodução/Agência RBS.
Estão previstas tempestades intensas com muitos raios, granizo, rajadas de vento de 100 km/h e quase 200 mm de chuva em 24 horas. Foto: Enchente em Santa Rosa/RS - Reprodução/Agência RBS.

A Região Sul do Brasil está sob alerta máximo para tempestades severas e chuvas torrenciais nesta sexta-feira (7). O cenário está associado à formação de um ciclone sobre a região, que deve provocar ventos muito intensos e chuva volumosa, especialmente sobre o Rio Grande do Sul. O modelo europeu ECMWF, de confiança da Meteored, indica que um quadro meteorológico extremo está se configurando.

Previsão de formação de ciclone sobre a Região Sul nesta sexta-feira (7), de acordo com o ECMWF.
Previsão de formação de ciclone (L) sobre a Região Sul nesta sexta-feira (7), com rajadas de vento (escala de cores) da ordem de 100 km/h, de acordo com o ECMWF.

Além das tempestades e rajadas de vento que podem chegar a 100 km/h, a área entre a metade norte do Rio Grande do Sul e o sul de Santa Catarina deve enfrentar um episódio de chuva extrema, com acumulados que podem se aproximar de 200 mm em alguns pontos. Confira os detalhes.

Índice alerta para tempestades intensas e chuvas extremas

O índice de previsão extrema (EFI) do modelo ECMWF é utilizado para realçar o quão extrema é uma previsão em relação ao comportamento “normal” de uma região:

  • Valores entre 0,5 e 0,8 indicam onde é provável que um evento incomum ocorra
  • Valores entre 0,8 e 1,0 indicam onde é provável que um evento extremo ocorra

Ele pode ser aplicado para diversas variáveis meteorológicas, e aqui destacamos o EFI para a precipitação e para o CAPE. O CAPE é uma medida de quanta energia está disponível na atmosfera para formar tempestades.

Em termos de precipitação, o EFI está disparado sobre o Sul do Brasil nesta sexta-feira (7), especialmente sobre o Rio Grande do Sul, mas abrangendo também a região sul de Santa Catarina e oeste do Paraná.

Nessas áreas, onde o normal seria de 50 a 100 mm por dia, as previsões apontam para chuvas acima de 100 mm, podendo chegar a 200 mm no noroeste gaúcho.

EFI do ECMWF para a precipitação nesta sexta-feira (7). Créditos: ECMWF.
EFI do ECMWF para a precipitação nesta sexta-feira (7). Créditos: ECMWF.

Volumes elevados de chuva em curtos períodos de tempo estão diretamente associados a tempestades severas e bem organizadas. Isso se reflete no EFI para o CAPE, mostrado no mapa abaixo.

EFI do ECMWF para o CAPE nesta sexta-feira (7). Créditos: ECMWF.
EFI do ECMWF para o CAPE nesta sexta-feira (7). Créditos: ECMWF.

Uma ampla faixa, que vai da metade norte do Rio Grande do Sul até o sul do Centro-Oeste e Sudeste, apresenta condições para o desenvolvimento de sistemas convectivos vigorosos.

Embora as tempestades sejam mais abrangentes na Região Sul, à noite elas devem avançar para o sul do Mato Grosso do Sul, onde há condições favoráveis à formação de supercélulas (tempestades que podem gerar tornados).

Tempestades e chuvas torrenciais começam de madrugada

A região de baixa pressão atmosférica que irá formar o ciclone sobre o continente começará a se intensificar e estender um cavado (área alongada de baixa pressão, linha tracejada no mapa abaixo) sobre a Região Sul nas primeiras horas da madrugada de sexta-feira (7).

Tempestades intensas com chuva torrencial são esperadas entre a madrugada e o amanhecer, especialmente entre o oeste e noroeste do Rio Grande do Sul e o sudoeste de Santa Catarina, com acumulados de até 100 mm em apenas 7 horas entre São Borja (RS) e Santa Rosa (RS).

A população dessas áreas deve manter alerta máximo para alagamentos e inundações súbitas durante a madrugada, um risco adicional já que o evento ocorre enquanto a maioria das pessoas dorme, reduzindo o tempo de resposta a emergências.

Previsão de tempestades (escala de cores) e de cavado (indicado pela linha branca tracejada no campo de pressão) nesta sexta-feira (7), de acordo com o ECMWF.
Previsão de tempestades (escala de cores) e de cavado (indicado pela linha branca tracejada no campo de pressão) nesta sexta-feira (7), de acordo com o ECMWF.

Ao longo do dia, com a formação efetiva do ciclone, as tempestades se espalham pela metade norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e oeste do Paraná.

Previsão de tempestades no fim da tarde de sexta-feira (7), de acordo com o ECMWF.
Previsão de tempestades no fim da tarde de sexta-feira (7), de acordo com o ECMWF.

À noite, as tempestades alcançam também o sudoeste do Mato Grosso do Sul (onde ganham força) e o interior de São Paulo.

Rio atmosférico e acumulados de quase 200 mm

A chuva será mais volumosa sobre o Rio Grande do Sul, principalmente devido à atuação de um intenso rio atmosférico ao longo de toda a sexta-feira (7). Um rio atmosférico é uma enorme quantidade de umidade transportada via jato de baixos níveis desde a região amazônica.

Previsão de intenso rio atmosférico nesta sexta-feira (7).
Previsão de intenso rio atmosférico nesta sexta-feira (7).

A metade norte do Rio Grande do Sul deve registrar chuva forte e persistente desde a madrugada até a noite. Mesmo com perda gradual de intensidade à noite, pancadas fortes ainda devem ocorrer no norte e nordeste do estado.

Previsão de chuva acumulada até o final da noite de sexta-feira (7), de acordo com o ECMWF.
Previsão de chuva acumulada até o final da noite de sexta-feira (7), de acordo com o ECMWF.

Os maiores acumulados de chuva estão previstos para:

  • Metade norte do Rio Grande do Sul, especialmente no Noroeste do estado
  • Sudeste de Santa Catarina
  • Sudoeste do Paraná
  • Sudoeste de Mato Grosso do Sul

Nestas áreas a precipitação tende a ultrapassar 100 mm em 24 horas, sendo que os valores máximos podem se aproximar dos 180 mm, no Noroeste do Rio Grande do Sul. O cenário é grave e requer atenção das autoridades e da população para reduzir riscos e impactos.