Clima de Setembro: previsão e impactos
Setembro é um mês extremamente importante, pois representa o início da primavera e da mudança de padrão de distribuição das chuvas e da temperatura no Brasil. Aqui é discutido com será feita essa transição e os fatores que vão influenciar.

O mês de Setembro é extremamente importante no Brasil, pelo fato de representar a transição do inverno para a primavera e com isso trazer mudanças no padrão de chuvas e de temperatura em todo país. É quando a safra de verão começa a ser plantada e o setor agrícola passa a olhar com atenção para o início da quadra chuvosa, bem como o setor energético, na questão de geração de energia das principais bacias do Brasil.
A seguir serão discutidos quais fatores influenciarão as condições meteorológicas e o que esperar no decorrer de Setembro em todo o país.
Oscilação Antártica e os oceanos Atlântico e Pacífico
O fraco e não influente El Niño foi extinto em Julho e as previsões mostram um pequeno aquecimento da porção central do Pacífico Equatorial nos próximos meses, porém não é suficiente para provocar impactos no Brasil. Assim, para Setembro e os meses seguintes a condição do ENOS será de neutralidade, ou seja, nada de El Niño e tampouco La Niña.
Já o Oceano Atlântico será mais influente. A porção mais ao sul do Atlântico Norte, mais especificamente no sudeste dos EUA, está um pouco mais aquecida que o normal, o que vem proporcionando um enfraquecimento dos ventos que contribuem para o transporte de umidade para o norte do país. A previsão é de que anomalias positivas de até 1°C se mantenham ao longo do mês, contribuindo para chuvas irregulares para o norte e oeste da Região Amazônica.
#Clima
— Tiago C. Robles (@tiagocrobles) September 2, 2019
Oscilação Antártica (AAO) e Oceano Atlântico são os fatores que vão influenciar o mês de Setembro. Já o #ENOS em neutralidade, mostra que o Pacífico Equatorial não influenciará o clima no Brasil tão cedo.
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Ainda falando de Atlântico, mas agora para as condições de temperatura da superfície da porção sul. Essa região influencia de forma imediata na “qualidade da chuva”, ou seja, passa a idéia de chuvas mais volumosa e persistente ou de baixo volume e rápidas na passagem de sistemas frontais. Anomalias negativas representam águas mais frias e baixa taxa de evaporação, condição esta que se fará presente na costa da Região Sul e do Sudeste.
Em relação à Oscilação Antártica (AAO), este fator vem sendo bastante importante ao longo do ano, pelo fato de ter “tomado as rédeas” das condições meteorológicas no Centro-Sul do país. Tendências positivas favorecem uma diminuição da frequência de sistemas frontais e logo diminuição das chuvas e aumento das temperaturas. Já as negativas, correspondem ao aumento da frequência de chuvas e da possibilidade de massas de ar polar mais intensas durante o inverno e início da primavera.
Previsão climática para Setembro
O modelo CFSv2 foi utilizado para a discussão, pelo de representar melhor um cenário a de distribuição de chuvas e de temperatura sob a influência dos fatores acima. As anomalias de precipitação mensal passam a idéia de que as chuvas serão mais frequentes e volumosas na Região Sul, com temperaturas mais baixas. Isso, pelo fato de a AAO manter o índice negativo e neutro durante a primeira quinzena. A tendência positiva, mas com índice negativo, corresponde a frequência de frente frias, mas que não possuem amplitude suficiente para avançar pelo Centro-Sul.
#Clima #Setembro
— Tiago C. Robles (@tiagocrobles) September 2, 2019
O modelo CFSv2 mostra que as chuvas se manterão mais concentradas na Região Sul, com tempo seco e temperaturas elevadas no restante do país.
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Na segunda quinzena do mês, há o indicativo do aumento de frentes frias, porém, como o Oceano Atlântico Sul está mais frio, não há condição favorável para chuvas volumosas. Assim, Setembro ainda será de pouca chuva para o Centro-Oeste e Sudeste. Já no leste do Nordeste, a anomalia positiva de temperatura do oceano favorece a manutenção das chuvas, principalmente, entre o norte da Bahia e o estado do Alagoas.
Agricultura, energia e queimadas
Na Região os impactos serão favoráveis nos dois setores. Com o término do vazio sanitário da soja, os produtores terão condições favoráveis de umidade para o estabelecimento inicial da cultura. As chuvas de Setembro trazem aumento da vazão do Sistema Sul, promovendo uma recuperação dos volumes de algumas bacias, principalmente, no leste de Santa Catarina e no sul do Paraná. Mesmo não atingindo todo o sistema, já é um cenário mais favorável em relação a Julho e Agosto.
Já no Centro-Oeste e no Sudeste, o preparo do solo e o plantio ainda deverão esperar até meados de Outubro, quando as chuvas tendem a ocorrer com mais regularidade e abrangência. Para o setor elétrico, os volumes de chuvas ainda estarão baixos, bem como para o Sistema Norte, onde o Atlântico Norte aquecido mantém as chuvas irregulares. De maneira geral, a geração de energia para todo o país ainda será baixa. Em relação as queimadas, com a manutenção do tempo seco e quente, as condições continuam bastante favoráveis no Centro-Norte do país e há risco de o número de focos deste ano ser superior ao ano passado.