Resiliência: quais plantas são as primeiras a brotar após um incêndio florestal?

    Incêndios florestais devastam milhares de hectares todos os anos no mundo todo, mas a natureza tem uma capacidade impressionante de regeneração. Após um incêndio, algumas plantas conseguem brotar rapidamente e iniciar a recuperação do ecossistema.

    Os incêndios são o flagelo dos verões na Espanha, por exemplo, e eles estão com um potencial de destruição cada vez maior.

    Todos os verões, incêndios florestais devastam milhares de hectares em todo o mundo, deixando uma paisagem desolada de cinzas, troncos carbonizados e um aparente silêncio no ecossistema. E o verão de 2025 tem sido particularmente catastrófico na Espanha, onde milhares de hectares já foram queimados.

    No entanto, após essa destruição, a natureza demonstra uma impressionante capacidade de resiliência. Em alguns casos, poucos meses após o incêndio, pequenos brotos verdes começam a aparecer, os primeiros sinais de retorno da vida.

    Estratégias de sobrevivência das plantas

    Ao longo da evolução, muitas plantas aprenderam a coexistir com o fogo, especialmente nos ecossistemas mediterrâneos, australianos e norte-americanos, onde os incêndios são comuns.

    Algumas espécies têm sementes cobertas por uma casca dura que só se rompe em calor extremo; outras armazenam reservas de nutrientes em suas raízes para germinar rapidamente.

    Ecologistas costumam se referir a essas espécies como pioneiras, pois são as primeiras a colonizar a terra após um incêndio. Sua função crucial é estabilizar o solo, prevenir a erosão, reter a umidade e preparar o terreno para a chegada de árvores, arbustos e outras formas de vida posteriormente.

    As primeiras a brotar: protagonistas da regeneração

    Abaixo, contamos quais plantas normalmente brotam após um incêndio.

    • Ervas anuais e gramíneas: essas plantas de crescimento rápido surgem nas semanas seguintes a um incêndio. Suas sementes, muitas vezes dispersas pela luz e pelo vento, conseguem sobreviver sob as cinzas e, graças à sua rápida germinação, cobrem o solo e fornecem alimento para pequenos herbívoros.
    • Samambaias: em áreas úmidas ou montanhosas, as samambaias estão entre as primeiras a cobrir o solo queimado com seus esporos. Resistentes e abundantes, elas encontram um ambiente favorável em solo enriquecido com cinzas.
    • Espécies mediterrâneas: a flora mediterrânica é especialmente adaptada ao fogo. Por exemplo, a esteva (Cistus) tem sementes que germinam melhor após exposição ao calor, enquanto a giesta brota de suas raízes, cobrindo rapidamente grandes áreas queimadas. A palmeira-leque também se destaca por sua grande resistência.
    • Pinheiro mediterrâneo: algumas espécies de pinheiro (como o pinheiro-resinoso) têm pinhas chamadas serotinosas, que só liberam suas sementes quando o calor do fogo as quebra.
    • Quercíneas, por exemplo, azinheiras, sobreiros e carvalhos: embora suas copas possam estar danificadas, suas raízes profundas retêm energia suficiente para brotar novamente e, em poucos meses, pequenos caules verdes começam a emergir do tronco carbonizado.

    A crescente ameaça das mudanças climáticas

    Incêndios sempre ocorreram em ecossistemas mediterrâneos — isso é um fato inegável — mas estão se tornando mais intensos, extremos e frequentes devido à combinação de mudanças climáticas e atividade humana.

    Com esses incêndios mais intensos e generalizados, a capacidade natural de regeneração das florestas pode ser sobrecarregada se o solo for muito erodido ou se as altas temperaturas destruírem as sementes. O ecossistema leva muito mais tempo para se recuperar e pode até se transformar em um tipo diferente de paisagem.

    Portanto, o manejo florestal e a prevenção são essenciais, incluindo a manutenção de aceiros e a eliminação do excesso de combustível vegetal, entre outras medidas.