Planta-chave do sertão: licuri ganha destaque na bioeconomia nordestina; entenda

O licuri é um fruto típico da Caatinga, da árvore licurizeiro, uma espécie de coquinho pequeno. Entenda como este fruto está mudando a realidade no sertão baiano e contribuindo com a economia nordestina.

A palmeira licurizeiro (Syagrus coronata) dá um pequeno fruto tipo coquinho, o licuri, de casca dura e polpa amarela, e que vem ganhando destaque na economia nordestina. Crédito: Divulgação.

A Caatinga é um bioma brasileiro com vegetação adaptada ao clima semiárido, localizado predominantemente na Região Nordeste do país, e que abriga diversas espécies de plantas. E um levantamento feito por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) mapeou várias espécies nativas de plantas deste bioma que são utilizadas por comunidades locais e decidiu estudar mais a fundo uma delas: o licurizeiro (Syagrus coronata).

Trata-se de uma das principais palmeiras nativas do Semiárido nordestino, que mede de 8 a 11 metros de altura, tendo folhas com mais ou menos 3 metros de comprimento e frutos pequenos de casca dura e polpa amarela que se assemelham ao popular “coquinho”, os licuris.

A amêndoa do licuri é usada na alimentação; a palha da palmeira vira itens como chapéus, bolsas e cestos; e o bagaço é aproveitado como ração animal.

Considerado um tesouro da caatinga, o licurizeiro é uma espécie muito importante para os povos tradicionais da região, pois além de seus frutos servirem de alimento, os óleos extraídos do licuri, e as suas fibras e palhas são transformadas em matéria-prima para o artesanato, uma fonte de renda para as comunidades locais.

O que já foi descoberto sobre os potenciais do licuri

Estudos já desenvolveram um tipo de composto à base de óleo de licuri que serviu tanto para o tratamento de feridas quanto para auxiliar terapias contra dores variadas, inflamações e até quadros de febre.

licuri, fruto
O licuri tem amêndoa rica em óleo com potencial para inúmeras aplicações. Crédito: Wikimedia Commons.

Também já foi identificada a presença de ácido láurico no fruto, um composto graxo saturado que é muito procurado mundialmente pela indústria dos cosméticos.

Na indústria de alimentos, o licuri é vendido torrado ou como ingrediente para doces típicos, bolos, iogurte e bombons, entre outros itens. Até mesmo cervejas feitas a partir do fruto já estão sendo desenvolvidas e comercializadas.

Novas oportunidades de renda com o licuri

Sabendo de todos esses benefícios do licuri, agora a ciência pode ampliar horizontes e realizar novas pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos a partir do fruto. Pesquisadores acreditam na possibilidade de desenvolver e prospectar novos produtos.

Agora, os pesquisadores estão avançando na área farmacológica. Eles querem produzir uma loção cremosa com propriedades cicatrizantes, substituindo o óleo de girassol importado pela substância extraída do licuri. Esse produto pode gerar mais renda e dar acesso a novos mercados para comunidades que vivem da agricultura familiar. A loção deve ser desenvolvida a partir de 2026, e pode chegar ao mercado em até 5 anos.

Uma bolsa feita com a palha e a fibra do licuri, um dos produtos vendidos pela Cooperativa Mulheres do Catimbau, do Vale do Catimbau, em Pernambuco. Crédito: Imagem cedida pela Cooperativa Mulheres do Catimbau.

Há ainda outras possibilidades de novos produtos para a bioeconomia nordestina, como o resíduo seco da extração do óleo do licuri. Este resíduo consiste em uma farinha rica em proteínas e aminoácidos essenciais, e poderá ser usado na indústria de alimentos e de cosméticos.

Entre outros subprodutos em desenvolvimento, estão pães sem glúten e bebidas lácteas para pessoas intolerantes ao consumo de leite animal.

Referências da notícia

Tesouro da Caatinga, licuri ganha novos horizontes na bioeconomia graças à ciência. 26 de agosto, 2025. Rafael Dantas.

Licuri: o fruto que mudou a realidade no sertão baiano. 24 de maio, 2025. Jaqueline Deister.