IPCC alerta o mundo sobre as consequências do aquecimento global

Um novo relatório lançado pelo IPCC alerta sobre os possíveis impactos de um planeta 1.5°C mais quente. De acordo com o relatório, infelizmente estamos próximos de atingir esse limite e nem mesmo as metas do Acordo de Paris poderão barrar esse aquecimento.

Os efeitos do aquecimento global já são perceptíveis e poderão se agravar em uma atmosfera 1.5°C mais quente.

Nessa segunda-feira (08/10) foi publicado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) um relatório especial sobre os impactos do aumento de 1.5°C da temperatura média global. Esse limiar de 1.5°C havia sido estabelecido pelo Acordo de Paris em 2015, como sendo o limiar o qual não deveríamos ultrapassar para não sofrermos graves consequências no futuro. Entretanto, o relatório mostra que, infelizmente, estamos próximos de atingir esse limite...

O IPCC é uma organização político-científica criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Mundial Meteorológica (OMM) em 1988, com o objetivo de sintetizar e divulgar as principais informações científicas, técnicas e socioeconômicas sobre as mudanças climáticas. Atualmente 195 países fazem parte do IPCC (incluindo o Brasil) e milhares de cientistas do mundo inteiro contribuem para seus trabalhos.

Após a aprovação do Acordo de Paris, o IPCC foi convidado a elaborar esse relatório a fim de alertar os governantes mundiais e a população sobre quais seriam os impactos de um aquecimento igual ou superior a 1.5°C e o quão longe estamos de atingir esse limiar.

Quão longe estamos do 1.5°C?

Bem, infelizmente, não muito longe. De acordo com o relatório, provavelmente atingiremos esse limiar em 2030, ou mais tardar em 2052. Atualmente as atividades humanas já causaram um aquecimento de aproximadamente 1.0°C na temperatura média global, e, se as emissões de gases de efeito estufa (GEE) continuarem no ritmo atual, em 2030 nós estaremos sofrendo com as consequências desse aquecimento.

Para não ultrapassarmos o limiar de 1.5°C a emissão de gás carbônico deve ser reduzida em 45% dos níveis observados de 2010 até o ano de 2030, e alcançando a emissão zero até 2050. E para não ultrapassarmos o limite do pior cenário estabelecido pelo Acordo de Paris, o aquecimento de 2°C, a redução de gás carbônico deve ser de 20% até 2030, atingindo a emissão zero até 2075.

Os cenários gerados via simulações numéricas mostram que uma grande redução da emissão de GEE é necessária para frear o aquecimento. Fonte: IPCC.

De acordo com o relatório, os compromissos estabelecidos pelas nações no Acordo de Paris não são o suficiente. Com os atuais compromissos e metas estabelecidas de redução de emissões, não conseguiríamos limitar o aquecimento da Terra em 1.5°C, podendo facilmente passar de 2°C, mesmo se houvessem bruscas reduções das emissões depois de 2030. Isso foi estimado antes mesmo da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.

Quais as consequências desse aquecimento?

Como já sabemos, diversas evidências já mostram as consequências de um aquecimento da atmosfera, como a maior frequência e intensidade de ondas de calor, de eventos extremos, a perda de ecossistemas marinhos, o aumento da intensidade dos furacões e a ocorrência de secas. Todas essas consequências se agravarão com uma atmosfera 1.5°C mais quente, e ficarão ainda mais graves com uma atmosfera 2°C mais quente.

Por fim, os pesquisadores sugerem um maior investimento nas fontes de energia limpa, mudanças na infraestrutura das cidades, transporte, nas indústrias, e também em métodos de remoção de carbono, como a criação de grandes estoques de carbono ou reflorestamento/florestamento, para conseguirmos frear o aquecimento da atmosfera e minimizar seus efeitos no clima futuro.