Vapes alteram a estrutura dos dentes e aumentam o risco de cáries, alerta novo estudo
Um novo estudo realizado em laboratório identificou que o uso contínuo de cigarros eletrônicos aumenta os riscos de ter cáries e modifica a superfície dos dentes. Veja mais detalhes.

Os cigarros eletrônicos, conhecidos popularmente como vapes, têm sido objeto de estudo de várias pesquisas nos últimos anos, já que eles são tão prejudiciais à saúde como o cigarro convencional e seu uso vem aumentando entre o público jovem. Um dos sérios problemas é a presença da nicotina, uma substância química psicoativa, altamente viciante que altera o funcionamento do cérebro e pode causar dependência, além de trazer problemas de saúde.
Inclusive, já noticiamos aqui sobre um estudo que identificou que usuários de vapes apresentaram até 6 vezes mais nicotina no sangue do que aqueles que usam cigarros convencionais diariamente há muito tempo.
Agora, um novo estudo realizado por pesquisadores brasileiros, da Universidade de São Paulo (USP), e divulgado na revista ‘Archives of Oral Biology’, identificou que a exposição aos vapes aumenta o risco de adquirir cáries e altera a superfície dentária. Veja mais detalhes dessa descoberta abaixo.
Os riscos dos cigarros eletrônicos à saúde bucal
Os pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP decidiram investigar as consequências a longo prazo do uso de cigarros eletrônicos nos tecidos dos dentes.
Para isso, eles desenvolveram um tipo de equipamento que simula trago e inalação do vapor de vapes em dentes humanos (imagem abaixo), utilizando um líquido inalador próprio para cigarros eletrônicos, e definiram um protocolo que consistia em inalar tragos de três segundos, com intervalos de um minuto entre cada um. Esse procedimento contínuo foi mantido por quatro horas por dia e durante 30 dias.

Os dentes que foram usados no equipamento foram dentes molares humanos mesmo, obtidos do Biobanco de Dentes Humanos da Forp. Vitória Paschoini-Costa, coautora do estudo, explicou em entrevista ao Jornal da USP que um “biobanco é uma estrutura institucional que armazena amostras biológicas, como dentes, de forma organizada e ética, para serem utilizadas em pesquisas científicas”.
Após vários testes e análises, os pesquisadores observaram que houve uma desmineralização do esmalte e dentina, ou seja, houve uma redução da “microdureza do esmalte, da dentina e da dentina radicular, o que tornou essas estruturas mais vulneráveis a danos. Além disso, houve mais facilidade para a ocorrência de cáries agravadas pelo aquecimento do líquido dos cigarros eletrônicos.
Aline Evangelista de Souza Gabriel, autora principal do estudo, explicou que “as maiores irregularidades na superfície do esmalte após o uso do vape combinadas com o vapor do líquido do cigarro eletrônico que se acumula nos dentes, facilita a adesão da bactéria Streptococcus mutans. Essa bactéria é o principal agente etiológico da cárie dentária.

A bactéria Streptococcus mutans usa os componentes do líquido para formar um biofilme, uma película de microrganismos que adere ao dente, desmineralizando a superfície do esmalte e comprometendo sua estrutura, o que deixa os dentes mais vulneráveis.
Os pesquisadores ressaltam a importância desses resultados para a compreensão da saúde oral em relação ao uso dos vapes, mas também destacam que são necessárias mais pesquisas de longo prazo para entender plenamente os impactos dessa prática (uso de vapes).
Referências da notícia
E-cigarette exposure increases caries risk and modifies dental surface in an in vitro model. 14 de novembro, 2024. Souza-Gabriel, et al.
Cigarro eletrônico altera estrutura dos dentes e aumenta risco de cáries. 31 de janeiro, 2025. Leonardo Ozima.