“Upsweep”, o som inexplicável do Pacífico que confunde os cientistas há anos

Desde 1991, a NOAA investiga os sons misteriosos do oceano, incluindo os enigmáticos Upsweep, Bloop, Julia e Slow Down. De onde eles vem?

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Registro do 'Upsweep' nos sensores da NOAA.

Apesar de todos os esforços científicos que têm sido feitos para documentar e registrar as profundezas do mar, atualmente temos apenas 5% dos oceanos mapeados. Não admira que os 95% restantes estejam cheios de fenômenos inexplicáveis. E os sons são um deles!

Ao longo dos anos, as expedições registraram muitos ruídos estranhos e maravilhosos vindos do oceano. Com a tecnologia moderna, a origem de alguns deles pode ser descoberta, enquanto a de outros permanece um mistério.

Um dos ruídos mais famosos e desconcertantes são os chamados Upsweep Sounds, que se traduz como “som de varredura ascendente”. O nome vem do fato de que os sons aumentam repetidamente da baixa para a alta frequência. Aos ouvidos humanos, lembram a sirene de uma ambulância, e alguns comparam-no ao uivo de uma criatura sobrenatural.

O som arrebatador é um tipo de sinal auditivo que muda gradualmente sua frequência ao longo do tempo.

Os Upsweep já estavam presentes quando o Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico da NOAA começou a gravar seu sistema de vigilância sonora, SOSUS, em agosto de 1991. As medições registraram uma longa sequência de sons ascendentes de banda estreita, cada um com cerca de 3 segundos de duração.

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O som parece ser sazonal e geralmente atinge o pico na primavera e no outono, mas não está claro se isso se deve a mudanças na fonte ou a mudanças sazonais no ambiente de propagação.

Os sons foram detectados em regiões profundas do oceano, portanto, a investigação de sua origem exigiria tecnologia submersível ou de mergulho avançada que pudesse suportar pressões extremamente altas em profundidade.

A fonte é difícil de identificar, mas eles acreditam que pode estar localizada aproximadamente a 54°S 140°W, entre a Nova Zelândia e a América do Sul. Ele está localizado perto de uma região de atividade vulcânica inferida, mas os cientistas não têm certeza se esta é a verdadeira fonte do ruído. Além disso, os especialistas dizem que também não há variação suficiente no tom do som para que ele venha de algo biológico, como um animal.

Embora ainda seja detectável com os instrumentos sofisticados da NOAA, o volume do Upsweep tem diminuído nas últimas décadas.

Bloop e outros sons misteriosos

Em 1997, a NOAA detectou um som extremamente poderoso e de frequência ultrabaixa passando pelo Oceano Pacífico Sul com uma intensidade comparável à de uma explosão de TNT a milhares de quilômetros de distância.

O som durou apenas cerca de um minuto e foi ouvido repetidamente durante o verão.

Recebeu o nome de “Bloop” porque soava aos sensores como uma gota d'água caindo em uma banheira. A fonte do som se triangulou até um ponto remoto no sul do Oceano Pacífico, a oeste do extremo sul da América do Sul. Mas a origem era um mistério porque diferia dos sons conhecidos e porque era várias vezes mais alto do que o animal mais barulhento já registrado, a baleia azul.

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As teorias mais aceitas até o momento indicam que podem provir da quebra de icebergs na Antártica ou de terremotos subaquáticos, devido à semelhança com as ondas sísmicas.

Julia e Slow Down

'Julia' foi um som gravado em 1º de março de 1999 pela NOAA. Foi tão intenso que todos os sensores ouviram. Durou aproximadamente 2 minutos e 43 segundos.

Mas o mais longo foi o 'Slow Down', gravado em 19 de maio de 1997, e que recebeu esse nome porque a frequência do som diminuiu lentamente ao longo de cerca de sete minutos. Acredita-se que esse som foi causado pela fricção de um iceberg gigante movendo-se sobre terra firme até parar completamente.

Os sons misteriosos desta parte inexplorada do planeta nos lembram que apesar dos avanços tecnológicos, a natureza ainda guarda segredos que despertam a nossa curiosidade e alimentam a imaginação.