Remédio para insônia pode proteger o cérebro contra o Alzheimer, mostra novo estudo

Um novo estudo publicado na revista Nature Neuroscience revelou que um medicamento utilizado para insônia pode oferecer proteção ao cérebro contra doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.

idoso com Alzheimer
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta a memória, o pensamento e o comportamento, e principalmente as pessoas idosas.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa em que a pessoa apresenta dificuldade para se lembrar de informações recentes, desorientação e perda progressiva da capacidade de realizar as tarefas cotidianas. É mais comum em idosos, mas também pode ocorrer em pacientes mais jovens (mas é raro).

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade (idosos), e suas causas exatas ainda não são totalmente compreendidas pela ciência.

E recentemente, um estudo publicado na revista científica Nature Neuroscience apontou que um remédio utilizado para tratar insônia pode proteger o cérebro contra doenças neurodegenerativas como o Alzheimer. Entenda melhor abaixo.

Remédio trata insônia e previne doenças neurodegenerativas

No estudo pré-clínico realizado com camundongos, pesquisadores da Universidade de Washington, em St. Louis, nos Estados Unidos, com parceria da empresa farmacêutica japonesa Eisai, apontaram um medicamento usado para tratar a insônia como uma opção promissora contra o Alzheimer.

O medicamento em questão é o Lemborexant (comercializado como Dayvigo no exterior), que se mostrou capaz de proteger o cérebro dos camundongos contra o acúmulo da proteína Tau — proteína associada à progressão do Alzheimer.

Importante: o medicamento Lemborexant foi aprovado como um tratamento eficaz para a insônia em 2019 pela Food and Drug Administration (FDA), o órgão regulador de remédios nos Estados Unidos. Aqui no Brasil, ele segue em análise pela Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) desde 2022.

E como essa proteção ocorre? O Lemborexant age bloqueando a orexina, um neuropeptídeo que regula o sono e o estado de vigília, e reduzindo significativamente a presença da proteína Tau. Foi observado que ao desativar geneticamente o receptor da orexina, houve uma redução da proteína Tau, indicando um possível envolvimento da Orexina no avanço da neurodegeneração.

Os resultados mostraram que o Lemborexant melhorou a qualidade do sono e reduziu os níveis da proteína Tau no cérebro dos animais. E mais: o medicamento preservou entre 30% e 40% mais volume cerebral no hipocampo, a região crítica para a memória.

“Mostramos que o Lemborexant melhora o sono e reduz a Tau anormal, que parece ser o principal fator responsável pelos danos neurológicos observados no Alzheimer e em vários distúrbios relacionados”, comentou em um comunicado David Holtzman, neurologista e coautor do estudo.

mulher dormindo
Dormir bem para manter o cérebro saudável: remédio comum usado para tratar insônia pode ser aliado contra o Alzheimer.

Contudo, nem tudo é tão fácil assim… há algumas limitações neste estudo, como os próprios autores esclarecem.

Algumas questões precisam ser melhor investigadas, já que o efeito de proteção do cérebro foi visto apenas em camundongos machos. Além disso, o Lemborexant tem aprovação para uso apenas no curto prazo. Os efeitos do seu uso contínuo ainda são desconhecidos pela ciência.

Referências da notícia

Remédio para insônia reduz proteína ligada ao Alzheimer, mostra estudo. 20 de junho, 2025. Jorge Agle.

Lemborexant ameliorates tau-mediated sleep loss and neurodegeneration in males in a mouse model of tauopathy. 27 de maio, 2025. Parhizkar, et al.