Projeto de jovens brasileiros que visa limpar os oceanos conquistou a NASA

Os microplásticos podem ser encontrados em forma de fragmentos, fibras e grânulos, sendo responsáveis pela maior parte da poluição dos oceanos. A estimativa é que em 2050 haverá mais plásticos do que peixes nos oceanos. Baseado nisso, estudantes brasileiros criaram um dispositivo inovador que tem a capacidade de retirar essas partículas da água.

Poluição dos oceanos
Macroplásticos deteriorados formam microplásticos, que afetam a fauna marinha.

Microplásticos são minúsculos detritos plásticos oriundos da fragmentação de plásticos maiores. São encontrados, principalmente, em formas de partículas de tamanho inferior a 5 mm. Esses plásticos podem já apresentar esse tamanho ou atingi-lo por meio da degradação, que contamina o oceano.

A primeira vez que os microplásticos foram detectados no meio ambiente foi em 1970 e logo passaram a ser um fator de preocupação por poluírem cada vez mais os ambientes aquáticos. Desde que foi verificada a primeira ocorrência de microplásticos no ambiente aquático, a quantidade dessas partículas só vem aumentando, causando danos à biota aquática.

A tendência e expectativa é que a utilização desses plásticos na fabricação de alguns produtos e seu descarte sejam proibidos!

O impacto ambiental mais comum está relacionado com a ingestão do microplástico por animais aquáticos, o que pode levá-los à asfixia, lesões em órgãos internos ou ao bloqueio do trato gastrointestinal. Além dos danos físicos, os microplásticos podem causar danos tóxicos aos seres vivos, devido a grande capacidade de absorção de compostos de alta toxicidade que apresentam, tais como metais pesados e hidrocarbonetos.

Em decorrência da preservação ambiental e de seres vivos marinhos, já existe um consenso sobre a necessidade de implementar e aplicar formas de reduzir o descarte de plásticos no ambiente aquático. No entanto, o cenário ainda não é promissor!

Baseado nesse cenário de difícil implementação e com soluções, muitas vezes, difíceis de serem alcançadas, um grupo de cinco jovens (Antonio Rocha, Genilson Brito, Pedro Dantas, Ramon de Almeida e Thiago Barbosa) de Salvador, Bahia, desenvolveram um dispositivo considerado “criativo, escalável, inovador e viável” que tem a finalidade de retirar os microplásticos dos oceanos.

O dispositivo, chamado de Ocean Ride, foi inspirado na máquina eletrostática inventada em 1931, nos Estados Unidos, chamada Gerador Van Der Graaff. Essa máquina foi considerada de extrema importância nas descobertas de Física Nuclear por produzir altas tensões e ser utilizada na aceleração das partículas de átomos.

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Os jovens estudantes conseguiram desenvolver um sistema capaz de atrair o microplástico por meio de corrente eletrostática. É como se o Ocean Ride funcionasse como uma rede, em que a água do mar adentra o equipamento, seu sistema atrai apenas as partículas de microplástico, posteriormente um filtro de microporosidade as retém. Com isso, a água do mar que sai do dispositivo é devolvida aos oceanos livre dos resíduos.

O projeto saiu de uma competição e virou uma coisa séria. Deixou de ser um trabalho de escola e virou um projeto de vida - contou Pedro.

Esse equipamento foi testado na Baía de Todos os Santos, na Bahia, e seus resultados obtiveram sucesso. Sendo assim, pode ser instalado facilmente em qualquer plataforma marítima ou embarcação. Com esse dispositivo, o grupo de jovens, chamado Cafeína Team, garantiu o primeiro lugar em um hackathon global da National Aeronautics and Space Administration (NASA), superando 29 mil competidores de mais de 80 países.

O que são os Hackathons?

Os hackathons costumam ser realizados em equipe e consiste de uma maratona de programação que incentiva o desenvolvimento de ideias inovadoras para solucionar determinados problemas empresariais ou sociais. No caso, os estudantes de Administração Antonio, Genilson e Pedro se juntaram ao aluno de Engenharia Química, Ramon, e ao estudante de Análise de Desenvolvimento de Sistemas, Thiago - formando o Cafeína Team.

Na época, a NASA desafiou os participantes do evento a desenvolver projetos que pudessem solucionar graves problemas que assolam o mundo. Dentre as categorias de tema que foram propostos, eles decidiram que tentariam resolver a quantidade de lixo que é jogada no mar todos os dias. Foi assim que nasceu o Projeto Ocean Ride, vencedor da etapa global da NASA International Space Apps Challenge, o maior hackathon do mundo!