Pesquisadores brasileiros descobrem novo vírus gigante no Pantanal e surpreendem com genoma inédito
Os pesquisadores encontraram no Rio Paraguai, dentro do pantanal brasileiro, o maior vírus gigante com cauda, que surpreende por seu genoma inédito e cauda flexível. Veja aqui mais informações.

Pesquisadores brasileiros descobriram no Pantanal um vírus que chamou atenção pelo tamanho e pela estrutura. Ele foi encontrado isolado, em amostras de água do rio Paraguai, no município de Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, e recebeu o nome de Naiavírus.
Este é considerado um dos achados mais surpreendentes da virologia recente, pois é o primeiro vírus gigante envelopado descoberto (que possui uma membrana externa envolvendo o capsídeo). A descoberta foi divulgada em um artigo recente publicado na revista científica Nature Communications.
Que vírus é esse?
Primeiramente… o que é um vírus com cauda? Este vírus, também chamado de bacteriófago, é um tipo de vírus que infecta bactérias e possui uma estrutura característica com uma cabeça geométrica, uma cauda e filamentos de fixação.
E esta descoberta recente do Naiavírus no Brasil chamou a atenção por ele ter a maior cauda já descrita pela ciência. Ele mede cerca de 1.350 nanômetros (nm), e para encontrá‑lo, a equipe de pesquisadores analisou um total de 439 amostras até encontrar os seus sinais em uma única amostra.
A sua cauda de aparência membranosa chamou atenção por sua flexibilidade e por variar de tamanho. Os pesquisadores observaram que ela é capaz de se dobrar, esticar e encolher em resposta ao ambiente — uma característica rara entre os vírus conhecidos.
Mas não é apenas o seu tamanho que impressiona. Seu genoma traz algo totalmente novo: com genes inéditos na biologia, ao lado de genes tipicamente celulares, ligados à tradução, ribossomais e relacionados ao metabolismo de DNA e RNA.
O seu genoma tem cerca de 1 milhão de pares de bases. Muitos dos genes não têm correspondência com sequências já conhecidas e codificam funções que, até então, eram associadas a células mais complexas, como bactérias e eucariotos. Cerca de 20% dos genes codificam proteínas que nunca haviam sido descritas.
Os autores do estudo associam isso a trajetórias evolutivas muito antigas; de acordo com eles, as proteínas parecem derivar de uma divergência bem precoce na história da vida.

Os pesquisadores concluíram que este vírus representa uma espécie e um gênero completamente novos na virosfera brasileira, ampliando o debate na comunidade científica. E esta descoberta pode ampliar os nossos conhecimentos sobre a evolução celular na Terra.
O interessante é que o pantanal é um dos ecossistemas mais diversos e mais ameaçados do nosso planeta, e encontrar o Naiavírus isolado por lá amplia nossa compreensão sobre a biodiversidade e mostra como este bioma ainda pode esconder segredos de valor inimaginável.
Possíveis aplicações do vírus
Além da relevância científica, é claro, os vírus gigantes oferecem potencial para aplicações médicas. Os pesquisadores já registraram uma patente que prevê o uso de vírus gigantes no controle e prevenção de infecções amebianas.
E também há iniciativas para identificar novas enzimas deles que possam ser utilizadas na biotecnologia – tanto na indústria têxtil, como na indústria de alimentos.
Referências da notícia
Naiavirus: an enveloped giant virus with a pleomorphic, flexible tail. 17 de setembro, 2025. Rodrigues, et al.
No Pantanal, pesquisadores encontram maior vírus gigante com cauda já isolado no mundo. 06 de outubro, 2025. Gabriela Nangino.