Ondas de calor extremo aceleram o envelhecimento precoce, alerta novo estudo

Segundo uma nova pesquisa, as ondas de calor extremas podem provocar a aceleração no envelhecimento biológico de idosos. Veja aqui mais detalhes.

idoso sob sol forte com calor
Entre os problemas de saúde desencadeados por ondas de calor extremo estão fraqueza, tontura, náuseas, dor de cabeça, cãibras musculares e até diarreia. Crédito: Divulgação.

As ondas de calor são eventos climáticos caracterizados por temperaturas extremamente altas, que superam os níveis esperados para uma determinada região e época do ano.

E sabemos que esse tipo de evento pode ter impactos na saúde, como desidratação, insolação, golpe de calor, agravamento de doenças crônicas, entre outros.

Agora, um novo estudo realizado por pesquisadores norte-americanos e divulgado na revista Science Advances identificou que esses eventos podem provocar a aceleração do envelhecimento biológico em pessoas idosas. Veja mais informações abaixo.

Calor extremo acelera o envelhecimento biológico

Para o estudo, foram utilizados exames de sangue de 3.686 residentes dos Estados Unidos com mais de 56 anos de idade (considerados idosos), inscritos no banco de dados do Health and Retirement Study. O número de dias de calor em cada localidade do país foi calculado usando o índice de calor, cobrindo janelas de tempo do dia da coleta de sangue até 6 anos antes.

As amostras de sangue das pessoas foram coletadas em diferentes períodos durante seis anos de observações. Também foram utilizados dados de relógios epigenéticos para estimar a idade biológica dos participantes. Esses relógios epigenéticos são testes bioquímicos que medem a idade biológica com base na metilação do DNA.

pessoas andando sob sol forte
Ondas de calor extremas podem provocar a aceleração do envelhecimento biológico em pessoas idosas. Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil.

Segundo o estudo, o calor extremo é bem documentado como tendo efeitos adversos na saúde e na mortalidade, mas sua relação com o envelhecimento biológico — um precursor do processo de morbidade e mortalidade — permanece obscuro. Por isso, surgiu o objetivo da pesquisa de analisar a relação das ondas de calor extremas com o envelhecimento biológico.

Os resultados da pesquisa mostraram que as pessoas idosas americanas que vivem em áreas com 140 dias ou mais de calor extremo por ano apresentam até 14 meses a mais de envelhecimento biológico em comparação com aqueles que vivem em locais com menos de 10 dias de calor extremo.

Idosos que vivem sob 140 dias ou mais de calor extremo por ano têm até 14 meses a mais de envelhecimento biológico em comparação com idosos que vivem com menos de 10 dias de calor extremo por ano.

E qual a explicação científica para isso? Isso ocorre porque o calor pode alterar a metilação do DNA — um processo que regula a expressão genética —, gerando respostas inflamatórias. E como consequência, há comprometimento das células e disfunções em órgãos como coração e músculos.

Além disso, os pesquisadores compararam as informações de idade biológica dos idosos com registros de dados climáticos, e descobriram que o nível de impacto do calor extremo no envelhecimento é comparável aos efeitos de fumar ou consumir álcool excessivamente.

Mas o que é o envelhecimento biológico?

O envelhecimento biológico está associado à idade biológica, que tem relação com o funcionamento do corpo humano em níveis molecular, celular e sistêmico. Não confundir com a idade cronológica, que está relacionada com a data de nascimento (idade).

Ou seja, o envelhecimento biológico é o processo de declínio das funções do corpo que começa no nascimento e continua até a morte. É também conhecido como idade fisiológica ou funcional.

Referências da notícia

Ondas de calor aceleram o envelhecimento precoce, diz estudo. 07 de março, 2025. Jorge Agle.

Ambient outdoor heat and accelerated epigenetic aging among older adults in the US. 26 de fevereiro, 2025. Eun Young Choi e Jennifer Ailshire.