Música instrumental pode melhorar a concentração em crianças com TDAH, afirma estudo

    Estudo liderado pela Universidade Federal de Minas Gerais aponta que a música instrumental pode ajudar crianças, inclusive as com TDAH, a cometer menos erros por desatenção em tarefas que exigem foco.

    Ouvir música instrumental pode ajudar crianças, inclusive as com TDAH, a cometer menos erros por desatenção. Crédito: Freepik.

    De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ouvir música instrumental enquanto se realiza uma tarefa pode ser um aliado importante para crianças — inclusive aquelas com TDAH — que enfrentam dificuldades de concentração.

    Veja abaixo mais detalhes do estudo.

    Como o estudo foi feito

    Foram selecionados para o estudo 76 meninos, com idade entre 10 e 12 anos, divididos em dois grupos: 34 com TDAH e 42 sem o diagnóstico. Eles foram pareados por idade, sexo, nível socioeconômico e inteligência.

    Eles realizaram um teste de atenção padronizado, o Attention Network Test (ANT), que é muito usado para medir diferentes aspectos da atenção e da função executiva. Este teste foi realizado em duas condições: com a música instrumental de fundo (através de um fone de ouvido) e sem ela. E foram passadas tarefas para eles realizarem em um computador.

    Como a música instrumental ajuda no foco das crianças

    Os pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Neurotecnologia Responsável (INCT NeuroTec-R) da UFMG investigaram o efeito da música instrumental em crianças com e sem TDAH, com o objetivo de potencializar a eficiência das estruturas do cérebro relacionadas à manutenção da atenção e ao maior rendimento do indivíduo.

    Os resultados, que foram divulgados em um artigo na revista Interactive Journal of Medical Research, mostraram que a música instrumental pode ser uma aliada no aprendizado das crianças.

    O Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é uma condição psiquiátrica muito comum, caracterizada pela dificuldade de concentração, hiperatividade e impulsividade excessiva. Geralmente começa na infância e pode persistir na vida adulta. A condição impacta negativamente o desempenho escolar e a qualidade de vida de milhares de pessoas.

    Segundo o estudo, ouvir música sem letra enquanto executa tarefas que exigem atenção contribui significativamente para a redução de erros. E isso é válido tanto para crianças sem TDAH quanto para aquelas que possuem a condição. A técnica deve ser testada caso a caso, por pais e educadores, e com o apoio de profissionais capacitados.

    criança com TDAH
    O TDAH é uma condição neuropsiquiátrica que afeta a capacidade de uma criança de manter a atenção, regular impulsos e controlar o comportamento. Crédito: Freepik.

    As crianças voluntárias cometeram menos erros ao realizar a tarefa ouvindo esse tipo de música, independentemente se tinham TDAH ou não. E na verdade, o estudo observou que a música não melhora diretamente a capacidade atencional da criança, mas pode criar um ambiente mais propício para o foco e a persistência; e isso pode ser devido à motivação e ao estado de alerta gerado pela música.

    “Ouvir música sem letra enquanto executa tarefas que exigem atenção contribui significativamente para a redução de erros” - comentou Camila Guimarães Mendes, autora principal do estudo, em um texto ao site The Conversation.

    Os pesquisadores agora planejam fazer novas pesquisas que explorem como diferentes gêneros musicais e contextos de tarefas podem influenciar a atenção das crianças com e sem TDAH.

    Referências da notícia

    Ouvir música instrumental pode ajudar crianças a cometerem menos erros por desatenção. 17 de abril, 2025. Camila Guimarães Mendes e Marcus Vinicius Dos-Santos.

    Música instrumental ajuda crianças com desatenção. 24 de abril, 2025. Luciano Borborema.

    Effects of Background Music on Attentional Networks of Children With and Without Attention Deficit/Hyperactivity Disorder: Case Control Experimental Study. 08 de julho, 2024. Mendes, et al.