Espécie de rã venenosa é descoberta na Amazônia
Animal minúsculo e colorido tem canto único e vive dentro de bambus na Amazônia

Pesquisadores descobriram uma nova espécie de rã venenosa na floresta amazônica, em uma região de fronteira entre o Brasil e o sudeste do Peru. Batizada de Ranitomeya hwata, a espécie foi descrita recentemente em um estudo publicado na revista científica Zootaxa.
O pequeno anfíbio chama atenção pela aparência colorida e por um canto característico, que o diferencia de outras rãs do mesmo gênero. O corpo da Ranitomeya hwata apresenta listras amarelas vivas no dorso e manchas destacadas nas patas, pernas e barriga.
Inicialmente, os pesquisadores pensaram que se tratava de uma variação da espécie Ranitomeya sirensis. No entanto, análises mais detalhadas revelaram diferenças significativas, especialmente no vocalizar do animal.
Canto único e comportamento polígamo
O coaxar da nova espécie é mais agudo e possui mais pulsos por chamado, característica que se mostrou decisiva para identificá-la como uma nova espécie. Além do canto, os cientistas também notaram variações importantes no comportamento reprodutivo da R. hwata.
Outro aspecto inusitado é o local escolhido para a reprodução. Os girinos da Ranitomeya hwata se desenvolvem dentro dos caules da planta de bambu Guadua, encontrada na região amazônica. As cavidades naturais dessa planta, cheias de água, servem de abrigo seguro para as larvas, protegendo-as de predadores.
Ligação íntima com o bambu amazônico
Segundo os autores do estudo, o vínculo da Ranitomeya hwata com o bambu é especialmente forte. Enquanto outras espécies utilizam o Guadua em algumas populações, a nova rã parece depender quase totalmente dessa planta para sobreviver e se reproduzir.

“O mais notável sobre esta espécie é o quanto ela realmente adora viver no bambu Guadua”, afirmou o autor principal da pesquisa em entrevista ao site IFLScience.
A descoberta reforça a importância da conservação da Amazônia, uma das regiões de maior biodiversidade do planeta. Espécies como a Ranitomeya hwata, até então desconhecidas pela ciência, ajudam a compreender melhor os complexos ecossistemas da floresta.
Implicações para a ciência e a conservação
Além de contribuir para o conhecimento sobre evolução de comportamentos reprodutivos em anfíbios, a nova espécie também pode ter relevância biomédica. Assim como outras rãs do gênero Ranitomeya, ela produz toxinas que, no futuro, podem ser estudadas para usos farmacológicos.
A identificação da Ranitomeya hwata mostra que ainda há muito a ser descoberto nas florestas tropicais. A proteção desses habitats é essencial para garantir que espécies únicas, como essa pequena rã do bambu, continuem existindo e oferecendo pistas sobre a biodiversidade e os processos evolutivos do planeta.
Referências da notícia
CNN. Espécie de rã venenosa é descoberta em região do Brasil. 2025