Dividir o sono em vários períodos pode aumentar riscos de doenças, diz estudo

Após anos de pesquisas, nenhum estudo atesta os benefícios do sono polifásico, aquele dividido em vários períodos ao longo do dia. “Picotar” seu sono é uma péssima ideia e ainda traz riscos à saúde. Entenda.

Sono polifásico é um padrão de sono caracterizado por múltiplos períodos de sono ao longo do dia, e especialistas alertam para os riscos à saúde associados à privação de sono. Crédito: Freepik.

O sono polifásico é uma abordagem que divide o sono em vários períodos ao longo do dia, em vez de um sono contínuo durante a noite. Este padrão pode incluir cochilos de diferentes durações, como o método "Uberman", que consiste em vários cochilos curtos ao longo do dia, ou o método "Everyman", que combina um período de sono mais longo com alguns cochilos.

E apesar de algumas pessoas afirmarem ter um aumento da produtividade e foco com o sono polifásico, ainda não há evidências científicas sólidas para confirmar esses benefícios. Pelo contrário, após anos de estudos, pesquisadores dizem que esse tipo de sono pode trazer sérios problemas de saúde, e a sua prática é desaconselhada pelos especialistas. Entenda mais abaixo.

Os riscos do sono polifásico à saúde

A ideia do sono polifásico não é nova, mas de tempos em tempos ela fica ‘em alta’ nas redes sociais como uma “descoberta revolucionária” que pode mudar a sua vida. Os entusiastas dizem que é possível dormir pouquíssimas horas por dia – alguns falam em apenas duas horas de sono somadas – e ainda assim se manter desperto e bem ao longo do dia.

Contudo, até o momento, a ciência não confirma nenhum dos benefícios alegados pelos defensores deste método. Pelo contrário, estudos afirmam que isso traz riscos à saúde, já que o sono polifásico não consegue atingir os níveis reparadores que o corpo e a mente precisam para funcionar bem.

A organização National Sleep Foundation (NSF) dos Estados Unidos publicou em 2021 um estudo na revista Sleep Health, que é um relatório do painel de consenso sobre tempo e variabilidade do sono da NSF.

Este relatório faz uma ampla revisão de estudos sobre esse tipo de sono e conclui que ele não traz benefícios à saúde e, pelo contrário, aumenta os riscos de uma série de problemas.

“(...) a opinião consensual é que o sono polifásico, e a deficiência de sono inerente a esse cronograma, estão associados a uma variedade de resultados adversos na saúde física, saúde mental e performance” - escrevem os autores no estudo.

A longo prazo, este tipo de sono causa privação de sono crônica, um quadro associado a alterações no ritmo circadiano, na liberação de hormônios e na forma como o organismo atua ao longo do dia.

Aparecem sintomas imediatos como: alterações na pressão arterial, crises de ansiedade e um maior risco de problemas crônicos como depressão, doenças cardíacas, obesidade e diabetes.

A prática do sono polifásico é muito desaconselhada pelos especialistas, pois pode causar sérios problemas de saúde como privação de sono crônica. Crédito: Divulgação.

É claro, em alguns momentos da vida, pode ser muito necessário esse sono “picotado” ao longo do dia, como por exemplo, situações de mães com bebês recém-nascidos que demandam amamentação, cuidados… mas isso é uma situação temporária.

Então, excepcionalmente e em situações específicas, você até pode ter uma rotina de sono desregulada e dividida em pequenas partes ao longo do dia, mas desde que esta situação seja passageira.

Referências da notícia

Sono polifásico: por que “picotar” as horas dormidas é uma péssima ideia. 17 de agosto, 2025. Maurício Brum.

Adverse impact of polyphasic sleep patterns in humans: Report of the National Sleep Foundation sleep timing and variability consensus panel. 29 de março, 2021. Weaver, et al.