Bebidas alcoólicas aumentam risco de demência mesmo em pequenas doses, diz novo estudo

Um novo estudo aponta que não existe um nível seguro de ingestão de álcool para a saúde do cérebro. Mesmo pequenas doses de bebida alcoólica aumentam o risco de desenvolver demência.

Consumo de álcool aumenta risco de demência mesmo em pequenas quantidades, apontou novo estudo.

Demência é um termo genérico usado para diversas doenças cerebrais, como o Alzheimer. A síndrome causa o declínio gradual da memória, do pensamento e da capacidade de realizar as atividades diárias. Ou seja, é uma diminuição lenta e progressiva da função mental, que afeta a memória, o pensamento, o juízo e a capacidade para aprender.

Segundo dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 1,2 milhão de pessoas no Brasil sofrem de Alzheimer, o tipo mais comum de demência.

Estudos anteriores já citaram a demência como um dano cerebral causado pelo consumo de bebidas alcoólicas, mas em níveis altos de consumo. Não haviam mostrado ainda uma relação com consumo leve.

Contudo, um estudo divulgado recentemente na revista científica BMJ Evidence-Based Medicine, feito por uma equipe internacional de pesquisadores, identificou que não existe nível seguro de ingestão de álcool para a saúde cerebral. Ou seja, mesmo pequenas doses de álcool podem afetar o cérebro e aumentar o risco de desenvolver demência.

Os resultados do estudo

O novo trabalho, que foi realizado por pesquisadores de diferentes universidades, como a Universidade de Oxford, Universidade de Yale e Universidade de Cambridge, analisou informaç��es de milhares de pessoas em bancos de dados populacionais do Reino Unido e dos Estados Unidos, e dados genéticos de mais de 2,4 milhões de pessoas, em 45 estudos independentes, para diferenciar correlação de causalidade.

Um dos principais resultados do trabalho é que quanto maior o consumo de álcool, maior o risco de demência, e sem evidências de efeito protetor mesmo em doses baixas.

A demência não é uma doença única, mas uma síndrome que pode ser causada por várias condições, sendo a doença de Alzheimer a mais comum.

As análises genéticas não comprovaram nenhum efeito protetor, sugerindo que qualquer nível de consumo de álcool pode contribuir para o risco de demência.

A psiquiatra e pesquisadora clínica Anya Topiwala, da Universidade de Oxford, e autora principal do estudo, comentou em um comunicado que esses resultados vão contra a crença comum de que pequenas quantidades de álcool podem proteger o cérebro:

“Mesmo o consumo leve ou moderado pode aumentar o risco de demência, indicando que reduzir o uso de álcool em toda a população teria um papel importante na prevenção. Evidências genéticas não comprovam um efeito protetor – na verdade, sugerem o oposto”.

E o pesquisador Stephen Burgess, da Universidade de Cambridge e coautor do estudo, também comentou que “a natureza aleatória da herança genética é positiva na hora de comparar grupos com níveis mais altos e mais baixos de consumo de álcool”. “Nossas descobertas não se aplicam apenas àqueles que têm uma predisposição genética específica, mas também a qualquer pessoa que opte por beber”, disse ele.

E como este estudo pode ajudar nas pesquisas e políticas governamentais? Segundo os autores, reduzir pela metade a prevalência populacional de transtornos por uso de álcool pode reduzir os casos de demência em até 16%, destacando a redução do consumo de álcool como uma estratégia potencial em políticas de prevenção da demência.

Ou seja, eles sugerem que a redução do consumo de álcool pode ser uma estratégia importante para a prevenção da demência.

Referências da notícia

Álcool aumenta risco de demência mesmo em pequenas quantidades, aponta estudo. 29 de setembro, 2025. Victória Anhesini.

Alcohol use and risk of dementia in diverse populations: evidence from cohort, case–control and Mendelian randomisation approaches. 23 de setembro, 2025. Topiwala, et al.