A dieta vegetariana e as mudanças climáticas

Cientistas de várias partes do mundo fizeram um alerta: para combatermos o aquecimento global, não só devemos reduzir as emissões de gases de efeito estufa, mas também temos que reformular nossas dietas! A solução é uma dieta com menos carnes e mais vegetais!

Uma dieta baseada em vegetais pode contribuir para a preservação do meio ambiente e mitigação do aquecimento global.

O novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), lançado no dia 8, alerta que os esforços para conter as emissões de gases de efeito estufa e os impactos do aquecimento global devem ir além da redução da queima de combustíveis fósseis, devemos realizar mudanças drásticas no uso global do solo, na agricultura e inclusive na dieta humana!

Apesar da queima de combustíveis fósseis, gerada pelos setores de indústria, transporte e energia, ainda ser a maior vilã do aquecimento global, as atividades relacionadas ao manuseio do solo, como a agricultura e a silvicultura são responsáveis por cerca de 28% dos gases de efeito estufa emitidos pela atividade humana. Sendo que a pecuária em si é responsável por 14.5% das emissões, emitindo cerca de 7 gigas toneladas de gás carbônico (CO2) por ano.

Grande parte do desmatamento de florestas no Brasil ocorre devido a atividades pecuárias. Como é o caso da floresta Amazônica. Fonte: Ibama.

De acordo com a Organização de Alimentação e Agricultura (FAO, em inglês) da ONU, o setor pecuário é o maior usuário antropogênico de terras! A pecuária ocupa 70% de todas as terras agrícolas e 30% da superfície da Terra. Os principais motivos que fazem a pecuária ser menos sustentável que a cultura de vegetais são:

  • As florestas frequentemente são derrubadas para dar lugar aos pastos. O desmatamento destrói as árvores que são sumidouros naturais de CO2 e emite toneladas de CO2 para a atmosfera através do corte e queima da vegetação;
  • O gado é tipicamente alimentado com milho, farelo de soja ou outros grãos, que primeiro devem ser cultivados em outros solos, usando pesticidas e fertilizantes, principais responsáveis pela emissão de óxido nitroso (N2O), outro importante gás de efeito estufa. Portanto, mais solo, água e recursos naturais são necessários para a criação dos animais;
  • Grandes quantidades de metano (CH4) são emitidos naturalmente pelo sistema digestivo dos animais ruminantes. O CH4, apesar de ficar menos tempo na atmosfera e ser emitido em menor quantidade, é um gás de efeito estufa mais potente que o CO2;
  • Os solos usados para pasto ficam suscetíveis ao processo de desertificação.

Mas então devemos parar de consumir carne completamente?

Não estamos falando de retirar totalmente a carne da dieta humana, até porque a dieta vegetariana não é uma opção viável para muitos, estamos falando em redução do consumo. Se continuarmos nos atuais níveis de consumo, até 2050, quando já tivermos quase 10 bilhões de pessoas no planeta, a demanda por carne será 70% maior. Como vamos alimentar a população global sem destruir o restante das florestas e recursos naturais?

Além de prejudicial para o meio-ambiente nosso atual consumo alimentício não é efetivo, cerca de 820 milhões de pessoas passam fome, 2 bilhões de adultos tem obesidade ou sobrepeso e 30% dos alimentos são desperdiçados. Dessa forma, cientistas americanos mostraram num estudo publicado na Nature que existem alternativas vegetais que satisfazem nossas necessidades nutricionais e minimizam os efeitos indesejáveis da produção da carne no meio-ambiente!

Os pesquisadores utilizaram um modelo de computador para criar centenas de dietas baseadas em vegetais ricos em proteínas substituindo a carne de bovinos, suínos e aves. Eles concluíram que se toda a população americana substituísse as carnes pelas alternativas vegetais (como soja, pimenta verde, abóbora, trigo sarraceno e aspargos), o uso de pastagens seria eliminado e haveria uma redução de 35 a 50% da quantidade de terras necessárias para a produção de alimentos, além de uma significativa melhora da saúde da população!