Transformando ciência em arte: ouça a inversão do campo magnético terrestre que ocorreu há 41 mil anos

Pesquisadores utilizaram dados da missão Swarm da Agência Espacial Europeia e ruídos naturais para criar uma experiência audiovisual deste evento marcante. Veja aqui mais detalhes e o vídeo.

campo magnético terrestre
A inversão do campo magnético (evento Laschamp) normal para o campo invertido durou cerca de 250 anos, enquanto o campo permaneceu invertido por 440 anos. Crédito: Mopic/Shutterstock.

Ao longo de centenas de milhares de anos, os polos magnéticos da Terra experimentam inversões, onde norte e sul trocam de lugar. E a cerca de 41 mil anos atrás, os polos se inverteram, em um evento que foi chamado de Laschamp.

O campo magnético da Terra é gerado por movimentos no seu núcleo externo, onde metais líquidos como ferro e níquel circulam. Essas correntes metálicas em movimento formam correntes elétricas que criam o campo magnético.

Pesquisadores da Universidade Técnica da Dinamarca (DTU) e do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências (GFZ) recriaram o evento Laschamp em vídeo e áudio. Para isto, eles utilizaram dados da missão Swarm da Agência Espacial Europeia (ESA). Acompanhe abaixo mais detalhes e a visualização com som do evento.

Transformando ciência em arte

As inversões dos polos podem ocorrer aleatoriamente em intervalos que variam entre 10 mil e 50 milhões de anos. A última inversão completa aconteceu há 780 mil anos, mas, durante o Evento Laschamp, houve uma curta reversão dos polos da Terra, ou seja, o campo magnético se inverteu brevemente, caindo para 5% da sua força atual no momento da transição. Isso permitiu que mais raios cósmicos chegassem à nossa atmosfera.

Os pesquisadores analisaram sedimentos da época e descobriram que a inversão durou cerca de 440 anos, e o campo magnético permaneceu com força de 25% do que é hoje na inversão. A troca de polaridade foi ainda mais rápida, levando apenas 250 anos. E novamente mais raios cósmicos passaram a atingir a Terra, causando uma perda do escudo geomagnético do planeta.

Além de mapear o movimento das linhas do campo magnético, os pesquisadores criaram uma composição sonora com um arranho estereofônico feito a partir de ruídos naturais, como madeira rangendo e pedras caindo. O resultado é uma atmosfera sonora incomum e um tanto assustadora. Confira no vídeo abaixo:

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A sonificação foi originalmente exibida por meio de um sistema de 32 alto-falantes em uma praça pública de Copenhague, na Dinamarca, cada um representando mudanças no campo magnético em diferentes partes do mundo nos últimos 100 mil anos.

Alguns cientistas acreditam que o evento Laschamp contribuiu para a extinção da megafauna australiana e dos neandertais, porém, faltam evidências corroborantes de uma ligação causal entre o evento e essas extinções. Ou seja, atualmente ainda não há consenso sobre o impacto direto do evento nesses desaparecimentos.

Apesar de parecer um fenômeno raro, como já falamos, as inversões magnéticas não seguem uma periodicidade fixa, ocorrendo em intervalos de tempo variáveis. A última reversão total e sustentada dos polos magnéticos ocorreu há cerca de 780 mil anos, durante a chamada Reversão Brunhes-Matuyama.

Referências da notícia

Escute a inversão do campo magnético da Terra ocorrida há 41 mil anos. 15 de julho, 2025. Giovanna Sfalsin.

Ouça uma inversão dos polos magnéticos da Terra ocorrida há mais de 40 mil anos. 15 de outubro, 2024. Flavia Correia.