Missão Solar Orbiter da ESA revela como o Sol lança partículas quase à velocidade da luz
A missão Solar Orbiter da Agência Espacial Europeia revela como o Sol acelera elétrons até uma velocidade próxima à da luz, distinguindo dois processos principais.

O Sol não é apenas a fonte de luz e calor que torna possível a vida na Terra. É também um gigantesco acelerador natural de partículas, capaz de lançar elétrons a velocidades próximas à da luz.
Esses fenômenos, conhecidos como eventos de elétrons energéticos solares (SEEs), não apenas fascinam os astrofísicos, mas também representam uma ameaça aos satélites, às missões espaciais e até mesmo aos astronautas que trabalham fora da órbita da Terra.
Como o Sol lança partículas quase à velocidade da luz
Um novo estudo da missão Solar Orbiter, liderada pela Agência Espacial Europeia (ESA), deu um passo decisivo na compreensão de como essas partículas são produzidas e liberadas.
Viaje al corazón eléctrico del Sol: cómo el Solar Orbiter sigue el rastro de los electrones superrápidos.
— Enrique Coperías (@CienciaDelCope) September 1, 2025
️ En su viaje sin precedentes hacia el astro rey, la misión Solar Orbiter ha logrado rastrear los electrones más veloces del Sol hasta su punto de origen. Un hallazgo pic.twitter.com/ilzzb59Ra1
A descoberta, publicada na revista Astronomy and Astrophysics, mostra que os elétrons energéticos não seguem um padrão único, mas existem em dois tipos claramente distintos, cada um com uma origem distinta na atividade solar.
Duas rotas para o espaço
Pesquisadores conseguiram rastrear a origem dos elétrons até a superfície do Sol, diferenciando entre dois processos:
- Por um lado, há eventos impulsivos, associados a erupções solares, que são explosões relativamente pequenas e localizadas na superfície solar que liberam rajadas curtas e intensas de partículas.
- Por outro lado, há eventos graduais, ligados a ejeções de massa coronal (EMCs), enormes erupções de plasma e campos magnéticos que expelem material solar em grande escala.
A importância de se aproximar do Sol
Um dos segredos do sucesso da missão Solar Orbiter é sua capacidade de operar a distâncias sem precedentes. Ao medir partículas em seu estado inicial, antes de serem afetadas pela turbulência do espaço interplanetário, os cientistas conseguiram determinar o tempo e o local de sua origem com grande precisão.
La misión Solar Orbiter estudia el Sol y la actividad magnética en la heliosfera, obteniendo información que ayude a comprender el funcionamiento de esta e incluso predecir su comportamiento. El @intaespana ha participado en el diseño y construcción de dos instrumentos. pic.twitter.com/CVw1dxC9dV
— INTA (@intaespana) September 17, 2020
Isso também ajudou a resolver um mistério que estava em aberto há décadas: o aparente atraso na chegada de partículas após uma erupção solar.
Em alguns casos, os elétrons pareciam levar horas para se liberar, e agora sabemos que parte desse atraso não se deve ao Sol, mas à maneira como as partículas viajam e são espalhadas pelo vento solar, um fluxo constante de plasma e campos magnéticos que preenche o Sistema Solar.
Referência da notícia
CoSEE-Cat: A Comprehensive Solar Energetic Electron event Catalogue obtained from combined in situ and remote-sensing observations from Solar Orbiter. 01 de setembro, 2025. Warmuth, et al.