É possível terraformar Marte? Entenda a ideia de transformar Marte em um planeta igual à Terra
Um novo estudo apresentado no Green Mars Workshop discute a possibilidade de terraformar Marte e como seria o processo.

Quando falamos em busca de vida fora da Terra ou instalar humanos em outro lugar, Marte é quase sempre o principal candidato. Isso ocorre porque é o planeta mais próximo de nós e que está em um ambiente parecido no Sistema Solar. Justamente por estar em um ambiente semelhante, há evidências de que Marte teve água líquida no passado. Suas características geológicas também chamam atenção dos pesquisadores.
Um conceito que sempre aparece quando se fala em visitar Marte é o processo de terraformar Marte. Esse processo consiste em modificar o ambiente do planeta para torná-lo mais parecido com o da Terra com condições adequadas para a vida humana. Isso inclui alterar a atmosfera, aumentar a temperatura e introduzir água líquida em sua superfície. Esse conceito é muito utilizado dentro da ficção científica mas ainda é pouco falado de forma séria dentro da Ciência.
Com isso em mente, dois pesquisadores apresentaram no Green Mars Workshop deste ano e publicaram no arXiv um estudo sobre terraformação de Marte. Eles argumentam que pequenas etapas, como a criação de microambientes habitáveis e o uso de organismos, poderiam iniciar transformações graduais. O estudo defende que, em vez de imaginar como Marte seria se fosse totalmente terraformado, deveríamos concentrar os esforços em entender e estudar como seria esse processo.
Terraformar
Terraformar é o processo de transformar as condições de um planeta, lua ou outro objeto astronômico para torná-lo semelhante à Terra. Com o processo de terraformação, seria possível que os seres humanos e outras formas de vida pudessem sobreviver em um ambiente sem a necessidade de tecnologia constante. O processo inclui modificar fatores como a temperatura, a pressão atmosférica e a composição do ar.
No caso de Marte, o objetivo principal seria aquecer o planeta porque ele ainda é muito frio para ter condições ideais. Além disso, também é necessário espessar sua atmosfera para viabilizar a presença de água e proteger contra radiação. A ideia de terraformação veio da ficção científica e, por muitas décadas, isso permaneceu como uma possibilidade muito remota.
Como terraformar Marte?
Mesmo sendo uma possibilidade remota, dois pesquisadores apresentaram e publicaram no Green Mars Workshop sobre a terraformação de Marte. A ideia era que deveríamos começar a estudar meios para terraformar o planeta. O primeiro passo seria aquecer o planeta por meio do uso de aerossóis ou gases de efeito estufa artificiais. Com isso, seria possível formar oceanos com o gelo presente em Marte.
A segunda fase envolveria a introdução de vida microbiana como o uso de microrganismos capazes de suportar temperaturas extremas, radiação intensa e baixa pressão atmosférica. Esses organismos ajudariam ao iniciar o processo de fotossíntese na superfície de Marte, ajudaria a compor oxigênio na atmosfera e mudaria gradualmente a composição atmosférica.
O maior desafio
Essas duas primeiras fases seriam relativamente fáceis e poderiam ser alcançadas em algumas décadas. O maior desafio seria justamente a última fase que poderia demorar séculos ou um milênio. Nessa fase, o objetivo seria criar uma atmosfera rica em oxigênio e densa o suficiente para sustentar formas de vida complexas. Isso teria que ser feito em regiões pressurizadas com uma altitude relativamente alta.

Processos como fotossíntese e eletrólise da água gerariam ar respirável durante esse processo. Com o tempo, a vegetação dentro dessas regiões poderia se expandir para além delas, iniciando um processo natural de liberação de oxigênio na atmosfera marciana. Só que esse processo demoraria muitos séculos, podendo chegar até um milênio, para conseguir que vida complexa consiga habitar Marte.
Questões éticas
Essa última fase traz um desafio técnico, outro desafio que é levantado é em relação a parte ética de todo processo. Uma das questões é que alterar o planeta dessa forma é modificar o ambiente de forma permanente. Algo equivalente com o que modificamos aqui na Terra com desmatamento e poluição. Isso mudaria completamente a geologia e o clima que estão sem mudanças artificiais desde que foi formado.
Isso impediria de estudar Marte e de compreender melhor a formação e evolução dos planetas rochosos do Sistema Solar. Outro dilema ético envolve a possível existência de vida microbiana em algum lugar que ainda não encontramos em Marte. O processo de terraformação poderia destruir completamente o ambiente propício para esses microrganismos evoluírem.
Referência da notícia
Stork & DeBenedictis An Introduction to Mars Terraforming , 2025 Workshop Summary arXiv