Descoberta histórica: NASA confirma açúcares e compostos essenciais para a vida no asteroide primitivo Bennu

A análise de amostras trazidas pela missão OSIRIS-REx do asteroide Bennu revelou a presença de moléculas-chave, como açúcares, compostos nitrogenados e estruturas orgânicas complexas, que podem ter contribuído para o surgimento da vida na Terra. Isso abre uma nova perspectiva para a compreensão de como os componentes biológicos surgiram no início do Sistema Solar.

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O asteroide Bennu tem aproximadamente 600 metros de diâmetro em seu equador. (NASA)

Amostras do asteroide Bennu foram estudadas utilizando tecnologia de laboratório que supera em sensibilidade qualquer instrumento enviado ao espaço, possibilitando a detecção de moléculas extremamente frágeis, como certos açúcares.

Segundo a NASA, esses compostos apresentam padrões que correspondem ao esperado para material pré-biótico que circulou no sistema solar há mais de quatro bilhões de anos. Os resultados, publicado pela equipe científica da OSIRIS REx, corroboram hipóteses que há décadas propõem que alguns dos ingredientes essenciais da vida podem ter chegado à Terra em meteoritos ou cometas.

Amostras do asteroide Bennu analisadas pela NASA contêm açúcares, compostos orgânicos complexos e estruturas gelatinosas que podem ter desempenhado um papel na origem da vida na Terra. Essa descoberta confirma que ingredientes biológicos essenciais circularam por todo o sistema solar muito antes de o nosso planeta existir como o conhecemos.

A análise também revelou estruturas elásticas semelhantes a polímeros naturais, coloquialmente descritas pela NASA como algo parecido com chiclete alienígena — um material altamente pegajoso e quimicamente complexo. Essas substâncias podem ter protegido as moléculas mais delicadas durante viagens espaciais, permitindo que elas chegassem a planetas jovens sem serem destruídas. Os pesquisadores sugerem que essa descoberta indica uma química muito mais ativa do que se pensava anteriormente em pequenos corpos como Bennu.

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Abertura da tampa do compartimento de armazenamento de amostras no Centro de Conservação de Astromateriais da NASA, em 26 de setembro de 2023. Imagem: Robert Markowitz/NASA

A pesquisa também confirma que Bennu é um verdadeiro fóssil cósmico, preservando intactos os processos de formação do sistema solar. Sua composição mineral, misturada com a água aprisionada em sua estrutura, demonstra que esses objetos podem ter sido reatores naturais onde moléculas orgânicas cada vez mais sofisticadas nasceram. Para astrônomos e astrobiólogos, Bennu se torna um arquivo crucial, permitindo-lhes reconstruir uma história escrita muito antes do surgimento da vida na Terra.

Os primeiros elementos fundamentais da biologia podem não ter surgido na Terra

As descobertas do estudo da NASA são corroboradas por pesquisas paralelas publicadas em revistas científicas especializadas, que já haviam detectado aminoácidos e compostos nitrogenados em meteoritos semelhantes. Esses novos resultados, contudo, adicionam evidências sólidas da presença de açúcares essenciais para processos biológicos, como a formação de RNA. A possibilidade de que esses ingredientes tenham vindo do espaço sideral reforça as teorias da panspermia química e redefine o cenário da origem da vida.

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Representação artística da espaçonave OSIRIS-REx descendo em direção ao asteroide Bennu para coletar uma amostra. (NASA)

Estudos laboratoriais também revelam que as condições térmicas e químicas em Bennu eram ideais para a síntese de moléculas orgânicas complexas. A presença de água em sua matriz mineral e a radiação solar moderada teriam promovido reações químicas que resultaram em cadeias moleculares cada vez mais intrincadas.

Isso sugere que os asteroides não apenas transportam moléculas prebióticas, mas também podem funcionar como pequenas fábricas de química orgânica no espaço profundo.

Além disso, as análises da NASA destacam que esses compostos encontrados em Bennu não são apenas compatíveis com a vida, mas também correspondem aos mesmos ingredientes observados nos meteoritos mais primitivos do nosso planeta. Essa coincidência reforça a ligação entre os corpos do cinturão de asteroides e a química pré-biótica da Terra, abrindo novas perspectivas para a interpretação de como os primeiros ecossistemas moleculares evoluíram.

Uma missão, um legado e novas perguntas para o futuro

A missão OSIRIS REx já se consolidou como uma das campanhas científicas mais bem-sucedidas da história da exploração espacial. As amostras, trazidas de volta à Terra em 2023, já estão gerando resultados que transformam nossa compreensão da evolução química do sistema solar. Para a NASA, essa descoberta marca um ponto de virada na astrobiologia e estabelece as bases para futuras missões que buscarão compostos semelhantes em outros asteroides e cometas.

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Os resultados também alimentam o interesse no estudo de objetos próximos da Terra, pois podem nos ajudar a compreender melhor os riscos e benefícios desses corpos celestes. Embora alguns representem potenciais ameaças de impacto, outros, como Bennu, são verdadeiros tesouros científicos que nos permitem explorar os processos que moldaram o nosso planeta.

A combinação de análises mineralógicas, orgânicas e estruturais promete revelar capítulos inteiros da história cósmica que ainda desconhecemos.

Por fim, essas descobertas reforçam a importância da colaboração internacional e do acesso aberto aos dados científicos. As imagens e os resultados compartilhados pela NASA permitem que pesquisadores do mundo todo participem da interpretação dessas amostras históricas. À medida que o estudo de Bennu avança, novas questões surgirão, podendo transformar nossa compreensão da origem da vida e da dinâmica química do universo.