A Grande Muralha da China não pode ser vista do espaço: veja 5 mitos da astronomia

Na era dos telescópios gigantes e das missões a Marte, os mitos espaciais ainda persistem e são repetidos como verdades. Da Grande Muralha da China "visível" aos famosos 10% do cérebro, analisamos 5 ideias populares que a ciência já desmentiu.

Embora a Grande Muralha da China seja imponente vista da Terra, do espaço, nosso planeta e a Lua dominam a paisagem. A muralha não é visível a olho nu da órbita terrestre, muito menos da Lua.

Em pleno 2025, enquanto enviamos robôs a Marte, ouvimos estrelas com radiotelescópios e fotografamos buracos negros, mitos que parecem saídos diretamente de antigos filmes de ficção científica ainda persistem. Alguns se originaram em Hollywood, como a infame ideia de que "usamos apenas 10% do nosso cérebro", alimentada por filmes em que um personagem desbloqueia poderes ocultos ativando uma porcentagem imaginária de sua mente.

Até o personagem E.T. e outros ícones dos anos 80 ajudaram a solidificar esse erro. No entanto, a neurociência é conclusiva: usamos todo o nosso cérebro, cada região com funções específicas e essenciais.

Se realmente operássemos com apenas 10% da nossa capacidade, até mesmo a menor lesão nos deixaria sem habilidades básicas. O que é verdade é que o cérebro otimiza recursos dependendo da tarefa e ativa diferentes redes quando pensamos, lembramos ou criamos, mas ele nunca é "desligado", nem mesmo quando dormimos.

Esse tipo de crença se consolida porque é divertida, fácil de repetir e soa como um segredo cósmico… mas não resiste ao escrutínio científico. E o mesmo acontece na astronomia: existem mitos que ressurgem repetidamente nas redes sociais, em conversas e até mesmo em salas de aula. Portanto, antes de olhar para o céu, vale a pena esclarecer o que pertence à ciência e o que é fruto da imaginação popular.

1-A Grande Muralha da China é vista do espaço

    Este é talvez o mito astronômico mais popular de todos. A verdade é simples: ela é invisível do espaço. A Grande Muralha da China é longa, sim, mas também é estreita e feita de materiais que se integram à paisagem.

    A Grande Muralha da China serpenteia majestosamente pelas montanhas, mas não é visível da Lua nem a olho nu do espaço.

    Da órbita da Terra, os astronautas afirmaram repetidamente que a Grande Muralha não é facilmente visível a olho nu. São necessários instrumentos ou condições muito específicas, e mesmo assim, outras estruturas feitas pelo homem brilham muito mais na superfície. Portanto, não, os astronautas não saúdam a Muralha toda vez que passam por ela: o mito é mais duradouro do que a própria fortificação.

    2-O “lado escuro” da Lua

    Outro mito clássico: diz-se que a Lua tem um lado perpetuamente escuro, mas isso é falso. O termo correto é 'lado oculto', e não "lado escuro". A Lua recebe luz solar em ambos os lados; ela simplesmente sempre mostra o mesmo lado para a Terra devido a um fenômeno chamado acoplamento de maré.

    Lua
    A Lua sempre mostra a mesma face para a Terra, mas ambos os lados recebem luz solar. À direita está o seu verdadeiro "lado oculto", que não é escuro, apenas invisível do nosso planeta.

    Isso faz com que seu período de rotação seja igual ao seu período orbital. O outro lado não é um abismo escuro: é simplesmente a parte que nunca vemos da Terra, mas que as missões espaciais fotografaram com detalhes impressionantes. O mistério não é mais um mistério; é apenas um truque de sincronização orbital.

    3-Buracos negros sugam tudo como aspiradores cósmicos.

    Não, um buraco negro não é um aspirador de pó gigante flutuando no espaço à espera para engolir planetas aleatoriamente. Buracos negros não sugam; eles exercem gravidade, assim como qualquer outro objeto com massa. Se você substituísse o Sol por um buraco negro do mesmo tamanho, a Terra ainda orbitaria sem ser engolida.

    Buraco negro
    Os buracos negros não "sugam" o cosmos: eles simplesmente exercem gravidade. Seu disco brilhante revela como a luz se curva ao redor de um objeto extremamente compacto.

    O fato é que sua gravidade se concentra em uma região minúscula, o que cria efeitos visuais e físicos impressionantes quando algo se aproxima demais. Mas a distâncias seguras, elas não representam nenhuma ameaça. Não são objetos predadores: são fenômenos extremos e elegantes, inteiramente regidos pelas mesmas leis matemáticas que ordenam o Universo.

    4-A astrologia prevê o seu destino

    Este é um mito persistente que mistura cultura, tradição e entretenimento. Mas, de uma perspectiva astronômica, a astrologia não tem poder preditivo real. Não há evidências científicas que liguem a posição dos planetas à sua personalidade, ao seu futuro ou ao amor que você encontrará na próxima sexta-feira à noite.

    As constelações do zodíaco
    As constelações do zodíaco são figuras culturais, não mapas preditivos. A astrologia não determina o seu destino: o céu conta histórias, mas a ciência demonstra que ele não prevê o futuro.

    Além disso, as constelações que formam os signos do zodíaco mudaram ao longo do tempo devido à precessão da Terra, e a maioria das datas zodiacais atuais sequer coincide com a posição real do Sol. A astronomia é uma ciência; a astrologia é uma narrativa cultural que pode ser interessante, mas não resiste a qualquer análise científica rigorosa.

    5-Existe som no espaço

    Outro mito perpetuado pelos filmes, onde as explosões no espaço soam extremamente altas. Na realidade, o espaço é um vácuo, e o som precisa de um meio para se propagar, como o ar ou a água. Sem esse meio, não há como as ondas sonoras se propagarem.

    Se um foguete explodisse no vácuo, seria visualmente deslumbrante, mas completamente silencioso.

    Dito isso, o Universo possui vibrações, ondas gravitacionais e sinais eletromagnéticos que podemos converter em som para estudá-los, mas não são sons reais se propagando no vácuo. Não se deixe enganar por Hollywood: no espaço, ninguém pode ouvir você gritar… porque literalmente não há nada lá para propagar esse grito.

    Esses cinco exemplos mostram como a astronomia está repleta de conjecturas interessantes, mas também de mal-entendidos que se repetem sem fundamento. A boa notícia é que, quando esses equívocos são esclarecidos, o que resta é ainda mais fascinante: uma Lua perfeitamente iluminada, buracos negros que obedecem a leis precisas, um espaço silencioso, porém vibrante, repleto de informações, e um planeta onde os esforços humanos se perdem diante da imensidão.