Vazamento de óleo danifica patrimônio da humanidade

Já dura um mês o vazamento de óleo que está colocando em risco as Ilhas Rennells, patrimônio natural da humanidade. O potencial dano socioambiental é grande e a Austrália foi acionada para enviar reforços nas ações de contenção.

O vazamento de óleo na ilha Rennell, parte das Ilhas Salomão, já dura um mês. Créditos: AFP/Getty Images/The Guardian

O vazamento de óleo nas Ilhas Salomão (Oceano Pacífico) já dura um mês e os riscos de uma catástrofe socioambiental aumenta a cada dia. Devido a escala do acidente, potencial dano ecológico e a falta de ações por parte das entidades comerciais envolvidas, a nação das Ilhas Salomão solicitou ajuda para o governo australiano nessa semana. O vazamento afeta principalmente a ilha Rennel, declarada pelas Nações Unidas patrimônio natural da humanidade.

O acidente ocorreu dia 5 de Fevereiro quando um navio transportador de minério soltou de seu fundeio durante o mal tempo causado pelo ciclone tropical Oma, e colidiu com recifes de corais. Os danos devido a colisão ocasionaram no vazamento de 75 toneladas de óleo combustível, mais denso e espesso. A dispersão do óleo já afeta parte da região costeira da ilha, e a fauna e flora local já sofrem as consequências.

No entanto, o navio ainda contém mais que 500 toneladas de óleo e o vazamento ainda não foi solucionado. A frustração nas tentativas de conter o vazamento levam as autoridades locais a esperar o pior: o óleo chegará ao atol de corais da ilha Rennel, que é o maior do mundo e abrigo de muitas espécies endêmicas, isso é, que não existem em nenhum outro lugar do mundo.

Os efeitos colaterais do vazamento podem se prolongar por um longo período comprometendo o modo de vida da comunidade local. Créditos: HANDOUT/AFP/Getty Images/The Guardian

A parte leste da ilha Rennell foi o primeiro local da história a ser listado como patrimônio natural da humanidade tamanha é sua importância ecológica. Além de ser um santuário marinho, é a casa de cerca de 1200 nativos que vivem de agricultura de subsistência, caça e pesca. Em algumas vilas a pesca já teve que ser interrompida, e os moradores estão contando com o envio de suprimentos da capital. Até a água potável foi comprometida [The Guardian]. O óleo combustível é pesado e “gruda” nas rochas e substratos, o processo de remoção será demorado, e os efeitos colaterais da presença do óleo no ecossistema podem se prolongar por um longo período comprometendo o modo de vida da comunidade local.

Segundo as Nações Unidas, o local é um laboratório na para estudos científicos, com uma formação de calcário única, um grande lago e uma densa floresta reunidos em uma só paisagem. Desde 2013 a Unesco classificou a região como “em risco” devido a exploração comercial da ilha, mineral e pesqueira. O navio envolvido no acidente transportava bauxita, matéria prima do alumínio, extraída no setor oeste da ilha. O navio da Bintan Mining SI (Indonésia) tem bandeira de Hong Kong e tinha como destino a China [The Guardian]. Apesar do incidente, empresa não parou as atividades e está carregando outro navio na mesma baía, o que está contribuindo para um maior espalhamento do óleo e prejudica as ações de contenção dos danos.