Tempestade Filomena provoca queda de neve histórica na Espanha

Filomena pode entrar para a história por estar associada à uma das maiores tempestades de inverno das últimas décadas. Em regiões como Madrid, há mais de 30 cm de neve acumulada, com temperaturas negativas extremas.

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A cidade de Madrid acordou neste sábado sob uma nevasca histórica.

Filomena é o nome que AEMET, a Agência Meteorológica Estadual da Espanha, deu à tempestade que já avançava com uma sequência de nevascas, podendo disputar o recorde histórico em grande parte do país. A origem desta situação remonta ao desenvolvimento de um sistema de baixa pressão próximo à costa do Canadá.

Este sistema cruzou grande parte do Atlântico para o sudeste auxiliado por uma poderosa corrente de jato. Na quarta-feira, 6 de Janeiro, atingiu o arquipélago da Madeira (Portugal) com ventos e fortes chuvas. Depois foi a vez das Ilhas Canárias com condições semelhantes.

Na quinta-feira, 7, a tempestade começou a estender sua influência sobre a Península Ibérica com ocorrência de neve nas áreas central e oriental, e chuvas significativas no sul da Andaluzia. Na sexta-feira, dia 8, o sistema de baixa pressão se aproximou do sudoeste e espalhou à frente uma frente quente na qual a neve estava se desenvolvendo.

Uma situação extraordinária

Quedas de neve associadas a frentes quentes tendem a ser persistentes. Neste caso, grande parte da Espanha está sob a influência do ar muito frio do Ártico há semanas. Filomena atingiu latitudes subtropicais e fez com que o ar mais quente e úmido de origem atlântica se movesse do sul sobre a frente quente, elevando-se acima da massa de ar muito fria.

Em consequência, e somados à outros elementos associados à circulação dominante, fizeram com que as principais ameaças se dividissem em duas regiões. O extremo sudoeste da Andaluzia com fortes chuvas e tempestades e as áreas central e oriental com nevascas. Algumas áreas, como a comunidade de Madrid, acordaram neste sábado com mais de 30 centímetros acumulados.

Mas talvez a pior parte seja nos dias após a nevasca. É altamente provável que a cobertura de neve ajude a gerar resfriamento extremo com redução na ordem de -12°C até terça-feira. Assim, o cenário mais possível é aquele que pode gerar uma enorme quantidade de gelo, já que a neve levará muitos dias para se liquefazer. Isso pode causar uma interrupção significativa na rede viária e na mobilidade em geral.

Milhares de carros presos nas estradas

A imagem deixada pela grande nevasca gerada por Filomena é no mínimo preocupante. De acordo com o jornal El País, na manhã de sábado, o exército teve que resgatar cerca de 1000 carros das estradas de Madrid e ainda existem centenas. Atualmente, 430 estradas da rede principal e mais de 50 da secundária permanecem bloqueadas por fortes nevascas.

O aeroporto internacional de Barajas, em Madrid, fechou toda a operação e ontem, sexta-feira, vários voos tiveram de ser desviados. Renfe, o serviço ferroviário, está paralisado, e o sistema de ônibus da cidade segue na mesma situação. É virtualmente impossível circular pela cidade.

Alguns motoristas tiveram que permanecer em seus carros por mais de 12 horas com sensação térmica abaixo de 7 graus negativos. Viajar alguns quilômetros tem sido uma odisséia para muitas pessoas que na noite de sexta-feira tentaram voltar para suas casas. Em conclusão, Filomena desmorona em grande parte da Espanha com 10 províncias em alerta vermelho e com Madrid, a capital, totalmente paralisada.