Impressionante tempestade de areia no interior de São Paulo

Cidades do interior paulista ficaram às escuras e com a qualidade do ar prejudicada na tarde da última quinta-feira (13), quando uma tempestade de areia passou pela região. Mas são comuns tempestade de areia no Brasil? Descubra agora os ingredientes responsáveis por formar esse fenômeno.

Baixa qualidade do ar e de visibilidade numa tempestade de areia.
Típica condição meteorológica durante uma tempestade de areia.

Cidades do centro-oeste paulista foram surpreendidas no início da tarde da última quinta-feira (13) por uma tempestade de areia. Em Palmital, na fronteira com o Paraná, a visibilidade e a qualidade do ar ficaram bastante prejudicadas.

A ventania com poeira precedeu a chuva na cidade de Palmital. O vento chegou a derrubar uma torre de telefonia sobre uma residência, mas sem vítimas. Os municípios de Tarumã, Campos Novos Paulistas, Gália e Cândido Mota também registraram o fenômeno, assim como a região de Sorocaba.

Grandes tempestades de areia são comuns em regiões desérticas como no deserto do Saara, da Austrália, do sudoeste dos Estados Unidos, etc. No Brasil o fenômeno ocorre com menor frequência e intensidade, sendo favorecido no período de inverno em regiões que passam muito tempo sem receber chuva.

Os principais ingredientes para uma tempestade de areia são o vento e uma superfície arenosa e seca. Mas não basta ser qualquer vento, é necessário ventos fortes. Existem pelo menos dois tipos de ventos associados a uma tempestade de areia, são eles: vento sinótico e o vento de mesoescala.

No Saara, por exemplo, as tempestades de areia se formam quando ventos intensos sopram acima da superfície do deserto a partir de um gradiente de pressão atmosférica. Esse seria o vento sinótico, um vento de grande escala que sopra sobre vastas áreas.

No entanto, quando partimos para uma análise de escala menor identificamos outros processos atmosféricos que podem configurar ventos fortes em superfície, como o desenvolvimento de uma trovoada. Um cumulonimbus gera fortes correntes de ar descendentes que alcançam a superfície e se espalham horizontalmente, criando frentes de rajada que disparam tempestades de areia nas regiões desérticas (comum no sudoeste dos EUA).

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Independente se o vento intenso é proporcionado por uma forte trovoada ou pela diferença da pressão atmosférica numa área maior, o resultado será o mesmo - a forte turbulência do ar colocará em suspensão as partículas de areia e poeira – e produzirá uma tempestade de areia.

O que motivou a tempestade de areia na região de Palmital?

Estamos nos aproximando do fim do inverno, época em que a vegetação e o solo está muito seco na maior parte do interior do Brasil, incluindo o estado de São Paulo. Temos então o primeiro ingrediente: superfície seca.

Na quinta-feira (13) um sistema frontal estava sobre a Região Sul, mas áreas de chuvas fortes associadas se deslocavam pelo norte do Paraná ao longo da fronteira com o estado de São Paulo. A frente de rajada desta zona convectiva alcançou as cidades paulistas, produzindo ventos fortes e, portanto, o segundo ingrediente.

Em Palmital não há estação meteorológica, mas em Ourinhos, cidade próxima, a estação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou uma mudança nas variáveis meteorológicas durante a passagem da frente de rajada. Observe que a temperatura cai 11,2°C entre às 16 UTC e 17 UTC, mesmo período que a umidade relativa e a pressão atmosférica aumentam. Note também que a rajada de vento atingiu 16 km/h (quase 60 km/h) às 17 UTC.