Forte tempestade de areia da África é vista no Atlântico

Na última quarta-feira (dia 25), a NASA divulgou imagens de satélite que registraram uma forte e extensa pluma de poeira deixando o continente africano em direção ao oceano Atlântico. O fenômeno se chama tempestade de areia (ou dust storm em inglês).

Registro de tempestade de areia na África no último dia 25 de setembro (Fonte: NASA)

Tempestade de areia (dust storm) é um fenômeno meteorológico comum em regiões áridas e semi-áridas. Em geral, se formam quando ventos fortes sopram em vastas áreas ao longo da superfície terrestre, estes ventos podem ter diferentes causas.

Uma situação típica capaz de formar uma tempestade de areia, é a propagação de uma frente de rajada sobre o deserto. Isso se dá quando uma trovoada se desenvolve em regiões desérticas. As correntes descendentes frias da tempestade se espalham horizontalmente ao chegarem na superfície. O limite do ar frio que desceu da nuvem e que levanta o ar quente à sua frente é denominado frente de rajada.

A forte turbulência que ocorre na região da frente de rajada coloca em suspensão a poeira do solo. Deste modo, a enorme nuvem de poeira passa a se propagar a jusante da frente de rajada, provocando impactos ao atingir regiões povoadas. No entanto, no caso ocorrido esta semana, a tempestade de areia não foi formada por uma trovoada, mas sim por ventos fortes de grande escala que sopravam próximos da superfície. As tempestades de areia são frequentemente observadas nos desertos do Oriente Médio, norte da África, América do Norte, Austrália etc. Só que na última quarta-feira (dia 25), a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) divulgou uma imagem de satélite que capturou tempestades de areia entre a Namibia e a África do Sul.

“Pessoas em cidades costeiras ao longo da costa oeste da África Austral assistiram o céu ficar vermelho em 25 de setembro de 2019. O vento forte levantava e carregava enormes nuvens de areia e poeira para o oeste, em direção ao oceano Atlântico” publicou o site Earth Observatory, da NASA. As densas plumas foram observadas por volta das 12h30 UTC, 09h30 no horário de Brasília. “O evento cobriu uma ampla área ao norte e ao sul do rio Orange, que faz parte da fronteira entre a Namíbia e a África do Sul”, acrescentou o site. De acordo com o Serviço Meteorológico da África do Sul, os ventos levantaram partículas suficientes para tornar a visibilidade de moderada a fraca, prejudicando a operação dos aeroportos da região.

Explicação para o fenômeno

No dia 25 de setembro, um poderoso mergulho da corrente de jato a sudoeste da África do Sul instalou um forte sistema de alta pressão imediatamente ao sul deste país. A circulação do anticiclone manteve fortes ventos orientais ao longo do continente em direção ao oceano Atlântico. Contudo, a medida que o vento oriental desceu as terras altas do interior do Kalahari rumo ao litoral, o aquecimento do ar devido a compressão adiabática gerou uma baixa alongada (cavado) na costa africana.

Este campo de pressão em superfície foi importante para acelerar o vento próximo do litoral, potencializando os processos de turbulência próximo da superfície e a suspensão de poeira do ar. Tais fatores contribuíram na formação das densas plumas de poeira que foram observadas se movendo do continente africano para o oceano Atlântico.