Sul da África vive uma das piores secas do século

Os países do sul da África estão sofrendo as consequências de uma seca que parece interminável! A falta de chuvas chegou a secar uma das sete maravilhas naturais do mundo, as Cataratas de Vitória, criando um cenário desolador.

Seca na África
Alguns países do sul do continente africano estão vivenciando uma severa e prolongada seca que tem ameaçado tanto a vida humana quanto animal. Foto: Reuters.

Algumas regiões do sul da África têm sofrido com uma intensa seca que persiste desde outubro de 2018. Esse longo período de estiagem fez com que uma das mais espetaculares quedas d’água do mundo, as Cataratas de Vitória (em inglês, Victoria Falls), secasse quase completamente!

As Cataratas de Vitória, situada na fronteira entre Zimbábue e Zâmbia, é uma das sete maravilhas naturais do mundo e é uma das mais famosas atrações turísticas de todo o continente africano. Porém, após vários meses com chuvas muito abaixo da média, essa maravilha natural perdeu seu encanto se transformando de um grande conjunto de cascatas para uma única queda de água, uma pequena fração de sua antiga grandeza.

Fotos tiradas em janeiro e dezembro desse ano evidenciam a situação contrastante da situação das cataratas antes e depois da estiagem. Em janeiro o volume de água era abundante e a vegetação entorno ainda era verde, em dezembro os paredões rochosos por onde caia a água estão expostos e a vegetação passou a ter uma coloração marrom amarelada. O nível de água é o menor registrado em 25 anos e o fluxo médio nas quedas caiu quase 50% nesse ano.

O nível de águas possui uma variação natural ao longo do ano, registrando um menor volume durante o período seco, entre abril e setembro, e voltando a aumentar no início do período chuvoso, que ocorre entre outubro e novembro e atinge um máximo entre dezembro e fevereiro. Porém, nesse ano houve um declínio sem precedentes do volume de água e a chuva ainda não chegou.

Essa longa estiagem no sul do continente africano começou no final de outubro de 2018, com o desenvolvimento do El Niño no Oceano Pacífico. O El Niño foi responsável pelo déficit de chuvas na última estação chuvosa. Quando o fenômeno perdeu forças em meados desse ano, a região já estava em seu período seco, dessa forma a falta de chuvas não pode ser compensada e a seca continuou a se agravar. O retorno das chuvas era esperado no início dessa primavera austral, porém isso não ocorreu, o que agravou ainda mais a situação.

Além da seca prejudicar o turismo na região, estima-se que milhões de pessoas na Zâmbia e Zimbábue correm o risco de passar fome e necessitem de assistência alimentar, pois a seca atinge suas plantações e gado. A represa de Kariba, o maior reservatório do mundo, localizado a montante das cataratas, reduziu-se a um quarto de sua capacidade original. Já ocorrem cortes diários de energia na Zâmbia e no Zimbábue e o Ministro das Finanças do Zimbábue, Mthuli Ncube, declarou: "Estamos perigosamente perto de um nível em que precisamos cortar a geração de energia".

De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), da ONU, 45 milhões de pessoas estarão numa grave situação de segurança alimentar até março de 2020 no sul da África por causa da pior seca dos últimos 35 anos. Um milhão e meio já estão em situação grave em 9 países: Angola, Suazilândia, Lesoto, Madagascar, Malauí, Namíbia, Moçambique, Zâmbia e Zimbábue. A seca também está a afetando a vida selvagem, nos últimos meses mais de 200 elefantes morreram nas zonas de conservação do Zimbábue, devido à falta de água e comida. Agora existem planos para a relocação de centenas de elefantes e dezenas de leões para outras regiões de proteção para salvá-los da seca.