São nove crateras iguais as da Lua no Brasil, saiba onde

Por que a Terra não é tão cheia de crateras em sua superfície como a Lua? Elas existem, mas nem sempre são visíveis. No Brasil existem nove crateras, saiba onde estão.

Arizona
A Cratera de Barringer, também conhecida como Cratera do Meteoro, está localizada perto de Winslow, no Arizona, Estados Unidos.

Você já parou para pensar em por que a Terra não é cheia de crateras assim como a Lua? Ou melhor, a superfície terrestre tem sim essas grandes marcas, mas nem sempre são visíveis. No Brasil, por exemplo, um dos maiores países continentais, existem nove crateras. Continue lendo e saiba onde estão.

A superfície da Lua é coberta por enormes crateras e, uma das primeiras pessoas a perceber isso foi Galileu Galilei em 1609. O curioso é que acreditava-se que os buracos tinham origem vulcânica, porém, com o avanço da exploração espacial e a chegada do homem à Lua no final da década de 1960, foi comprovado que as crateras eram na verdade, decorrentes de impactos de asteroides e meteoritos.

A seguir apresentamos as informações coletadas da matéria publicada "Por que a Terra não é cheia de crateras, como a Lua?" na Super Interessante produzida pelo Grupo de trabalho de meteoritos da Sociedade Brasileira de Geologia, na qual encontram-se mais informações.

Por que não vemos crateras com tanta frequência na Terra?

Sim, crateras de diversos tamanhos existem na superfície terrestre e foram formadas pelos mesmos motivos que na Lua, mas por que então, não as vemos com tanta frequência?

São três explicações para essa que parece ser uma ausência de crateras pela superfície da Terra

A primeira é que a Terra possui uma atmosfera densa que serve como um escudo protetor, ou seja, contrário da maioria dos corpos do Sistema Solar. Essa atmosfera densa faz com que muitos meteoritos percam massa graças ao atrito e, com isso, nem chegam a atingir a superfície.

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Cones de estilhaçamento e feições planares de deformação (PDF) em rochas do Domo de Araguainha Alvaro Penteado Crósta/Divulgação.

Em segundo lugar sabe-se que a Terra, também se distinguindo de outros corpos sólidos, possui processos geológicos bastante ativos e dinâmicos, que resultam em "apagar" as marcas registradas de impactos na superfície.

Por último, 70% da superfície da Terra é coberta por oceanos e mares, que não preservam esse registro de crateras por um longo período. A cada 200 milhões de anos, todo o fundo oceânico é reciclado pelo natural movimento das placas tectônicas.

Conheça as crateras registradas na Terra

É relativamente recente a descoberta de crateras de impactos terrestres, principalmente as menores, isso porque com o passar do tempo elas tendem a sofrer erosão, serem soterradas ou totalmente destruídas devido à reciclagem da crosta pela movimentação das placas tectônicas, assim como no fundo do mar mencionado acima.

A maioria das chamadas "estruturas de impacto meteorítico" registradas na Terra estão em estágios avançados de erosão. Sabe-se que existem cerca de 200 crateras em nosso planeta, e que variam entre poucos metros até centenas de quilômetros de diâmetro.

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Círculos amarelos representam crateras comprovadas, devido às evidências de deformação diagnóstica por impacto, enquanto círculos em vermelho apontam possíveis crateras, em fase de estudo Gottwald et al./Reprodução

Em 15 de setembro de 2007, o impacto de um meteorito com a Terra chamou a atenção dos cientistas. O caso foi registrado no Peru, perto de uma vila chamada Carancas, perto da fronteira com a Bolívia.

Nos registros, o meteorito era pequeno, tinha apenas três metros de diâmetro, ou seja, sem velocidade e energia suficiente para formar uma cratera, mas ainda assim, conseguir formar um buraco com 14 metros de diâmetro e seis metros de profundidade. Inclusive, fragmentos do meteorito e de rochas atingiram casas e animais da vila, mas nenhuma pessoa se feriu no episódio raro.

Se tratando da América do Sul, a maioria das crateras de impacto, estão aqui no Brasil, em que nove estruturas desse tipo já foram comprovadas. Enquanto isso, outras duas aguardam por mais evidências científicas para tal confirmação.

Onde estão as crateras no Brasil

A maior, mais antiga e também mais preservada das crateras no Brasil é chamada Domo de Araguainha, localizada na divisa entre Mato Grosso e Goiás. Apesar de já ter sofrido erosão, a estrutura de impacto possui 40 quilômetros de diâmetro e ocupa uma área de 1300 quilômetros quadrados, o que equivale ao dobro da cidade de São Paulo.

No Sul, existem 3 crateras de porte médio: Cerro do Jarau no Rio Grande do Sul com 13,5 quilômetros, Domo de Vargeão em Santa Catarina com 12,4 quilômetros e Vista Alegre no Paraná com 9,5 quilômetros de diâmetro.

As outras cinco crateras brasileiras estão no Nordeste, sendo que a maior delas, com 13,4 quilômetros de diâmetro, chamada Serra da Cangalha, fica na divisa entre Tocantins e Maranhão.

As duas estruturas que ainda não são crateras confirmadas, estão no estado de São Paulo: a de Colônia localizada no distrito de Parelheiros, na capital do estado, e a de Praia Grande situada no fundo do Oceano Atlântico.