Porongaço dos Povos da Floresta iluminará Belém durante a COP30

No dia 13 de novembro de 2025, mais de mil lideranças extrativistas, indígenas, quilombolas e ribeirinhas marcharão em Belém com porongas acesas, reafirmando a resistência e o protagonismo dos povos da floresta.

Ângela Mendes, filha de Chico Mendes, participa do Porongaço dos Povos da Floresta durante a COP30, em Belém. Com a poronga na cabeça, símbolo de resistência e esperança, ela representa a continuidade da luta pela floresta viva e pelos direitos dos povos
Ângela Mendes, filha de Chico Mendes, participa de Porongaço. Com a poronga na cabeça, ela representa a continuidade da luta pela floresta e pelos direitos dos povos tradicionais. Crédito: Divulgação CNS

Belém se prepara para receber um dos momentos mais simbólicos da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). No dia 13 de novembro de 2025, a capital paraense será palco do Porongaço dos Povos da Floresta, uma marcha de luz, fé e resistência que reunirá mais de mil lideranças extrativistas, indígenas, quilombolas e ribeirinhas vindas de todos os biomas do Brasil.

O ato é organizado pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e pelo Comitê Chico Mendes, e terá início às 17h, no Santuário de Fátima. De lá, os participantes seguirão em caminhada pacífica até o Centro de Convenções e Feiras da Amazônia – Hangar, onde ocorrem atividades oficiais da conferência climática.

O nome “Porongaço” vem da poronga, lamparina usada por seringueiros para iluminar os caminhos na floresta durante a noite. Agora, o objeto se transforma em símbolo da esperança e da resistência coletiva, inspirado nos empates liderados por Chico Mendes nos anos 1970 e 1980. A mensagem central do ato é clara: “a floresta está viva porque seus povos estão de pé.”

Marcha simbólica pela justiça climática

Durante o percurso, os participantes carregarão porongas acesas, entoando cantos, poesias e rezas que unem espiritualidade, arte e política. A luz das lamparinas simboliza o compromisso coletivo com a defesa da vida e da justiça climática. “Iluminamos com nossas porongas o caminho da humanidade, para que ela não se perca da floresta”, resume a mensagem do movimento.

O Porongaço também celebra os 40 anos do CNS, fundado para defender os direitos e os modos de vida das populações extrativistas. O ato busca reafirmar que não há solução para a crise climática sem justiça social, territorial e ambiental.

Além do Porongaço, o CNS se mobiliza para levar mais de mil extrativistas à COP30, garantindo que suas vozes sejam ouvidas nos espaços de decisão global. “A COP30 será um marco para o mundo, e as populações extrativistas precisam estar lá — não como espectadores, mas como protagonistas de um modelo que já deu certo”, afirma Letícia Moraes, vice-presidente do CNS.

Espaço Chico Mendes: cultura e resistência

De 7 a 21 de novembro, as ações do CNS se concentrarão no Espaço Chico Mendes e Fundação Banco do Brasil na COP30, localizado no Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém. O local reunirá exposições, debates, apresentações culturais e uma feira de produtos da sociobiodiversidade, com apoio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

Entre os destaques estão as mostras “Chico Mendes, Herói do Brasil” e “Memoráveis Margaridas”, que resgatam a memória de lideranças históricas da floresta. A programação inclui ainda o Encontro das Juventudes e o Encontro Nacional das Mulheres Extrativistas, abordando temas como educação, financiamento climático e valorização dos saberes tradicionais.

“A voz da floresta se levanta na COP30. Levamos séculos de resistência e a certeza de que não existe transição climática sem justiça social e protagonismo dos povos da floresta”, conclui Moraes.

Referências da notícia

Casa NINJA Amazônia. Povos da Floresta convocam Porongaço, ato político e espiritual que iluminará a COP30 em Belém. 2025

CNS. Em defesa dos territórios tradicionais de todo Brasil, CNS leva mil vozes extrativistas à COP30. 2025