Ondas de calor estão mais duradouras desde a década de 1950
Um estudo publicado recentemente na renomada revista Nature mostra que as ondas de calor estão mais intensas, frequentes e duradouras. Partes do Brasil estão dentro desses resultados encontrados pelos autores. Veja agora o resumo do que eles encontraram com essa pesquisa.

As ondas de calor estão ficando cada vez mais intensas, frequentes e duradouras em várias regiões do mundo desde a década de 1950, segundo um estudo recente.
A pesquisa foi publicada na renomada revista Nature Communications no dia 3 de julho, pouco após o Círculo Polar Ártico registrar incríveis 38°C em uma onda de calor que persistiu em boa parte de junho na Sibéria.
Os autores estudaram o problema a nível regional e verificaram que as ondas de calor variam em todo o planeta. No Brasil, o destaque principal é a Amazônia e o Nordeste como locais do país que estão experimentando mudanças de aquecimento mais rápidas. Contudo, outras partes do mundo como o oeste asiático e o Mediterrâneo também estão registrando tendências crescentes no número total de dias de ondas de calor.
Um estudo recente concluiu que as ondas de calor estão se intensificando desde 1950. Para os resultados do banco de dados "Berkeley Earth", parte do Norte e Nordeste do Brasil estão em destaque no contexto de aquecimento observado.https://t.co/fdofp4ptsO pic.twitter.com/wKcrvpgLQT
— Bruno César Capucin (@BrunoCapucin) July 12, 2020
Para Sarah Perkins-Kirkpatrick, do Centro de Excelência para Extremos Climáticos do Conselho de Pesquisa da Austrália e autora principal do estudo, os resultados obtidos são consistentes com o que os cientistas climáticos já haviam previsto há muito tempo, isto é, que o aumento da frequência das ondas de calor seria um sinal de aquecimento global e que os formuladores de políticas públicas deveriam desenvolver medidas mitigadoras para redução dos impactos das mudanças climáticas. “O tempo para a inação acabou”, disse Perkins-Kirkpatrick.
Outro ponto abordado no trabalho foi o calor acumulativo, que basicamente avaliou o quanto de calor adicional havia para um evento individual de onda de calor além do limiar tradicional que caracteriza o fenômeno. Como resultados, verificou-se que a intensidade e a quantidade de calor acumulado aumentaram em todo o planeta, apresentando um aumento médio por década de 1°C a 4,5°C. Mas em algumas regiões do mundo como no Oriente Médio e partes da América do Sul e África, o aumento por década está próximo de 10°C.
Ao longo dos últimos anos, várias partes do mundo estão experimentando padrões climáticos extremos como ondas de calor. Temperaturas altas se tornam prejudiciais à saúde humana, podendo gerar mortes. Entretanto, os problemas ainda vão muito além. Períodos de forte aquecimento são prejudiciais à agricultura e ainda contribuem para os incêndios florestais que ameaçam a fauna, flora e os povoados arredores. Grandes quantidades de CO2 são injetados na atmosfera com a queima de florestas, o que potencializa o efeito estufa.
A onda de calor do verão de 2003 na Europa teve temperaturas muito acima da média principalmente na França, onde quase 15 mil pessoas morreram em decorrência do forte aquecimento. pic.twitter.com/PzHRbl9zRV
— Bruno César Capucin (@BrunoCapucin) July 12, 2020
No verão de 2003, a onda de calor excepcional que atingiu a Europa matou cerca de 70 mil pessoas e deixou um prejuízo econômico de 13,1 bilhões de euros em danos à agricultura e florestas. Pouco depois, em 2009, a Austrália registrou a pior temporada de ondas de calor no verão, com 374 mortes e mais 173 em decorrência de incêndios em dias posteriores.