Ondas de calor estão mais duradouras desde a década de 1950

Um estudo publicado recentemente na renomada revista Nature mostra que as ondas de calor estão mais intensas, frequentes e duradouras. Partes do Brasil estão dentro desses resultados encontrados pelos autores. Veja agora o resumo do que eles encontraram com essa pesquisa.

Ondas de calor estão cada vez mais frequentes e duradouras no mundo todo.

As ondas de calor estão ficando cada vez mais intensas, frequentes e duradouras em várias regiões do mundo desde a década de 1950, segundo um estudo recente.

A pesquisa foi publicada na renomada revista Nature Communications no dia 3 de julho, pouco após o Círculo Polar Ártico registrar incríveis 38°C em uma onda de calor que persistiu em boa parte de junho na Sibéria.

Os autores estudaram o problema a nível regional e verificaram que as ondas de calor variam em todo o planeta. No Brasil, o destaque principal é a Amazônia e o Nordeste como locais do país que estão experimentando mudanças de aquecimento mais rápidas. Contudo, outras partes do mundo como o oeste asiático e o Mediterrâneo também estão registrando tendências crescentes no número total de dias de ondas de calor.

Para Sarah Perkins-Kirkpatrick, do Centro de Excelência para Extremos Climáticos do Conselho de Pesquisa da Austrália e autora principal do estudo, os resultados obtidos são consistentes com o que os cientistas climáticos já haviam previsto há muito tempo, isto é, que o aumento da frequência das ondas de calor seria um sinal de aquecimento global e que os formuladores de políticas públicas deveriam desenvolver medidas mitigadoras para redução dos impactos das mudanças climáticas. “O tempo para a inação acabou”, disse Perkins-Kirkpatrick.

Outro ponto abordado no trabalho foi o calor acumulativo, que basicamente avaliou o quanto de calor adicional havia para um evento individual de onda de calor além do limiar tradicional que caracteriza o fenômeno. Como resultados, verificou-se que a intensidade e a quantidade de calor acumulado aumentaram em todo o planeta, apresentando um aumento médio por década de 1°C a 4,5°C. Mas em algumas regiões do mundo como no Oriente Médio e partes da América do Sul e África, o aumento por década está próximo de 10°C.

Ao longo dos últimos anos, várias partes do mundo estão experimentando padrões climáticos extremos como ondas de calor. Temperaturas altas se tornam prejudiciais à saúde humana, podendo gerar mortes. Entretanto, os problemas ainda vão muito além. Períodos de forte aquecimento são prejudiciais à agricultura e ainda contribuem para os incêndios florestais que ameaçam a fauna, flora e os povoados arredores. Grandes quantidades de CO2 são injetados na atmosfera com a queima de florestas, o que potencializa o efeito estufa.

No verão de 2003, a onda de calor excepcional que atingiu a Europa matou cerca de 70 mil pessoas e deixou um prejuízo econômico de 13,1 bilhões de euros em danos à agricultura e florestas. Pouco depois, em 2009, a Austrália registrou a pior temporada de ondas de calor no verão, com 374 mortes e mais 173 em decorrência de incêndios em dias posteriores.