2025 no pódio do calor global: o recado do Copernicus que chega na comida
Boletins do Copernicus e da WMO indicam 2025 entre os anos mais quentes. O calor extra aumenta evapotranspiração, noites abafadas e extremos, mudando pragas e janelas no campo, com reflexos em grãos, café, citros e pecuária.

Fim de ano é temporada de balanços, e, em 2025, o “balanço do termômetro” virou assunto de mesa. Boletins internacionais indicam que o ano deve fechar entre os três mais quentes já registrados, mantendo a sequência recente de recordes e quase-recordes.
O recado vem de duas frentes que o público reconhece cada vez mais. De um lado, a Organização Meteorológica Mundial (WMO), que consolida dados globais e aponta 2025 como provável 2º ou 3º ano mais quente, atrás de 2024.

De outro, o Copernicus Climate Change Service (C3S), o serviço climático da União Europeia, que acompanha mês a mês como o planeta está “rodando” acima do normal.
Por que 2025 entra no top 3 do calor
A WMO resume o quadro de forma objetiva: o planeta segue aquecendo por causa do acúmulo de gases de efeito estufa, e 2025 mantém a série de anos muito quentes, mesmo com a transição para condições mais próximas de neutralidade/La Niña em parte do ano.
O Copernicus ajuda a “visualizar” como isso se manifesta no cotidiano: o boletim mensal do C3S para novembro de 2025 apontou o mês como o terceiro novembro mais quente globalmente, com anomalias marcantes em áreas do Ártico.

Esse tipo de anomalia importa para o agro porque extremos e persistência do calor reorganizam circulação atmosférica, padrões de umidade e a frequência de eventos severos que afetam logística, plantio e colheita.
Calor no campo: o mecanismo é simples, o efeito é grande
O caminho do “calor global” até a lavoura passa por três peças bem intuitivas: mais energia no sistema aumenta a evapotranspiração, acelera a perda de umidade do solo quando falta chuva e eleva a chance de noites quentes, que reduzem o descanso fisiológico de plantas e animais.
Para traduzir em sinais práticos (sem dramatizar), vale observar este “kit de verão mais quente”:
- Solo secando mais rápido após poucos dias sem chuva, mesmo com vegetação aparente “verde”.
- Madrugadas abafadas e orvalho persistente, que favorecem doenças em algumas culturas e estressam animais.
- Pancadas mais intensas e concentradas, com risco de erosão, acamamento e perda de operação no campo.
Nada disso significa que “vai dar ruim” automaticamente. Significa que o custo de errar timing (plantio, aplicação, colheita, manejo de pasto) cresce quando o ambiente fica mais quente e mais variável.
Quatro cadeias na linha de frente: grãos, café, citros e pecuária
Nos grãos, o calor pesa principalmente via água: em períodos de chuva irregular, a demanda atmosférica “puxa” mais umidade e o estresse aparece justamente em fases críticas (florescimento e enchimento).
No café e nos citros, o impacto costuma ser mais “de calendário”: ondas de calor e noites quentes mexem com floração, pegamento e pressão de pragas, e chuvas fora de hora podem aumentar doenças e derrubar qualidade.
Já na pecuária, o ponto é direto: mais calor significa maior risco de estresse térmico, queda de consumo, piora de desempenho e necessidade de manejo (sombra, água, ventilação e ajuste de horários). O “recado” de 2025 no pódio do calor é que o clima deixa de ser pano de fundo e vira variável de custo — e isso repercute no prato, seja por oferta, seja por preço.
Referência da notícia
Copernicus: 2025 on course to be joint-second warmest year, with November third-warmest on record. 9 de dezembro, 2025. Copernicus.