O que você precisa saber sobre a EG.5 e BA.2.86, as novas versões do vírus da COVID-19

Nas últimas semanas, muito tem se falado sobre as novas versões do vírus da COVID-19 que tem circulado no mundo, como a EG.5 e a BA.2.86. Ainda sabemos pouco sobre elas, mas as medidas de proteção seguem críticas para o enfrentamento.

Nas últimas semanas, muito tem se falado sobre as novas versões do vírus da COVID-19 que tem circulado no mundo, como a EG.5 e a BA.2.86

Recentemente, novas versões do vírus da COVID-19 ganharam noticiários e vem preocupando especialistas e pesquisadores no mundo pela possibilidade de um novo aumento de casos.

Essas versões do vírus, também chamadas de linhagens, se diversificaram da variante Ômicron e, atualmente, a EG.5 está classificada como Variante de Interesse (VOI, ou variant of interest), enquanto que a BA.2.86, como Variante em Monitoramento (VUM, ou variant under monitoring) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Sobre a EG.5

A EG.5 é classificada como VOI pela OMS, da mesma forma que a XBB.1.5 e XBB.1.16. As VOI, por meio de suas características, podem ampliar sua presença frente à outras versões do vírus, em paralelo a um possível aumento de casos ao longo do tempo, segundo a OMS.

Uma VOI apresenta alterações no material genético previstas ou conhecidas que afetam as características do vírus como transmissibilidade, virulência, evasão de anticorpos, suscetibilidade à terapêutica e detectabilidade - OMS

Possíveis impactos

A EG.5 é descendente da linhagem XBB.1.9.2, e outras versões dela já circularam no mundo, sem trazer impacto significativo sobre a proteção das vacinas, por exemplo. Chama a atenção algumas alterações em seu material genético que podem fazer o vírus se ligar mais forte à porta de entrada da célula (receptor ACE2) e levar a uma evasão imune parcial, segundo dados de laboratório divulgados, mas sem revisão por pares.

Sintomas para estar atento

Muitos dos sintomas conhecidos da COVID-19 se mantém, como dor de garganta, coriza, nariz entupido, espirros, tosse, dor de cabeça, voz rouca, dores musculares e um olfato alterado. Porém, perda de olfato e febre não são mais os principais sintomas, segundo publicações na mídia.

O que ainda não sabemos

Até o presente momento, não temos indicativos de que a EG.5 alteraria a severidade da doença já conhecida e provocada por outras versões da Ômicron. Ainda, apesar do aumento do número de casos, as taxas de hospitalização seguem baixas no Reino Unido, um dos locais em que tem crescido casos de EG.5, conforme compartilhado por especialistas em suas redes.

Ademais, não há indicativos de que as vacinas atuais (inclusive as versões atualizadas) não seguiriam conferindo proteção contra a doença provocada pela EG.5.

Segundo dados ainda não revisados por pares, vacinas atualizadas induzem uma resposta similar entre a EG.5 e outras versões derivadas de XBB conhecidas.

Sobre a BA.2.86

Diferentemente das VOI, a BA.2.86 é classificada atualmente como uma VUM, pois apesar de termos poucas sequências de seu material genético disponíveis, ela apresenta uma grande diversidade de mutações que podem ter importância na dinâmica do vírus.

Uma VUM pode apresentar alterações genéticas suspeitas de afetar as características do vírus e sinais precoces de vantagem de crescimento em relação a outras variantes circulantes, mas para a qual a evidência de impacto fenotípico ou epidemiológico permanece incerta, exigindo monitoramento - OMS

A BA.2.86 foi identificada na Dinamarca, no final de Julho de 2023, e até o momento, poucas sequências foram obtidas, mas se tem registro de detecções de sua circulação em Israel, Reino Unido e Estados Unidos, por exemplo, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Por conta da subnotificação e baixa testagem, é muito possível que a BA.2.86 esteja circulando em outros locais.

Possíveis impactos

A BA.2.86 apresenta um número significativo de alterações em seu material genético, comparado com outras versões do vírus, especialmente em algumas regiões que codificam a proteína Spike, relevante para o reconhecimento do vírus pelo sistema imunológico, bem como para o vírus infectar células do organismo.

Apesar de necessitar da validação por meio de dados laboratoriais e populacionais, essas alterações poderiam implicar numa evasão da resposta imunológica de forma parcial, trazendo riscos para reinfecções.

Segundo o Centro e Controle e Prevenção de Doenças (CDC) norte-americano, tanto os testes, quanto os tratamentos atuais, inclusive os medicamentos antivirais como Paxlovid, seguem eficazes contra a BA.2.86.

O que ainda não sabemos

Segundo reportagem da Time, a divulgação do CDC menciona que, "até o momento, não há evidências de que essa variante esteja causando doenças mais graves, e a avaliação atual do CDC é que [a] vacina atualizada será eficaz na redução de doenças graves e hospitalizações".

Apenas com testagem e monitoramento, poderemos ter mais dados para afirmar possíveis mudanças na severidade, transmissibilidade e no impacto da BA.2.86 sobre a imunidade pré-existente.

Como se proteger neste momento

  • Reforçar proteções, especialmente se pertencer a grupos de grupo de riscos;
  • Estar atualizado com seu esquema vacinal, pois as vacinas tem se mostrado abrangentes até agora, principalmente contra a doença grave. No Brasil, apenas 15% dos brasileiros aderiram à vacinação com a vacina bivalente da COVID-19;
  • Usar máscaras em situações de risco de exposição;
  • Cuidar com a ventilação dos ambientes, bem como evitar a exposição a locais aglomerados e/ou mal ventilados;
  • Testar no sinal de sintomas gripais, e se positivo, isolar-se e acompanhar os sintomas e, se preciso, buscar auxílio;
  • Sempre optar pela boa higienização das mãos.